quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

"«Isto, de repente, ficou muito confessional...» ou «As Coisas Só Lá Vão de Cesariny Para Cima»! [Eu Hoje Estou Muuito Malcriado, Aviso Já!...]"


Perguntava-me, um dias destes, uma amiga minha, formalmente, pelos vistos, muito... "garrettiana": "Mas, afinal, quem és tu?!"

Ora, eu sei lá quem sou!...

Sou, seguramente, um "loner", um "maverick" [Salvo seja, claro!].

Isso, devo ser!

Pelos sintomas...

Mas 'isto' de ser "loner" tem muito [mas mesmo muito!] que se lhe diga, ham?

É uma coisa assim 'um bocado século XIX', um bocado estroinice [estroinice moral e existencial à Puschkin---mas sem o génio do próprio], um bocado "vou-ali-vou-me-matar", como o Dean---e, depois a gente mata-se [mata-se uma vez, mata-se duas, mata-se uma série de vezes a ver se numa delas percebe exactamente o que está a fazer e por que razão o faz!] mas não acontece nada e a gente volta, de cabeça baixa e encabulado como o caraças, à primeira forma e o mundo quer lá saber---e pronto é uma chatice!

Ná! Ser diferente, é chato!

Para uns, temos forçosamente de ser melhores e, ás vezes, até um "exemplo" para os filhos de alguém.
Assim tipo "estás-a-ver-aquele-tipo»?
Não lê o "Expresso", não sonha ir ao Brasil de uma telenovela qualquer, não vota num Cavaco também qualquer a fingir [e para fingir] que acredita que ele fala sempre que, por exemplo, mexe os lábios, coisas desse género.

Para outros, é-se o pior possível!
Porque não se lê o "Expresso", porque não se sonha ir ao Brasil de uma telenovela porque...
Sei lá porquê! Os tipos arranjam sempre uma razão qualquer para embirrar com um outro tipo que não coma na mangedoura deles!

Estou chateado, pronto!

Estou chateado e decidi ser diferente!

A partir de hoje, em matéria de "conversas" e contactos vou apenas estar "aqui", cozendo a minha chatice, remendando ["passajando", como dizia a minha avó...] a minha frustração [pondo-lhe meias solas a ver se ainda consegue andar mais uns tempinhos sem ir para o lixo] por causa de uma coisa que não digo!

Querem saber de mim?

Venham cá!
Pronto!
Eu não saio mais de casa!

De casa midiática!
Nem jornais, nem televisão, nada!

So isto!
Só "Quisto"!
Só visto!

Fico eu, os meus cães, as minhas zangas, a minha frustração sublimada em inconformismo [sobretudo! Que remédio!...] verbal mais nada!

Não entra mais ninguém---como nos elevadores!

Queres subir!

Vai a pé!

Aqui mando eu!

[Está bem, pronto, as minhas cadelas também mandam um bocadinho mas para aqui não contam porque estão a dormir...]

Portanto, resto eu!

Pois, eu...

Eu a embirrar com as teclas, a escrever coisas azedas contra a p. da vida [mas baixinho que é para ela não ouvir e não me lixar...] a ver se acerto em cheio com a má disposição no sol e apago o sacana que é para ele não se estar a rir lá em cima!...

É!

Hoje estou muito Mendes de Carvalho ou Armando Silva do Mesmo---de Carvalho, quero eu dizer--e isto, para não ser mesmo malcriado e dizer outra coisa que eu sou malcriado mas se me fecham o blogue então é que eu ganho o dia...

Estou muito... o' neilliano, assim tipo frase longa, frase curta, gaivota, recanto de Lisboa, poema---a dissonância aparente a fazer-se ordem no fim e aquilo a ser assim uma espécie de Cesário com um cherinho muito leve de Mário Zambujal, uma coisinha leve mas cheia de "vitaminas textuais"---um "champanhe silábico" ou "sintáctico" [acho que é assim que se escreve...] para beber bem geladinho...

Mas eu apetecia-me mesmo era estar "luiz-pachequiano"...

Com o mau feito com que estou hoje corria tudo a palavrão: "escatolojava-os" a todos---e era já!

