terça-feira, 27 de novembro de 2012

Guilherme Espírito Santo [1917-2012]

Começo por dizer que não me lembro sinceramente de vê-lo jogar. Recordo-me, porém, de “conhecê-lo” perfeitamente através dos famigerados “bonecos da bola” dos [medonhos!] rebuçados de tostão, sinistra mistela de açúcar e farinha em volta da qual, dobradinhos a rigor, vinham os mágicos retratos dos nossos ídolos infantis. Devo, todavia, ter visto algum jogo com ele numa, pelo menos, das várias vezes em que acompanhei o meu pai à velha Ilha “” ou “Estância de Madeira”, o exíguo e calvo Campo Grande, onde jogavam ele, o Corona, o Contreiras, o Chico Calado, o Rogério Lantres de Carvalho—o inimitável Pipi”—além do Melão, do Julinho, os para nós famosíssimos “Diabos Vermelhos” e, a breve trecho, também do menino Zé Águas além de, para dar apenas mais um exemplo, do Raul Pascoal, que hoje [quem me havia a mim de dizer, nessa altura?!] cá vou encontrando com alguma frequência nas minhas errâncias de dono de cão zeloso e cumpridor [o dono não tanto o cão…] pelas ruas da cidade onde nasceu e que faz o favor de ser meu interlocutor ocasional, num emocionado desfiar de memórias onde, volta-não-volta, lá re/emergem as referências ao extraordinário desportivismo do agora desaparecido Espírito Santo e ao aprumo com que se comportava em campo sobretudo para com os adversários.

É, de resto, uma das razões pelas quais eu próprio sou e só posso ser “do Benfica”, o único Clube que ao que conheço que protestou um jogo ganho com um penalty senão inexistente, pelo menos, duvidoso a seu favor e cujo capitão à época o mítico Cosme Damião expulsou, um dia, por comportamento incorrecto num jogo em Espanha, um companheiro—aliás, a principal vedeta da equipa, Artur José Pereira, a primeira grande estrela futebolística nacional, que haveria de nos ser “roubado” pelos ricaços de verde, ainda hoje nossos vizinhos, numa altura em que ainda não se arrastavam pela competição, sonhando emular o… regionalíssimo Sporting de Braga—…

O Espírito Santo encarnou como ninguém esse espírito de dignidade e nobreza competitiva quando o desportivismo era ainda um valor entre nós.

Numa altura em que o Melão, outro jogador negro do Glorioso, foi com o próprio Espírito Santo, impedido, numa digressão à Madeira, de se alojar com o resto da equipa num hotel da ilha que apenas aceitava brancos, vinham-me invariavelmente as lágrimas aos olhos sempre que evocava, com o meu pai, «afrcano acidental» nascido em Moçambique mas renascido em pleno Baixo Alentejo, o aprumo exemplar do Espírito Santo, o mesmo que, uma vez, recusou festejar um golo marcado ao grande Azevedo—a jogar esse jogo com um braço ou uma omoplata [não me lembro exactamente!] fracturados, para precipitar-se, afastando os companheiros de equipa naturalmente eufóricos pelo golo, a fim de ajudar o guardião adversário a levantar-se guardião esse que, após ter voado para bola na tentativa frustrasda de evitar que ela entrasse na baliza chutada pelo Espírito Santo precisamente, havia caído sobre o braço são, tendo ficado, desse modo, impossibilitado de erguer-se por si só.

Com o Espírito Santo, ficou para todos nós, não-brancos no Portugal dos anos 50 [Espírito Santo retirou-se em 1949, quatro anos depois de eu próprio ter nascido] um pouco menos complicado sê-lo exactamente porque havia aquele espécime único de cidadão e futebolista exemplar, hábil e velocíssimo, modelo dificilmente igualável da “superioridade moral do benfiquismo” que tornou o Clube a referência desportiva perfeita em Portugal—e não só.

Viriam, depois, como é sabido, os apitos e a famigerada fruta e um universo competitivo com muitas analogias com um certo pugilismo profissional corrupto norte-americano denunciado pela literatura e pelo cinema [“Requiem For a Heavyweight” de Ralph Nelson ou “The Left Hand of God” de Dymitryk, para já não falar no soberbo “Raging Bull” de Scorcese, por exemplo] e um tempo [i] moral onde “sportsmen” íntegros como Espírito Santo não passavam já de mero anacronismo incompreensível para a maioria dos frequentadores de estádios e/ou pavilhões.



sexta-feira, 16 de novembro de 2012

E agora, venha o SIS!


Como pacifista e ex-refractário da guerra colonial salazarista, seria eu a última pessoa em Portugal a pensar em caucionar e/ou abonar acções violentas como aquela que ocorreu na sequência da greve geral recente diante da Assembleia da República, acção protagonizada por um grupo de “angry young men” mais interveniente e exaltado, munido de pedras da calçada] diante de uma verdadeira muralha-da-China de polícias “de choque” armados até aos dentes que pareciam saídos do Chile de Pinochet para proteger os directa ou indirectamente responsáveis pela catástrofe económica e social em que estamos todos metidos.
Agora, o que eu não posso, desta vez como homem de Esquerda ou até como simples cidadão—em quem não luz a mais remota résteaa de simpatia quer pessoal quer política pela figura insuportavelmente dogmática, pseudo-senatorial, [falsamente “cardinalícia” e apenas supostamente magistral desse "Keynes das alfarrobas" que é Aníbal Cavaco Silva—é o modo como este responsável-chave da desarticulação e desmembramento do aparelho produtivo nacional [cumprindo o desígnio da tal C.E.E. para o nosso país que envolvia fazer dele uma espécie de «endocolónia» da “Grande (e—verdadeira!—Europa” e digo “Grande Europa” como outros dizem ou diziam “Grande Sérvia) fornecedora de matérias-primas (e devidamente desarticulada como autonomia produtora) mercado electivo das agriculturas e das pescas francesas, espanholas e italianas; o que não posso, dizia, é aceitar em silêncio o modo como a personagem em causa não se eximiu numa entrevista recente a mandar mais um dos seus intragáveis “bitaites” tentando desligar causalmente a violenta (re) acção dos jovens da calamidade social em que, volto a dizer, nos achamos, como sociedade de repente metidos.
A verdade é que, com ou sem bitaites [serão “sound bitaites”?] de Cavaco a “meia dúzia de profissionais da arruaça” ou lá como foi que ele lhes chamou ecoam de forma arrepiante pela estupidez de que constituem gritante “exemplo” a famigerada “escassa meia dúzia de terroristas” que Salazar e os fascistas se deliciavam a citar a propósito dos movimentos de independência anti-colonial e são o resultado directo e natural não apenas de se ter esticado a corda das desigualdades e da moralidade económica e social como também de sucessivas “políticas” de escandalosa conivência com a indisciplina e a violência escolares por parte de contínuos maus governos e muito em especial péssimos ministros da educação série iniciada logo com o primeiro governo constitucional e seu famigerado "Sotomaior C'ardia".

