sábado, 2 de maio de 2009

"Comentadores, Comendadores e Educação no Portugal de Hoje..."

Confesso que nunca fui naturalmente sensível a Papas e Gurus--uma 'família mental e civilizacional' que, de resto, em geral, abomino e onde, por direito próprio e natural, incluo a pós-moderníssima figura do "comendador/comentador", geralmente uma espécie acabada de Papa-dos-pobres (de Papa dos pobres de espírito, dos pobres em autonomia intelectual e designamente crítica, em todo o caso) ou, se assim se preferir dizer: de "neo-moderno" e "pós-cultural" substituto final do diálogo directo entre as pessoas assim como (o que está, aliás, longe de ser secundário e irrelevante!...) dessas mesmas pessoas consigo próprias.
Das Pessoas com maiúscula.

Durante quase 5o anos, com efeito, o diálogo foi, entre nós, bem ou mal (muitas vezes mal mas pronto!...) entre as pessoas possíveis, as que havia, as (escassas verdadeiras Pessoas) que o salazarismo ia permitindo.

Foram, de facto, poucas, essas Pessoas?

Foram--e foram, ainda por cima, muitas delas, fraquinhas (e algumas até fraquíssimas!) como Pessoas.

Pois, foram, sim senhor!

Juntavam-se, com frequência, em cafés (até o António Ferro o notou naquela que foi, seguramente, uma das poucas coisas realmente espirituosas que escreveu!) para partilharem as mais inimagináveis vulgaridades e inclusivamente, não-raro, algumas dificilmente perdoáveis baixezas, também--mas foram, em geral, Pessoas, e isso tem sempre de valer alguma coisa...


Ora, o que constatamos hoje é que o "comentador" (como, não-raro, labiríntica e pontiaguda emanação inteleccional suprema de uma certa pós-modernidade pacóvia, alarve e vazia) acabou com (ou, na melhor e, afinal, mais esperançosa das hipóteses, suspendeu oficialmente por tempo indeter... minado) as Pessoas (e as pessoas!) que agora se juntam fisicamente, sim, mas, quando o fazem, quase exclusivamente para ouvirem (ou para simplesmente consumirem, muitas delas!) ideias ou (pior ainda!) as aparências simuladas, meticulosa--"artisticamente"--contrafeitas, de ideas que, todavia, na realidade, nunca ou quase nunca existiram...

Nasceu assim uma nova indústria hoje-por-hoje, aliás, prospérima: o ideísmo de carreira (ou como carreira) o pronto-a-comer epistemológico com diversas lojas e barraquinhas-de-feira dispersas pela imprensa (e pelas mentes, em geral...) de Norte a Sul do País.

O "boom" da nova indústria é de tal ordem que mesmo fulanos sérios e circunspectos, intelectualmente idóneos e epistemologicamente respeitáveis, não conseguem, muitas vezes, evitar passar, na confusão, também eles, por "Papas" e "comentadores".

O professor Nuno Crato é um desses fulanos.

Para o que chamo "a Idade Mídia" ele (e meia-dúzia de outros como ele) funcionam um bocado como a arquitectura "de autor" para os patos bravos e os autarcas desonestos ou simplesmente rústicos e pífios: como um recurso que é suposto conferir legitimidade cultu(r)al (isto é, tornar imediata ou tornar 'exteriormente digeríveis') mamarachos, crimes urbanístico-ambientais e, até, inconfessáveis negociatas que, de outro modo, eram bem capazes de pôr as pessoas a pensar e a questionar os seus autores e mentores...

...O que não é, aliás, em caso algum ("com acento no pensar"...) propriamente a coisa mais fácil ou mais simples de fazer neste mundo mas enfim...

Seja como for, é preciso dizer que Cidadãos como o Prof. Crato assim como as reflexões que em geral produzem e, de uma forma muito particular, as que eles produzem sobre matéria educativa não devem, em caso algum, ser ignoradas, ainda quando, delas pontualmente diverjamos ou mesmo, num caso ou noutro (nos que forem... precisos) abertamente discordemos.

Pois, do Professor Crato, acabei agora mesmo de ler um artigo no "Expresso" de 01.05.09 intitulado "Vale a Pena Estudar Matemática?".

Lendo-o, percebe-se perfeitamente a distância que vai do "comentador" ao cidadão real (ou mesmo apenas potencialmente) válido e efectivamente relevante; do cidadão que, mesmo quando, repito, dele por vezes, se discorda, vale sempre a pena ouvir ao "patetinha de carreira", ao "burro-carregado-de-livros profissional" ou ao "impostor laureado" (ao... "nescium cum laude" de compêndio) , eleitos, todos eles, de um modo ou de outro, "referências cultu(r)ais" mais ou menos "absolutas" e "definitivas" desta nossa festiva Pós-modernidade "midieval"...

Aborda o texto do Prof. Crato (relevando, porém, o que interessa) uma série de questões com as quais eu próprio, como professor, me debati sem sucesso e sem glória, durante anos a fio.

E quais são, então, essas questões?

São várias--com a famigerada questão da "motivação", à cabeça de todas!

