
Falo, especificamente, de Kafka, Chaplin e Alfred Hitchcock.
Em todos eles sempre me pareceu, ciom efeito, de um modo ou de outro, admissível a existência de dois aspectos chamemos-lhes: "témicos", comuns a todos eles:
a) uma mais ou menos clara reserva [senão mesmo medo] relativamente à figura tópica da Mulher e
b) uma pulsão auto-punitiva latente mas também demonstravelmente persistente [um estado de possível e, sobretudo, estável crise de auto-estima] habilmente sublimadas e secundariamente recodificadas, uma e outra, sob a forma "simbólica" [formalmente para-neurótica?] de 'trama ficcional'.
Em Kafka, este último aspecto é muito claro.
A sua auto-redução simbológica a "insecto" em "Die Verwandlung"/"A Metamorfose" consitui um exemplo clássico e bem, conhecido.
Mas também "Das Urteil"/"O Processo", o propósito de castigar o 'herói' através da sua colocação numa espécie de "combóio fantasma" formalmente judicial ou judiciário---uma ideia muito comum, aliás, no Cinema de Hitchcock onde esse mesmo projecto se transforma, em meu entender, mesmo numa reconhecível 'constante témica' ou "topo"---me parece perfeitamente identificável por baixo da construção ficcional enquanto "anedota" e/ou até enquanto "apólogo político" que secundariamente também é, geralmente, admitido que possa constituir.
No que se refere à Mulher, há claramente uma linha contínua ligando Hitchcock e Chaplin---uma linha que não deixa, de resto, de passar, de igual modo, por Kafka e, de um modo muito evidente, por Maugham: pelo Maugham de "Of Human Bondage", seguramente.
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