Aliás, se se tratava de um pequeno grupo de profissionais da arruaça por quê carregar brutalmente sobre centenas senão milhares de manifestantes pacíficos?Ver mais

EMMANUEL PAHUD Mozart Flute Concerto in G - 1 mov.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Johann Sebastian Bach Orchestral Suites BWV 1066-1069,Jordi Savall

Francisco Louçã [texto em construção, incompl.]


                    
É com profunda apreensão que vejo o afastamento parlamentar daquele que continuo a considerar um dos espíritos  mais lúcidos e das mais fulgurantes inteligências da sociedade portuguesa que tão precisada anda de "apocalípticos", ela que é uma sociedade de "integrados", para utilizar uma semântica e uma imagética célebre de Umberto Eco...
O País precisa "como pão para a boca" de gente capaz de pensá-lo de uma forma independente no sentido de não directa e exclusivamente sujeita a móbeis pessoais de carreira [leia-se: carrerismo] político ou estratégia de poder partidário, como sucede com os ultrafamosos e verborreicos Rebelo de Sousa ou o minúsculo Marques Mendes.
   

MOCIDADE MOCIDADE

sábado, 13 de outubro de 2012



Parece-me francamente significativo da confusão que se encontra instalada em Portugal no que à vida política nacional diz respeito, resultante em larga medida, a meu ver, da inexistência de uma verdadeira inteligentsialúcida, serena, séria e isenta [temos, para usar uma linguagem “à Eco” na ausência global de uma elite actuante de apocalípticos de qualidade, óbvio excesso de “integrados” i.e.gente dos partidos a formar opinião nos média disfarçados de analistas independentes e falta de uma sociedade civil como a que parecia poder ir emergir do período de fecundo laboratório social que foi o que mediou entre Abril de 1974 e Novembro de 1975, depreciativamente chamado de PREC pelos sequazes e epígonos do novembrismo triunfante] parece-me, ia dizendo, francamente significativo da confusão que se encontra instalada em Portugal no que à vida política nacional concerne, que até já a improbabilíssima reposição de um regime historicamente abortado e intrinsecamente contra-natura que entre nós caiu pura e simplesmente de podre [2] como o regime monárquico é susceptível de aparecer a alguns como solução e saída credível [senão mesmo providencial…]para a criseem que, como sociedade política, económica e mental nas últimas décadas, objectivamente desde o primeiro governo constitucional, nos achamos manifestamente mergulhados.


Ou seja, a “choldra” do rei D. Carlos, perante a choldra actual, filha dilecta do nacional-porreirismo reposicionista encarnado pelo ideológica e politicamente escorregadioMário Soares pode já aparecer a alguns, pelo menos, como um mal menor quando não mesmo na forma do próprio Bem encarnado.

O Bem encarnado, um regime que, de acordo com José Manuel Sardica [1] possuía uma esperança de vida de uns meros 40 anos, com um fluxo migratório médio anual de 30.000 pessoas “fugindo da pobreza”, uma sociedade em que 67% da população era composta por rurais, “com escassas bolsas de indústria (localizadas nas nascentes cinturas operárias de Lisboa e Porto)”, com um rendimento médio per capitaequivalente a menos de metade [45%] dos países desenvolvidos, atraso este resultante “de um sistema educativo elitista e restrito”com uma taxa de analfabetismo a rondar os 75%, configurando todo este quadro de atraso estrutural e consistente, um país pobre, rural, analfabeto e subdesenvolvido, onde a multidão camponesa era governada por uma pequena elite culta e cosmopolita, e onde potências sócio-ideológicas como a Igreja católica, a Coroa e as forças armadas tinham ainda uma enorme influência?

Falam alguns [ou têm-na implícita nas respectivas lucubrações] uma espécie de natural “superioridade moral” da monarquia em relação à república, uma suposta superioridade que, mesmo onde a primeira vigora como é o caso da Inglaterra ou da Espanha de hoje não logrou evitar a emergência de autênticos trapaceiros e embrulhões como Blair e/ou Aznar, indivíduos que mentiram descaradamente aos seus povos, tendo-os mesmo arrastado, em especial no caso do primeiro, com recurso à intrujice mais ignóbil para uma mortífera guerra de pilhagem, que as respectivas cabeças coroadas não souberam ou não quiseram evitar.

Eu creio que com o 25 de Abril o nosso país abriu efectivamente a porta a uma «via original» para a Democracia e para o Socialismo, via essa cortada cerce pela emergência do novembrismo de matriz pseudo-social-democrata que era, na realidade um marcelismo retardado e sem guerra.

Fonteda imagem Pedro Palma

Heloísa Apolónia - educação

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

John Lee Hooker - Grinder Man

The Platters -Wagon Wheels by Tony Williams

The Platters -Wagon Wheels by Tony Williams

Benfica: Refundação! Já!

                  
Só um Clube com uma estrutura futebolística consistente poderia alguma vez sonhar competir [REALMENTE competir!] na Champions..Um Clube que na perspectiva de ir perder um Witsel e um Javi Garcia não se tivesse levianamente permitido dispensar um Ysmael Yartey sem sequer experiimentar integrá-lo, como seguramente teria feito um Bella Guttman, que não era propriamente famoso--nem querido!--por dar oportunidades aos reservistas [que o digam o talentoso "Puskas do Candal-António Peres ou o Mendes-"Pé Canhão!...]. Um Clube que, tendo formado um talento verdadeiramente fora-de-série, um verdadeiro neo-Rui Costa, como o Miguel Rosa o não mantivesse a dar shows regulares de classe na "Liga do Pirolito", passando a vida "oh tio! Oh! Tio!" a improvisar numa zona fulcral do jogo, um Clube que tendo contratado um ponta de lança de nível mundial como o Mora pareça estar sempre mortinho por se ver livre dele, fazendo com ele como com Urretavisaya, "experiências" pró-forma com resultado [negativo] previamente conhecido e anunciado! O Benfica nãp perdeu com o Barcelona [apenas] por erros desta natureza mas perdeu dos anos «do» Eusébio e do Coluna para cá, seguramente, o «seu» lugar entre as maiores equipas do mundo por não ter uma gestão consistente e «educadamente ousada», que lhe perrmitisse não depender do enfraquecimento sistemático [mais do que sistemático: SISTÉMICO!] do plantel que é como quem diz: de receitas extraordinárias que estão longe de fazer justiça ao seu imenso potencial económico-financeiro, único em Portugal, potencial que obriga formações menores como o Sporting de hoje ou o Oporto, no fundo, de sempre a ter de "vender regularmente os móveis e as pratas de família" para simularem uma rentabilidade e uma existência [leia-se: um mercado] que, na realidade, nenhum deles tem! O Benfica, que conheci imponente e esmagador está velho e trôpego, desactualizou-se, ele que soube sempre "refundar-se" com Ted Smith, com Otto Glória, com Guttman, até um pouco com Eriksson e que hoje, mantendo teimosamernte a velha e obsoleta estrutura de poder monopresidencial, se obstina em não abrir o capital ao investimento privado estrangeiro, como fazem os clubes ingleses, italianos e até pelo menos um francês com o sucesso que se reconhece!

