Começo o ano---e celebro, de passo, o dia mundia da... "chamada" Paz---com uma colagem alusiva àquela que, no nosso "caso" nacional, envolveu uma guerra absurda [havê-las-á que não o sejam?...---] e memórias que, ainda hoje é possível dizer que, individual e colectivamente, nos perseguem---e impedem inclusive muitos de nós de olhar-se a si mesmos como sociedade nesse imenso [e revelador!] espelho que é a História...
Chamei-lhe significativa [e, sobretudo, significadamente] "Dominus Nobiscum".
Sempre me pareceu, com efeito, atrevida e francamente impertinente a característica invocação eclesial que o meu título, com amarga ironia, evoca e que coloca, de forma tácita, quem a profere numa espécie de "não-lugar" ou de "sobre-lugar electivo e particular da [ir] realidade" na medida em que o coloca, também, automaticamente fora de uma espécie de 'círculo material' demasiado concreto e na prática genericamente significado de pecado---que ele considera, desse modo, implicitamente, abranger apenas os outros.
"Dominus vobiscum", diz ele, com efeito, como se dissesse: "O Senhor seja convosco que comigo já Ele está!
A humildade [pessoal, institucional, cosmovisional, epistemológica, histórica e até cultural ou antropológica...] nunca foi, definitivamente, o forte de uma hierarquia eclesial católica romana para quem a dúvida e a angústia existencial e metafísica representaram, sempre, no limite, corpos estranhos introduzidos, uma que outra vez, sempre forçadamente, por uns quantos espíritos naturalmente perturbadores a quem o conforto que dá a cegueira voluntária---a seráfica comodidade da necedade e da regalada idiotia---não bastam para serem eternamente felizes com o espectáculo da [volto a dizer: a ir] realidade na precisa forma com esta lhes é servida pelas circunstâncias do bom e familiar acaso, como acontece com os príncipes e as princesas dos contos [demasiado!] infantis...
Representa, por isso, a meu ver, um são acto de [verdadeira!] cultura, de... "higiene mental, cultu(r)al e epistemológica", este que aqui re/proponho de apresentar aquela mesma realidade como contendo, outra vez, a própria e saudável totalidade dos seres [cada um de nós começando corajosamente por incluir-se entre os fautores ou entre os sujeitos---não objectos ou, como às vezes, também digo: "objeitos"---de realidade, assumindo, de passo a responsabilidade que lhe cabe na configuração precisa que esta vai tomando---e deixando, assim, definitivamente de ver sempre nos outros os únicos e verdadeiros responsáveis por todos os acidentes e tragédias que nela vão regularmente ocorrendo...
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