domingo, 3 de janeiro de 2010

"A Fuga de Peniche"


Celebram-se hoje [celebro-os eu, seguramente, que o resto da república "tem mais que fazer"...] 50 anos sobre a célebre fuga da prisão de Peniche, levada a cabo, entre outros, por Álvaro Cunhal.

Trata-se de um episódio heróico, na acepção literal da expressão, que pôs surpreendentemente em cheque o brutal aparelho repressivo da ditadura [para quem o Partido liderado por Cunhal era ainda apenas "o chamado Partido Comunista Português"...] e permitiu evidenciar as existência de falhas graves a que o mesmo não estava, afinal,a imune, algo que [mau grado a barreira de silêncio de que o "regime" naturalmente tentou rodear o seu próprio fracasso---agravado ainda pela defecção de um dos seus próprios guardas cuja acção seria fulcral para o sucesso da fuga e a ela, aliás, se juntaria também evadindo-se também] estava longe de ser despiciendo numa sociedade onde a repressão começava na própria cabeça de cada um alimentando-se aí, de forma perversa e habilmente encorajada pelo próprio "regime" a sugestão [ou a ficção ] da inviolabilidade do mesmo.



Nesta 'entrada' do "Quisto" comemora-se o facto e recorda-se, de um modo muito especial e muito sentido, a figura única de Álvaro Cunhal, uma das poucas figuras realmente brilhantes e, sob muitos aspectos, decisivas do breve período de empolgante "laboratório cívico, social e político" que foi o curto período que medeia entre 25 de Abril de '74 e 25 de Novembro de '75, aquele em que o "cadinho revolucionário" [com todas as suas fragilidades e hesitações---que haveriam de conduzir, de resto, a prazo, ao seu própruio suicídio---mas também com todo o nobre capital de generosidade e entusiasmo cívico e político que o marcou esteve activo.


[Na imagem: desenhos de Álvaro Cunhal, "No forte de Peniche" e "Fuga de Peniche"]

2 comentários:

Rui Magalhães disse...

Uma efeméride que não deverá nunca ser esquecida.

Carlos Machado Acabado disse...

...mas [quase] foi...