Vemos ouvimos e lemos....

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Separados à nascença-I [Peter Griffin]

Separados à nascença-II [Carlos A. Amorim]...


Não me interpretem mal: eu até simpatizo com o Vieira!! É um portuguesinho esperto que até faz umas coisas giras nas colectividades lá do bairro. Só que o Benfica não é o nem o Papas de Milho Sport Clube nem o Sport Arrifana e Açorda de ...
Alho! O Benfica precisa de uma gestão que [por muito que eu, pessoalente, deteste---abomine!---o capitalismo e as respectivas práticas, aplicadas ou não ao desporto] acompanhe os tempos! Precisa de um investidor estrangeiro com verdadeira capacidade ou dimensão para tirar partido da fabulosa marca que é o Benfica, como já perceberam, além da maioria dosa clubes ingleses, o Paris St. Gernain e até por cá modesto Sporting dos nssos dias! Não é uma questão de Vieira ou outro qualquer de avião ou pára-quedas! Não se trata de tapar o sol com uma... Virira! Que diacho! A realidade é o que é! Estamos perante um problema de paradigma de crescimento! Vamos perdendo terreno enquanto ão percebermos isto!
Fonte da imagem:
aguiasvermelhas.com

Dean Martin - Vieni su (1950's version)

sábado, 28 de julho de 2012

PEDRO INFANTE ''PENJAMO''

Hank Snow - Squid Jiggin Grounds

Burl Ives Roll Up Some Inspiration

Félix Marten - T'es Moche

Helena Cidade Moura [1924-2012]

In memorian de Helena Cidade Moura, um rosto e uma inteligência do tempo em que Portugal [ainda] se pensava. É um rosto desse 'Portugal digno, sério e inteligente' pré-Sócrates, pré-Portas, pré-Relvas e pré-Passos que, por breves momentos, pareceu poder vir a ser o de todos nós.
Nem sempre concordei com o rumo que seguiu o seu projecto pessoal de intervenção cívica e, sobretudo, politica mas nunca deixei de admirar o seu compromisso com a Cidadania, a Dignidade e a Inteligência.
Conheci-a pessoalmente, numa altura em que decidi que não havia de morrer sem conhecer Vasco Gonçalves, Otelo Saraiva de Carvalho e algumas outras figuras marcantes da História nacional... Deixo-lhe aqui, retirado, com ligeiras alterações do meu mural no Facebook, o preito da minha admiração e do meu profundo respeito pela sua pPessoa e pela memória que dela guardo.

Oxalá houvesse muitas Helenas Cidades Mouras hoje em Portugal. O País seria sem dúvida muito mais rico, cônscio de si e por isso, indiscutivelmente muito mais país!...

quinta-feira, 10 de maio de 2012

sexta-feira, 4 de maio de 2012

sábado, 14 de abril de 2012

quarta-feira, 11 de abril de 2012


Divertem-me
francamente, tenho de confessar, as profundas lucubrações de um mandarinato de eruditíssimos
“socialistólogos” como recentemente
fez Alfredo Barroso numa obra acabada de publicar no sentido tentar explicar a
óbvia e generalizada perda de credibilidade dos partidos a que [por uma razão qualquer
que tenho de reconhecer me escapa] teimam em designar por “socialistas”.
Tão
estimulante exegese só encontra, diria eu, paralelo na profusão de “europólogos” cuja actividade exegética
se centra na complexa “explicação”… teórica dos motivos que conduziram uma
verdadeira aberração democrática como a tal “Europa” tivesse ela própria caído miseravelmente
em desgraça a ponto de se ter transformado numa espécie de “disaster área” ou território
contaminado—económica, social e politicamente contaminado—de cuja infecção, se
fosse tumor, se pode dizer que metastatiza paulatinamente de país para país, um
pouco mais a cada novo dia.
A
verdade é que o descredito dos “pê-ésses” por esse Ocidente fora tem origem na
atmosfera mental e política que se gerou nesse mesmo Ocidente após a queda do
muro de Berlim e que levou alguns cérebros
iluminados a decretar o famoso “fim da História” que todos conhecemos defendido
pelo reaganiano Francis Fukuyama.
No
contexto dessa atmosfera de “fim” que além do mais era não sô “fim” mas
cumulativamente “natural”, às forças políticas “sobreviventes” da debâcle
comunista apenas restaria gerir um universo [politico, económico e social].
Tudo
se resumiria, segundo os analistas, “independentes” ou partidários, em geri-lo “à
direita”, isto é, como se a frustre experiência comunista institucional nunca
tivesse existido ou, em alternativa, supostamente “à esquerda”, ou seja,
visando alcançar exactamente os mesmos propósitos da direita mas de forma circunstancial
ou aparentemente “humanizada” “soft”.
Deste
imenso embuste que levou conhecidas “borboletas políticas” como Freitas do Amaral
a decretar o fim, não já da História como o já citado Fukuyama, mas da
fronteira entre esquerda e direita; foi,
pois, dizia, deste imenso embuste que emergiram não apenas o tenebroso e inefável
Blair ou, entre nós, o dificilmente qualificável e ainda muito “fresco” Sócrates
mas, de igual modo, já antes, desde os “arqueológicos” tempos da divisionista
CEUD, o conhecido nacional-populista Soares que à míngua de uma ideologia
definida, uma característica distintiva desta gente que surgiu na História como
a “esquerda da direita”, era, segundo o próprio e nas suas palavras, à falta de
melhor e mais substantivo, ”fixe”…
O
que eu quero muito claramente afirmar é que não são outras razões senão o
oportunismo e a venalidade dos pê-ésses por esse mundo fora [desde as “trapalhadas”
de um tal Bernstein, que nos idos de 20 e 30 com a sua tão sórdida quanto
desastrada colaboração com o grande capital financeiro germânico, abriu as
portas ao ascenso de Hitler ao poder que permitem explicar por que motivo os
diversos eleitorados europeus, fartos da cópia ou genérico [a falsa esquerda] optaram
por dar o seu apoio ao incomparavelmente mais transparente produto de marca [a
direita pura e dura].
Curiosamente,
é o próprio Soares quem, por mais de uma vez aponta a Blair e à sua mais do que
fraudulenta terceira via um dedo que ao próprio Soares e ao seu “projecto” que começou por ser “de inspiração marxista” para acabar “de centro esquerda” [seja lá o que for que isso signifique—ou não…] deveria em bom rigorser apontado na descredibilização generalizada da esquerda à qual nem Soares nem Blair ou Sócrates alguma vez pertenceram

