domingo, 24 de janeiro de 2010

"Bogey..."

Porque já aqui se falou tanto dele, não resisto a mais esta evocação especialmente dedicada à querida Amiga 'Ezul' que dele fala com evidente admiração num 'post' anterior recente do "Quisto"---uma dupla evocação fotográfica onde Bogart é retratado em dois momentos da sua preenchidíssima---e notabilíssima---carreira: primeiro, ainda muito jovem galã e, depois, retratado por Karsh, numa imagem icónica que lhe destaca os traços duros, já visivelmente marcados pela idade e, provavelmente pela doença, configurando uma máscara poderosamente impressiva, amarga, fatigada, 'nocturna' e mesmo possivelmente algo desencantada que alguns realizadores como Billy Wilder e Joseph L. Mankiewicz, exploraram magnificamente---Wilder, no clássico "Sabrina" com William Holden e a diáfana, inesquecível, Audrey Hepburn, Mankiewicz no esplendoroso e crepuscular "The Barefoot Contessa", um filme sobre a Morte, contado significativamente em "flashback" a partir de um funeral e onde a personagem do solitário Bogart mergulha no próprio Tempo regressando interiormente ao passado em busca da memória de uma mulher incompreendida e traída levada já pela morte e que essa mesma morte tornou tragicamente inacessível---um filme de 1954, com Ava Gardner na personagem da condessa Maria Vargas, a "condessa descalça", e "Bogey" na de 'Harry Dawes' o apaixonado impossível---um filme que pode ser, de algum modo, visto como uma remota e subtil, inteligentemente intelectualizada, "recriação" do tema do 'amor trágico e auto-sacrificado' ou, mais precisamente: 'auto-sacrificial, consagrado pelo mesmíssimo Wilder, no fabuloso e cinematograficamente definitivo "Sunset Boulevard", com o enorme [e injustiçadíssimo!] Erich von Stroheim, William Holden e Gloria Swanson.

Elemento comum a ambas as imagens acima republicadas, o tabaco---que haveria de desempenhar um papel funestamente determinante no trágico desaparecimento físico de Bogart como no de tantos outros actores e actrizes [Gary Cooper, Lana Turner, etc. etc.].

1 comentário:

Ezul disse...

Fico sensibilizada com a dedicatória!De facto, observar estas duas imagens tem o dom de me transportar à memória desses filmes e à fortíssima impressão que o actor me causava. Recordo outros tantos (um seria " O Falcão de Malta"), ora como detective(?), ora como gangster ... Ah! E Key Largo, A Rainha Africana... Parece que a memória se reaviva a pouco e pouco!
E só fica a referência à célebre frase: "Sabes assobiar, não sabes?"
Lembrava-me da frase, só não me lembrava do título do filme. "Ter ou Não Ter" - acabei de fazer batota e dei um saltinho ao google...
Boa Semana!