Merda para aqui, vão-se f. para ali, vou dar uma queca com a criada para acolá: um arraial de pouca-vergonhice de lamber os beiços a quem gosta de Sade ou Laclos mas com batata cozida e grelos, comido com as mãos, numa baiúca quaquer [de preferência, esconça que era para dar com o tom da minha disposição] dos Anjos ou da Penha de França, esse Montmarte ainda mais rasteiro onde os cães vadios vão fazer chichi e fazer-se apanhar pela carrocinha, nas horas vagas...

E, no fim, ainda fazia com "aquilo" um exercício de estilo de... estalo que se podia comer logo ali, sem ir ao forno...

Ao forno do estilo e das conveniências!

Ao forno dos que dizem "Vossa Excelência" porque nunca aprenderam a dizer "merda" e mesmo que dissessem "merda" soava sempre a "Vossa Excelência"...

Deve ser uma fatalidade lisboeta, acho eu!...

Mas eu [que sou lisboeta por nascimento e vocação---isso ainda não perdi: "a liboicidade" com que nasci]; eu que sou lisboeta, dizia, quando digo V. Excelência [em especial, em dias como o de hoje em que estou pior que estragado por uma coisa que não me arrancam nem que me esfolem!] acrescento sempre baixinho: "Vossa Excelência... uma porra!"].

E é assim que se deve ser, penso eu: a gente não pode deixar que façam de nós um Sousa Tavares ou uma Rebelo Pito [Não! Não é gralha! Eu escrevi mesmo "pito" mas sou suficientemente cavalheiro para fingir publicamente que me enganei] quaisquer.

Isto só lá vai de Pacheco ou Cesariny para cima!

Digo-vos eu que sou [salvo seja ou omissão] um "maverick"...
E, agora vou ali tomar uma bica ao Gaspar que já desabafei!...
[Ah! A imagem---como o mau feitio...---também é minha. Chama-se "Uma-coisa-qualquer-que-queiram-chamar-lhe" que eu nem pachorra tenho para ir ver como lhe chamei quando a fiz.
"Criancinha A Escrever A Palavra 'Paz' Em Inglês No Céu" ou coisa assim...
Título?
Isso é qu' era bom?
Dou o texto e ainda tenho de dar o título, não?
Isso é qu' era bom!...]

2 comentários:

Ana disse...

Espero que haja muita gente a perguntar-te :"Mas, afinal, quem és tu?".

O texto de hoje, deu-me vontade de ler mais sobre ti. Quando estás chateado, escreves ainda melhor!
E , claro, que te viremos ler, agora que conhecemos o teu mau feitio :-) !
Um beijinho, Carlos, e desculpa lá, mas hoje apeteceu-me tratar-te por tu.

Carlos Machado Acabado disse...

Oh! Ana! "Apanhaste-me"!...
Não há direito!...
Eu aqui a resmungar com tudo o que mexia, a pensar que ninguém estava a ouvir e, afinal...
Pois é!
Às vezes, as coisas desandam um bocado e a gente que já está à tabela com a vida [já andamos "nisto" há uns anos, não é?...] a gente vai-se a elas e zás! Aplica-lhes a 'receita do Pacheco' que é como quem diz: faz um escrito qualquer com elas e pronto!
A Vida implica connosco?
Toma lá texto!
É uma maneira de exorcizar os fantasmas, as núvens, as sombras toda essa tralha horrível de "pedras-no-sapato" que o raio da vida, volta-não-volta, se lembra de nos mandar pôr "à soleira" da "porta dos modos", dos "moods", como dizem os nossos primos ingleses [que, vai-se a ver, são quase seres humanos, como nós...]
Pôr-se à janela do texto!
Vir berrar para a rua do quarto andar de uma coisa qualquer escrita com fel...
Também costumas fazer coisas assim quando a vida te corre ao contrário?...
Se não, tens de experimentar...
Claro que não me importo nada que me trates por "tu"!...
Não há assim tantos amigos a tratarem-se por "você", tirando a malta de Cascais et al...
Agora a sério: obrigado por teres vindo, ham?
A gente gosta de fingir que acredita que ninguém nos ouve quando estamos danados e nos pomos a resmungar mas, claro, toda a gente sabe que com os Amigos por perto, a "coisa" tem outro sabor...
E eu, a partir de agora, se deixares, passo a contar-te entre os meus Amigos, pode ser?...
Um beijinho também para ti e não te esqueças da promessa que fizeste de "voltar", ham?...

Carlos

[Quanto à tal pergunta, contunua por responder]