Mercedes Sosa • "Todo Cambia" - Lyrics

Jerry Orbach - Try to Remember [From the Fantasticks] (1962)

domingo, 8 de abril de 2012

Dana - All kinds of everything (In HIGH QUALITY!!!) [Ireland Eurosong 2010]

"Estamos outra vez em Abril: já repararam?"


Nunca nutri, confesso, especial simpatia pelo P.S., que considero, aliás, nada mais do que uma mandrongada espertalhona inventada à pressa pela social-democracia alemã [a mesma que com a sua cobardia e venalidade havia aberto--de facto: escancarado!--as portas da Alemanha à besta nazi] para cumprir, aproveitando oportunisticamente a boleia de um golpe militar para o qual não meteu, de resto, "prego nem estopa" e cujo espírito de lúcida ousadia e admirável generosidade, esse mesmo P.S. engendrado "a partir de fora" traíu miseravelmente logo que lhe deram essa possibilidade a boa fé e a generosidade dos militares progressistas assim como a ingenuidade popular que em aliança [militares progressistas e povo] derrubaram a ditadura. A verdade é que o papel histórico dos pê-ésses sempre foi o de se intrometerem entre os povos e o seu legítimo desejo [e direito!] no sentido de serem eles a conduzir os seus próprios destinos. Só quem não quis ou não foi capaz não se deu conta disso mesmo no caso português, logo em 74 e 75, a partir das primeiras cenas do psico-drama encenado por essa suposta ala esquerda do captalismo que são os pê-ésses onde quer que as suas práticas quinta-colunistas metastatizam e enquistam entre as sociedades desprevenidas e iludidas pelo conto do vigário "humanista"... Nunca tive por este tipo de infiltrado, pois, a mais remota simpatia nem neles depositei o que quer que seja de confiança; não me surpreendeu, por isso, nem a pouca-vergonhice socrática nem o nacional-porreirismo boçal que o antecedeu corporizado nessa fantochada vazia que foi o "Soares é fixe", parlenga campónia destinada a substituir uma ideologia desoladoramente inexistente por aquelas bandas e ho0je-por-hoje, autêntica figura totémica do nacional-facilitismo luso. Tão pouco me surpreendeu, aliás, o recente "episódio" envolvendo a deputada independente Isabel Moreira acusada de violar uma verdadeira aberração ético-política ou simplesmente intelectual, chamada "disciplina de voto". Custou-me, confesso, foi ver o objecto da censura pê-ésse, defender-se argumentando com o precedente criado pelo improvável Seguro quando líder da respectiva bancada parlamenrtar. Ora, com todo o respeito, como dizia o outro, a questão não é se o pomposo e desagradavelmente víscido Seguro, foi "indisciplinado" no seu tempo e nestas matérias. A questão é se é legítimo a quem nos massacra diariamente com éticas republicanas e democráticas limitar de forma soez a liberdade de cada um violando aí sim, a respectiva consciência ética e política. Para m,im, não é; pelos vistos para os pê-ésses representa a ess~encia mesma ou o «suco-suco da barbatana» democrática--o que tem, pelo menos, o mérito de explicar os Soares os Sócrates é toda essa tralha que nos trouxe, como País, afinal até aqui: às garras ou presas de um tubarão voraz chamado capitalismo liberal vulgo "Europa", "União europeia" para os amigos...
Imagem ilustrativa extraída com a devida vénia de Nunca tive especial simpatia pelo P.S., que considero, aliás, nada mais do que uma mandrongada inventada à pressa pela social-democracia alemã [a mesma que com a sua cobardia e venalidade havia aberto--de facto: escancarado!--as portas da Alemanha à besta nazi] para cumprir, aproveitando oportunisticamente a boleia de um golpe militar para o qual não meteu, de resto, "prego nem estopa" e cujo espí...rito de lúcida ousadia e admirável generosidade, esse mesmo P.S. engendrado "fora" traíu miseravelmente logo que lhe deram essa possibilidade a boa fé e a generosidade dos militares progressistas assim como a ingenuidade popular que em aliança [militares progressistas e povo] derrubaram a ditadura. A verdade é que o papel histórico dos pê-ésses sempre foi o de se intrometerem entre os povos e o seu legítimo desejo [e direito!] no sentido de serem eles a conduzir os seus próprios destinos. Só quem não quis ou não foi capaz não se deu conta disso mesmo no caso português, logo em 74 e 75, a partir das primeiras cenas do psico-drama encenado por essa suposta ala esquerda do captalismo que são os pê-ésses onde quer que as suas práticas quinta-colunistas metastatizam e enquistam entre as sociedades desprevenidas e iludidas pelo conto do vigário "humanista"... Nunca tive por este tipo de infiltrado, pois, a mais remota simpatia nem neles depositei o que quer que seja de confiança; não me surpreendeu, por isso, nem a pouca-vergonhice socrática nem o nacional-porreirismo boçal que o antecedeu corporizado nessa fantochada vazia que foi o "Soares é fixe", parlenga campónia destinada a substituir uma ideologia desoladoramente inexistente por aquelas bandas e ho0je-por-hoje, autêntica figura totémica do nacional-facilitismo luso. Tão pouco me surpreendeu, aliás, o recente "episódio" envolvendo a deputada independente Isabel Moreira acusada de violar uma verdadeira aberração ético-política ou simplesmente intelectual, chamada "disciplina de voto". Custou-me, confesso, foi ver o objecto da censura pê-ésse, defender-se argumentando com o precedente criado pelo improvável Seguro quando líder da respectiva bancada parlamenrtar. Ora, com todo o respeito, como dizia o outro, a questão não é se o pomposo e desagradavelmente víscido Seguro, foi "indisciplinado" no seu tempo e nestas matérias. A questão é se é legítimo a quem nos massacra diariamente com éticas republicanas e democráticas limitar de forma soez a liberdade de cada um violando aí sim, a respectiva consciência ética e política. Para m,im, não é; pelos vistos para os pê-ésses representa a ess~encia mesma ou o «suco-suco da barbatana» democrática--o que tem, pelo menos, o mérito de explicar os Soares os Sócrates é toda essa tralha que nos trouxe, como País, afinal até aqui: às garras ou presas de um tubarão voraz chamado capitalismo liberal vulgo "Europa", "União europeia" para os amigos...
[Imagem ilustrativa extraída com a devida vénia de Nunca tive especial simpatia pelo P.S., que considero, aliás, nada mais do que uma mandrongada inventada à pressa pela social-democracia alemã [a mesma que com a sua cobardia e venalidade havia aberto--de facto: escancarado!--as portas da Alemanha à besta nazi] para cumprir, aproveitando oportunisticamente a boleia de um golpe militar para o qual não meteu, de resto, "prego nem estopa" e cujo espí...rito de lúcida ousadia e admirável generosidade, esse mesmo P.S. engendrado "fora" traíu miseravelmente logo que lhe deram essa possibilidade a boa fé e a generosidade dos militares progressistas assim como a ingenuidade popular que em aliança [militares progressistas e povo] derrubaram a ditadura. A verdade é que o papel histórico dos pê-ésses sempre foi o de se intrometerem entre os povos e o seu legítimo desejo [e direito!] no sentido de serem eles a conduzir os seus próprios destinos. Só quem não quis ou não foi capaz não se deu conta disso mesmo no caso português, logo em 74 e 75, a partir das primeiras cenas do psico-drama encenado por essa suposta ala esquerda do captalismo que são os pê-ésses onde quer que as suas práticas quinta-colunistas metastatizam e enquistam entre as sociedades desprevenidas e iludidas pelo conto do vigário "humanista"... Nunca tive por este tipo de infiltrado, pois, a mais remota simpatia nem neles depositei o que quer que seja de confiança; não me surpreendeu, por isso, nem a pouca-vergonhice socrática nem o nacional-porreirismo boçal que o antecedeu corporizado nessa fantochada vazia que foi o "Soares é fixe", parlenga campónia destinada a substituir uma ideologia desoladoramente inexistente por aquelas bandas e ho0je-por-hoje, autêntica figura totémica do nacional-facilitismo luso. Tão pouco me surpreendeu, aliás, o recente "episódio" envolvendo a deputada independente Isabel Moreira acusada de violar uma verdadeira aberração ético-política ou simplesmente intelectual, chamada "disciplina de voto". Custou-me, confesso, foi ver o objecto da censura pê-ésse, defender-se argumentando com o precedente criado pelo improvável Seguro quando líder da respectiva bancada parlamenrtar. Ora, com todo o respeito, como dizia o outro, a questão não é se o pomposo e desagradavelmente víscido Seguro, foi "indisciplinado" no seu tempo e nestas matérias. A questão é se é legítimo a quem nos massacra diariamente com éticas republicanas e democráticas limitar de forma soez a liberdade de cada um violando aí sim, a respectiva consciência ética e política. Para m,im, não é; pelos vistos para os pê-ésses representa a ess~encia mesma ou o «suco-suco da barbatana» democrática--o que tem, pelo menos, o mérito de explicar os Soares os Sócrates é toda essa tralha que nos trouxe, como País, afinal até aqui: às garras ou presas de um tubarão voraz chamado capitalismo liberal vulgo "Europa", "União europeia" para os amigos...

