Albert Camus recordado no aniversário do seu desaparecimento.
Foi, com Sartre e a "sua" insondável Beauvoir um dos nomes incontornáveis do que me permito chamar o "existencialismo pop" onde deixou a sua marca definitiva, não tanto com o seu teatro , que inegavelmente envelheceu, de forma considerável, desde que foi originalmente criado---integrado, como estava, numa dramaturgia "de tese" constituindo quase uma espécie de "pedagogia" ou de "ilustração prática pelo drama" de um universo que era, na origem, essencialmente conceptual, teórico, filosófico, cosmovisional [vindo de uma raiz husserliana e heideggeriana original directamente para a literatura] mas, sobretudo, com dois romances que marcaram, esses sim, inquestionavelmente e de forma, como disse, definitiva, a Literatura e, de um modo mais lato, a Cultura do nosso tempo: "L' Étranger" e "La Peste".
Para além da sua qualidade literária intrínseca, qualquer deles antecipa muita da Literatura que se lhe seguiu, designadamente o chamado "roman du regard" [Alain Robbe-Grillet, Nathalie Sarraute, Michel Butor, Le Clézio ou Marguerite Duras, os "fenomenologistas" e "práticos do relativismo cognicional", defensores da "impenetrabilidade ôntica última---ou 'ultimativa' ["ultimate"]---do real" e, consequentemente, do relativismo estrutural do conhecimento humano.
Robbe-Grillet, sobretudo, com obras como "Les Gommes" ou "L' Année Dernière A Marienbad" [adaptado por Resnais ao cinema numa obra que é um verdadeiro "tour de force" narrativo com Sacha Pitoëff e Delphyne Seyrig] deu continuidade a uma visão profundamente céptica da possibilidade humana de ir, em termos de conhecimento, para além da camada superior ou epidérmica do real que, de algum modo, já está em "L' Étranger" [também adaptado ao cinema em 1967 por Visconti] de facto, em qualquer das veersões, livro e filme, um dos marcos, como disse, da Cultura ocidental moderna.
Nascido na Argélia faleceu em 1960 de acidente rodoviário.
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