sábado, 9 de maio de 2009

""The Thin Man Goes Home" ou o Cinema Enquanto Representação Electiva do Espaço Como Beleza"


William Powel foi, em meu entender, um péssimo Nick Charles!

Um outro Nick, em todo o caso, um Nick construído de tiques e esgares que envelheceram, de resto, por completo, tendo chegado aos dias de hoje como meras relíquias arqueológicas, exemplares de uma era ainda muito fitzgeraldiana embora, nos filmes, a nota desesperada que caracteriza a obra do autor de "The Great Gatsby" esteja estrategicamente ausente substituída por um registo "glamoroso" muito mais adequado ao "produto" de "entertainment" de massas que é o cinema.

Seja como fopr, o Nick "de" Powell não tem rigorosamente o que quer que seja do "hard boiled" herói hammettiano típico.

Por uma razão (comercial...) qualquer, porém, foi ele, Powell, um actopr à época conhecidíssimo e popularíssimo, o escolhido para encarná-lo numa curta série de filmes envolvendo a figura do "thin man" criada pelo autor de "The Red Harvest".

Hammett, casado com a dramaturga Lillian Helman, é um dos grandes estilistas da literatutra norte-americana, tendo-se notabilizado o seu estilo "duro" e sem concessões, desencantado, composto de frases caracteristicamente descarnadas, concebidas para operarem sobre o leitor como... outros tantos socos; um estilo árido, de uma secura profunda, quase desafiadora e inquietante no que revela sobre a natureza cínica e implacável de muitas das personagens (e, através delas, no fundo, do próprio modo como vive e se relaciona, se organiza, a sociedade americana, uma sociedade de onde todas as formas de transcendência ou até de simples humanidade, de calor humano se encontram por inteiro ausentes); um estilo definido por uma eficácia narrativa absolutamente gélida, "de aço" feita para "cortar", para ferir pela indiferença, pela insensibilidade e até, não-raro, pela mesquinhez e pelo cinismo, da sua obra ressaltando a ausência de ilusões relativamente ao "Americam Way", incluindo neste o clássico "American Dream".

A foto que escolhi (um fotograma extraído de "The Thin Man Goes Home") sem prejuízo de quanto disse do modo como Hammett (exceptuando a versão-Bogart) foi tratado no cinema possui uma beleza extaordinária que diz muito das soberbas potencialidades sugestivas da imagem filmada.

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