sábado, 7 de abril de 2012

"Quem sabe?..."

...se não fui eu próprio um dia por volta de 1972 o "wattman" deste mesmo "tram", levando-o, como este a passar diante das visualmente medonhas "casernes" de Scarbeek?
[Ou será a tenebrosa mas incomparavelmente mais familiar Barrière de St. Gilles"?]

The Seekers - A World of our Own (1968 - Stereo, HQ video)

http://youtu.be/I1lqm5g4RsA

terça-feira, 27 de março de 2012

"Se eu fosse mais novo..."


... ainda voltava a Bruxelas, de prererência para o inesquecível "septente-trois" rue de Spa...
E voltaria mesmo [quem sabe?] a conduzir uma daquelas velhas 7.000 da STIB...

"A Tusca pouco depois de ter chegado à família, Março de 2012"


"A Nokas no castelo de Montemor-o-Novo em Março de 2012"


quinta-feira, 22 de março de 2012

"Greve Geral"


O meu blog está de alma e coração com ela!!!

sábado, 17 de março de 2012

segunda-feira, 12 de março de 2012

"Cine-Teatro Curvo Semedo: decoração exterior"



Uma rua do meu bairro perto da minha.

"Arcadas do Cine-Teatro Curvo Semedo em Montemor-o-Novo"


A outra Cidade Branca...
Edifício setecentista da antiga Junta de Freguesia de N. Sra. da Vila em Montemor-o-Novo.
Uma janela em Montemor.
A minha sala de trabalho-biblioteca em Montemor. É a sala onde tenho a não-ficção toda.O caos [mais ou menos...] organizado

sexta-feira, 9 de março de 2012

JOSÉ AFONSO - "Foi na cidade do Sado "

Rui Santos, irritado, diz uma asneira

"A Propósito da Vitória de ontem do Sporting sobre o Manchester City"

Não sou sportinguista [não saberia sê-lo, acho...] e confesso que não fico especialmente feliz com as vitórias do "lado errado da 2ª Circular".
Bem pelo contrário, aliás!
Considero que em matéria tão volátil quanto essa das simpatias clubistas, tão legítimo é ser "de" um clube quanto não ser activamente "de" outro, desde que esse não-ser não extravaze das normas básicas de civilidade, que é como quem diz, desde que as normas de conduta [a aceitação das regras do jogo competitiuvo em sentido lato como estrito] usadas para exprimir as antipatias clubistas sejam rigorosamente as mesmas utilizadas para veicular as simpatias.
Refiro-me obviamente às manifestações civilizadamente usuais [os gritos, as palmas e por aí adiante] pelo que tão legítimo se me afigura gritar "Goooolo!" quando o meu Clube marca um como fazê-lo quando são os adversários dos clubes da minha... antipatia a lográ-lo.
Suponho já aqui havê-lo dito em tempos: não gosto do Sporting desde a sua fundação por um visconde [que contraponho ao facto de o Benfica ter sido o único grande a ter um operário como presidente, Manuel Afonso, tipógrafo] e reforcei essa antipatia com o roubo de Artur José Pereira, a primeira grande vedeta do futebol nacional, um roubo que teve, como é sabido, clara base económica porque os argumentos invocados pelo outro clube a que alguns chamam pejorativa mas sempre educadamente "o clube do sr. visconde" foram [ironicamente tendo presente a farsa recente do jogo disputado sobre...areia pintada de verde [!!] em vez de relva...sic transit gloria mundi...] o relvado do campo e o duche quente oferecido por uma instituição rica e elitista .
Não consigo, por isso, confesso, deixar de sentir um arrepio especial de emoção sempre que a competição "endireita simbolicamente o destino" e depõe nova derrota no bornal dos "outros" ainda que daí não resulte no imediato benefício directo visível para o meu próprio Clube, que é, como é também sabido, de outro campeonato. Ou, como costumava dizer um ex-colega meu de Filosofia, de "outro patamar existencial".
A verdade, porém, é que anos [décadas!] de rivalidade e antipatia tiveram o efeito singular de me aproximar do objecto desta última, sendo já há muito, o Sporting o meu "inimigo íntimo" e "de estimação", algo que vem sobretudo, dos meus tempos de menino em que às crianças se perguntava "E tu, menino? És Benfica ou Sporting?".
Não havia, então, alternativa e foi preciso que uma gente mafiosa vinda dos confins ou das alfurjas do que se tornou a dado passo, de forma dificilmente escondível, a "Sicília portuguesa", esse paroquial e «moralmente canceroso» Porto das sucessivas gestões pê-ésse, se infiltrasse no caso para que a radical disjuntiva atrás enunciada perdesse parte do seu fundamento e da sua relevância original...
Mas aí, a questão já é outra porque se ser rico não é necessariamente crime, tratando-se de clubes desportivos, ser corrupto e, portanto, desonesto, mafioso é-o e muito pelo que a antipatia no caso da instituição que melhor corporiza a sem-vergonha entre nós nada tem que possa sequer ser confundida com, mau grado tudo, uma certa "clandestina" e singular afinidade, chamemos-lhe: secundária.
Sem que isso me faça como agora se diz, "sair do sério" e tornar-me tão antissocial e bravio quanto a maltosa que, em regra acompanha as deslocações dos corruptos para "desejar ver a «minha» maravilhosa cidade a arder" e a minha antipatia e o meu profundo desprezo ganhem outra forma que não a sepre frontalmente assumida alegria quando eles perdem.
Sirvam estas considerações de introdução ao seguinte: Ontem, o Sporting venceu o Man City de Inglaterra para a Liga Europa. Confesso que estava à espera de [e--por que não dizê-lo?-- até desejava!] uma cabazada inglesa, dada a diferença de poderio económico-financeiro entre um clube tecnicamente falido e um outro "das Arábias", cheio de dinheiro para investir em estrelas como Djeko ou Kun Agüero.
Acontece que o Sporting conseguiu não só afastar esse fantasma da goleada como vencer o jogo.
Porque lutou, não teve medo e foi feliz.
Jogou "à Sá Pinto", dirão os seus adeptos.
Confesso que não morro de amores por este Sá Pinto, que me parece comprovadamente um indivíduo que, num país sério e a sério, com uma Justiça, desportiva ou não, séria e a sério, já teria sido banido de vez.
Considero-o um personagem que devia envergonhar quem o contrata e se revê nele e admito ter ficado profunda e genuinamente escandalizado quando trocaram um técnico sério e competente como Domingos Paciência por este comprovado caceteiro, com "provas dadas" em matéria de comportamento antissocial.
Não tanto porém, por ser ele e ele ser quem é [isso são questões que não me interessam directamente não sendo eu sportinguista e não havendo, no meu Clube, lugar para este tipo de personagem] mas sobretudo porque o que a troca em causa comprova é que há instituições que, numa altura e numa fase ou num estádio de, chamemos-lhe: desenvolvimento, o capitalismo pós-industrial em que "lá fora", se caminha já em muitos casos, para a consolidação de um modelo competitivo empresarial devidamente actualizado, "por cá" os clubes continuam "artesanais", verdadeiras "quintas do mestre André" dirigidos por caciques sem dimensão nem estatura intelectual e moral, eleitos para conferirem expressão institucional às vociferações de bandos de vagabundos e vadios de toda a ordem, um lumpen económica e socialmente desenraizado e , por isso, persistentemente marginal que nos transporta a todos como país, para um passado político, social, cultu[r]al e competitivo que julgávamos ultrapassado.
Não é, pois, apenas a mafia da fruta que apodrece o futebol e que de um modo mais amplo contribui para apodrecer a sociedade portuguesa no seu todo...
Sendo eu assumidamente opositor das diversas formas de mitificação contemporânea do "mercado" que é como quem diz da obsessão argentocrata e economaníaca que, aplicadas ao chamado "capitalismo democrático" nos trouxeram à actual "crise" global, não tenho, como há anos dizia num texto escrito para a "Seara Nova", apenas o aprofundamento da ecologia da superestrutura do capitalismo e por conseguinte a clarificação integral das contradições constantes do funcionamento "normal" da respectiva infraestrutura económica pode atenuar os riscos de um retrocesso histórico, social, político etc. e sobretudo civilizacional que, como se dizia noutros tempos da Alemanha hitleriana de sinistra memória, venha, de novo "put the clock back" e a nós todos com ele.
E não só no âmbito da competição, chamemos-lhe: "desportiva"...
Na imagem: Carlos Gomes, para mim e com excepção de Michel Preud'homme, o melhor guarda-redes que vi actuar em relvados portugueses.

quinta-feira, 8 de março de 2012

Entrada para o Centro Cívico de Carnaxide

Lugar de encontro das pequenas vaidades suburbanas e neste preciso ponto do conjunto, do activo e omnipresente beatério local que faz deste subúrbio pretencioso uma versão pós-moderna e neo-liberal da Leiria do padre Amaro de Eça...

Fevereiro de 2012

Fevereiro de 2012, corredores do S. Francisco Xavier

segunda-feira, 5 de março de 2012

"O Verdadeiro Benfica..."

...é, sem qualquer saudosismo mas com uma tremenda saudade, este, o que venceu duas Taças dos Campeões, troféu que, para mim, se chamou durante muitos anos, a Taça dos Lampiões. Era uma equipa perfeita, se as há. Tinha um excelente guarda-redes, o Costa dos Frangos, o grande Alberto da Costa Pereira, já falecido. Uma defesa de betão mas de betão elástico onde o Coentrão desse tempo, o Cavém pontificava com as suas descidas empolgantes pela direita e que o genial Germano fechava como ninguém; um meio campo de ferro com o Neto, o Mário João [ausentes da foto] e sobretudo, a chave do tridente que era o inimitável Coluna, aqui apoiado pelo cunhado resgatado do Sporting, o Péridis [de pé entre o Germano, o "Divino Calvo" e o ex-leixonense Raul] e um ataque que, como na canção do Zeca, era uma orquestra. A Orquestra Vermelha do Zé Augusto, Eusébio, Águas, aqui, Torres e Simões.

Uma Saudade Imensa: Jaime Graça, 1942-2012


Formou com Coluna o melhor meio-campo de que tenho memória no Benfica. Ambos tiveram como missão alimentar a fantástica "Orquestra Vermelha" composta por J. Augusto, Eusébio, Águas, depois Torres e Simões.
Dele disse recentemente um companheiro de Clube que "só tinha um pé", o direito. Mas que pé!...
Tinha de ser especial para jogar ao lado do "monstro" Coluna e não destoar. E nunca destoou! No Benfica ou na selecção com a qual esteve em Inglaterra na "gesta", como então se dizia, de 66.
Morreu de cancro.

sábado, 3 de março de 2012

"Na Ressaca de Mais um Insucesso Desportivo" "Benfica: Que Futuro?"

Não podemos mais é meter a cabeça na areia e recusar ver o que é, porém, uma evidência absolutamente gritante: o ciclo Jorge Jesus no Benfica está concluido. Mais do que concluído: esgotado. O J.J. já deu o que tinha a dar...
Perdeu o "toque de Midas" que levava a equipa a transcender-se. Meteu-se-lhe em cabeça que tem de "inventar" Coentrões todos os dias e converteu-se num perigoso e aparentemente insanável factor de instabilidade e desorganização interna...
Apesar de ter aclamado a respectiva contratação, premiada, aliás, com um campeonato, sou hoje forçado a reconhecer que lhe falta consistência para treinar o Benfica. E sobretudo para "reinventá-lo" ou "refundá-lo", como cheguei a acreditar que tinha estofo para fazer e como fizeram, no seu tempo, cada um a sua maneira, Ted Smith, Otto Glória, Mortimore ou Hagan e Eriksson... Rui Costa [se ainda por anda o que não é de todo líquido...] é outro equívoco colossal. O velho "capitão" Wilson ou o grande Mário Coluna são as minhas propostas pessoais para director desportivo. Têm o saber e a autoridade natural para transmitirem a mística e pôr fim às brincadeiras e tragicómicos episódios de engenharia táctica em que Jesus manifestamente se compraz...
Também Luís Filipe Vieira me parece ter sido um excelente "ministro das finanças" do Clube, após o que se converteu, todavia, num "primeiro-ministro" pouco menos do que medíocre. O Benfica segue, assim, cheio de equívocos cujo fim só podia mesmo ser o fracasso anunciado ainda não há muito em Guimarães...
Há muito que me vem parecendo inevitável um "aggiornamento" estrutural que relance o Clube, o Benfica pós-lei "da opção" e o reprojecte para o lugar de referência absoluta no panorama competitivo nacional através da abertura do capital da SAD ao investimento privado, como sucede no futebol inglês com o qual o Benfica está por estatuto "obrigado" a concorrer.
O Benfica liderou, com efeito, durante décadas o futebol nacional porque soube sempre antecipar-se à concorrência com o já citado Ted Smith a apostar na preparação física séria dos seus jogadores, numa altura em que os plantéis se preparavam com corridinhas à volta dos estádios e campos do País e aos grandes para vencerem bastava esperar pacientemente que o cansaço ditasse leis e a sua melhor preparação naturalmente se impusesse e achasse expressão adequada em golos.
Depois com Otto Glória modernizou a estrutura administrativa conferindo-lhe um estatuto já muito próximo do profissionalismo integral. Por muito que custe a quem teima em ver no futebol de hoje um Desporto ou a quem, como eu, não alimenta grandes ilusões nesta matéria, a próxima etapa para os grandes clubes nacionais passa inevitavelmente pela aposta em investidores privados trazendo consigo paradigmas de gestão idónea e consistente que, por exemplo, o diligente L. F. Vieira com a sua visão sempre muito... "paroquial" da administração do Clube é manifestamente incapaz de assegurar.
Os grandes clubes europeus não constituem os seus plantéis com recurso a uma economia de mercearia de bairro [jogadores a custo zero podem sair muito baratos no imediato mas não representam necessariamente investimentos competitivamente rentáveis no sentido de fazer a diferença relativamente aos pequenos precisamente os utilizadores preferenciais e naturais desse tipo de solução económico-desportiva...].
Reside, de resto aí, na percepção estratégica e política da diferença entre uma despesa e um investimento, o fosso que separa uma gestão [não tenhamos medo das palavras ainda quando o respectivo conteúdo nos repugna!] empresarial idónea do romantismo e do amadorismo ainda quando bem intencionados, um e outro.
Nas décadas mais recentes, o Benfica tem sido um verdadeiro modelo em matéria de más decisões que é como quem diz de equívocos dessa natureza entre despesa e investimento. Tenho para mim que os "casos" Rodion Camataru e Ulf Kirsten, dois jogadores que o Benfica terá tentado contratar mas acabou por deixar escapar, se bem me lembro no tempo de Jorge de Brito ou Manuel Damásio são emblemáticos tal como o seriam mais tarde os de Jardel e Falcao este último "roubado" pelo clube dos corruptos, tendo o primeiro sido generosamente "oferecido" aos mesmos corruptos pela falta de visão estratégica de Gaspar Ramos. Com qualquer destes jogadores, a História recente do Benfica poderia ter sido [e ao que tudo indica, teria efectivamente sido] bem diferente. E que dizer das dispensas de Brian Deane ou Pierre van Hoojdonk, matadores que completavam excepcionalmente bem o avançado de apoio ao ponta de lança [em caso algum, ponta de lança ele mesmo!] Nuno Gomes?...
Duas decisões de contabilista míope e chico-esperto, nunca de um estratega que o Clube continua a não ter, com Rui Costa ou sem Rui Costa...
Em todos estes casos, a ideia de poupar uns tostões sobrepôs-se sempre à visão estratégica, envolvendo o futuro do Clube, "condenado", como atrás digo, a "exportar-se" para sobreviver e a assumir-se como europeu, muito mais do que português...
É mesmo, diria eu, o único entre nós com o qual isso é possível por ser também o único com um mercado que o torna potencialmente auto-suficiente sem recurso a receitas extraordinárias, o grande expediente dos corruptos do Norte,, um truque que até o "erudito" "Jornal de Negócios" punha nos cornos da lua apresentando-o como um exemplo de gestão... modelar.
Aí reside, de resto, a meu ver, um outro gigantesco equívoco do minúsculo futebol nacional: o bacoquismo provinciano que tomou conta do chamado «jornalismo desportivo português» herdeiro espúrio de uma elite de prifissionais competentíssimos como foram os que compuseram uma célebre equipa d' "A Bola" [onde pontificavam um Carlos Pinhão ou um Aurélio Márcio] pretende, com efeito, que clubes de província sem mercado tenham passado por artes mais ou menos mágicas a constituir potentados competitivos genuínos apenas porque, graças à cumplicidade de uma "Justiça" bananeira [e escandalosamente "banana", de forma indecorosamente selectiva, também...] conseguiram apoderar-se dos cordelinhos do universo competitivo e aprisioná-los em proveito [naturalmente!] próprio...
A verdade é que clubes como o dos corruptos não têm [no seu caso concreto, devido muito concretamente ao modelo de desenvolvimento agressivamente discriminatório escolhido] [1] a mínima hipótese de sobreviver como entidade promotora de espectáculos desportivos que é aquilo que é suposto serem as SADs dos clubes de futebol e não só, tendo à falta de uma dimensão verdadeiramente nacional capaz de proporcionar-lhes um mercado garante de sustentabilidade] de recorrer marginalmente a um papel de "brokers" ou agentes mais ou menos camuflados dos seus próprios jogadores, conseguindo, desse modo chamemos-lhe apócrifo, compensar aquilo que a venda do verdadeiro produto para que estão licenciados [o espectáculo desportivo] não permite.
Uma imprensa bacoca e bacocamente embasbacada costuma, como disse, considerar este tipo de economia marginal o próprio suprassumo da gestão desportiva tecendo loas aos que, incapazes como o Benfica de gerar receitas directas suficientes, "temperam", de forma regular, a respectiva contabilidade, sempre demonstravelmente deficitária, com receitas que deviam em qualquer caso ser sempre extra-ordinárias e assim permanecer.
Infelizmente uma "desorganização organizada" persistente no futebol nacional tornou esta prática aberrante do "leilão dos móveis" da própria casa para pagar ao merceeiro e ao homem do talho e escapar à prisão por dívidas, uma política perfeitamente legítima e até desejável...
Ora, como foi amplamente ainda não há muito noticiado, o Benfica é o único clube nacional cuja capacidade para gerar receitas lhe permite ombrear com os maiores clubes do mundo.
Daí a minha afirmação de que está "condenado" a exportar-se e a viver naturalmente fora das fronteiras do território nacional. Não sou apenas eu quem defende a necessidade vital da criação de um verdadeiro campeonato ou liga europeus autónomos relativamente às diversas competições nacionais.
O glorioso passado do Clube permite-lhe constituir uma marca compararivamente fácil de vender no mercado da competição, sendo um Real Madrid-Benfica, por exemplo, a meu ver, um jogo capaz de atrair muitos milhares de adeptos ainda recordados da surpreendente jornada dos 5-3. O mesmo se passando com um Benfica-Barcelona cujos ecos não seria impossível [bem pelo contrário, de facto!] que atingissem com o consequente retorno financeiro muitos lares na África e/ou Ásia de expressão portuguesa.
Para já não falar nos E.U.A. com a sua vasta colónia emigrante portuguesa.
Seria, pois, aí que o Benfica A deveria ir buscar as suas receitas regulares e naturais cabendo à equipa B fazer outro tanto internamente...
Como, aliás, chegou na prática a suceder com o fabuloso Benfica "de Guttman e Eusébio" cuja alternativa interna incluía excelentes praticantes de António Mendes, o 'Pé Canhão' a António Peres, o 'Puskas do Candal', grandes jogadores em qualquer equipa da então 1ª divisão nacional [2].
O Benfica é, efectivamente grande demais para exclusivo uso interno num país onde o União de Leiria ou o Beira Mar se vêem gregos para atrair duas ou três mil pessoas aos respectivos estádios, apenas cheios com os adeptos da equipa visitante, especialmente se esta for o Sport Lisboa e Benfica, o abono de família dos pequenos clubes
E de alguns maiorzinhos, também, já agora...
Acontece que quem dirige hoje o Clube parece alheio a esta realidade e à necessidade de "aggiornare" estruturalmente a Instituição tendo em vista a realidade do panorama competitivo global actual.
Daí eu achar que Luís Filipe Vieira, cujo trabalho de recredibilização do Clube depois do "apocalipse Vale e Azevedo" tem de ser reconhecido e adequadamente louvado, foi, sobretudo, um bom "ministro das finanças", tendo-se revelado, todavia, um insuficiente "primeiro-ministro" e estratega, sendo cada vez mais premente a criação de um núcleo gestionário profissional competente apto a trazer para o Clube uma visão estratégica actualizada ve à altura das potencialidades da Instituição.
NOTAS:
[1] O projecto de coesão interna do clube nortenho que, no tempo de Pedroto e nas palavras deste, "já estava a perder por 2-0 mal atravessava a ponte D. Luís", passou pela criação de fantasmas externos que não eram, na realidade, outros senão todos quantos não eram Porto e não rendiam preito ao grupinho que se apoderou do poder no clube com ramificações, como é sabido, à própria Câmara. O resultado foi a criação de inúmeros anti-corpos em todo o País, condenando o clube a caminhar isolado para os respectivos triunfos, isolado se exceptuarmos, como digo noutro ponto, a cumplicidade objectiva de uma "Justiça" demasiado cega com os poderosos, sendo assim que a maior força do paradigma de desenvolvimento e expansão portista tivesse, afinal, contraditoriamente vindo a ser a sua maior fraqueza, coarctando-lhe a possibilidade de dotar-se de um estatuto realmente nacional e, por conseguinte, de um verdadeiro mercado interno.
[2]Dispensados fizeram um e outro, como se sabe carreiras notáveis em Guimarães no Vitória local.

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012