Sempre que uma aula de História, Filosofia, Matemática ou até de Inglês ou Português não lograva despertar num menino qualquer, do Minho ao Algarve, as mesmas epidérmicas "emoções" (os mesmos "thrills", idênticos "kicks") que (sei lá eu!) um jogo de computador violento qualquer ou um episódio-tipo dos famigerados "Morangos Com Açúcar" (filmado já depois da bem sucedida lobotomia do corpo de argumentistas, de preferência--a qual, como se sabe, ocorreu durante as pré-filmagens do episódio-piloto...); sempre que tal sucedia, ia dizendo, era certo-e-sabido, era "dos livros", era fatal ao pobre professor directamente envolvido no 'caso' ter de "levar" imediatamente com a berraria desesperada, os convulsos soluços e os sonoros carpidos, as torrenciais lágrimas, da criancinha guinchando por quantas tinha "que não estava motivada" (melhor: que não a tinham sabido motivar"!) para a aula em questão e que, por isso, "de certeza" ia ter negativa mas antes, claro, ia queixar-se ao ministério.

Isto, com o devido acompanhamento "à guitarra e à viola" de papás, mamãs e algumas ministras e ministros da chamada Educação, ligeirinhos e avulsos, frescos e saltitantes, aos pulinhos (aos "pulinhos argumentativos", seguramente...) pelo meio...

Ora, o problema tinha tudo a ver com duas coisas: por um lado, com a "entrada" franca (patrocinada, aliás, alegremente por sucessivos governos desta nossa leda "república dos figos") da "sociedade dita civil" (eu não disse "servil": disse "civil", ham?...) na Epistemologia, isto é, nos territórios respeitáveis das diversas ciências e áreas do saber dotadas de presença curricular, como forma de... "intervenção cívica" e/ou de exercício de "responsável (!) cidadania" (!!) "democrática" (!!!) e, por outro lado, com a completa incompreensão (perdoável na tal "sociedade civil" mas absolutamente indesculpável num ministro da Educação, mesmo "pê-ésse"...) do que é "motivação" em matéria educativa ou, de uma forma mais global e abstracta, educacional.

Na semântica desoladoramente suburbana de muitos (não sei se da maioria mas de muitos com toda a certeza!) dos papás e mamãs "que vão às reuniões", "motivar" significava no fundo rigorosamente o mesmo que "divertir", "encher o papinho de gozo", "partir a moca a rir", "pôr o adolescente ou a adolescente bem-dispostos e felizes e com vontade de ir à escola de uma forma, todavia, completamente independente da qualidade efectiva do trabalho que lá--não!--se vai fazer" e por aí fora.

Trocada em miúdos, a palavra-de-ordem era ou é, por outras palavras: se custa, não é motivador.

Se não diverte, desmotiva.

Ou seja: o critério dos "Morangos" e dos programas do Goucha ou da Júlia Pinheiro aplicado às práticas da Inteligência e ao Conhecimento...

Ora, a verdade é que isto nada mais é, na realidade, do que a formação da Consciência mas exactamente ao contrário, i.e. o projecto em causa visto como se tudo em matéria educacional devesse partir do pressuposto básico virtualmente inegociável de que a Inteligência e o Gosto não se educam nem se enriquecem: que nascem um e outro com a gente e vão, no fundo, ideal e gloriosamente virgens com cada um de nós, no fim, para a cova...

É preciso, porém, dizer o seguinte: num certo sentido muito preciso, "motivar" (como, de resto, muito lucidamente discorre, no texto citado, o Prof. Crato) pode efectivamente até nem "passar muito longe" do gostar.
Melhor: pode e deve passar efectivamente pelo gostar!

A diferença é que tem de chegar lá, não partir de lá!

Dito de outro modo: eu acredito (e julgo poder legitimamente supor da leitura do texto do Prof. Crato que este também assim pensa) que se possa, em tese, com inteligência, trabalho e responsabilidade, partir do grau... 'Coliseu dos Recreios' ou do nível TVI do Conhecimento para chegar idealmente, em última instância, ao grau S. Carlos ou ao nível Mezzo/Canal Arte desse mesmo Conhecimento ou dessa mesma Inteligência.

...Ou que se pode, por outro exemplo, partir do grau "Equador" ou do nível "A Favorita" da criatividade para se chegar, cumprido um certo percurso inteleccional, crítico, cultu(r)al, auto-formacional determinado, ao ponto Kafka ou ao ponto Beckett, ao ponto "Mon Oncle" e "Playtime" de Tati.

Isto é, acredito que as pessoas não estão fatalmente condenadas à mediocridade; acredito na viabilidade razoavelmente generalizável da "mobilidade cultu(r)al" como factor-chave de valorização dos Indivíduos e dos Cidadãos como tal, em ambos os casos--assim como acredito, a montante e em termos ainda mais genéricos e de princípio, que "a cultura ou é sempre e em todos os casos, ela mesma, um acto de... cultura ou não é".
Que entre a Educação no verdadeiro e mais nobre sentido da palavra (ou mesmo entre a "simples" Seriedade) e as "Relações Públicas" vai um passo de gigante, não (como escreveu classicamente o Zé Mário Branco numa canção célebre) "o passo de um anão" que segundo muitos parece dever existir.

"Motivar" é "ensinar a gostar", sim senhor, como "estar motivado" pode até ser, sobretudo, "gostar".

A questão, porém, precisando um pouco mais quanto já disse; a questão é: (i) gostar para quê e (ii) gostar porquê.

Esclareça-se, desde logo, que "para quê" e "por quê" não têm forçosamente, ao contrário do tantos parecem hoje-por-hoje supor, opostos entre si.

Ou seja: que a utilicidade das "coisas" não se cinge, volto a dizer, de forma limitadíssima e anti-culturalmente muito míope, ao seu uso material e à utilidade imediata dessas mesmas coisas; ao seu "valor" como simples investimento num projecto específico e limitado de mera sobrevivencialidade mais ou menos imediata, por muito respeitável e... essencial (por muito respeitável porque essencial!) que seja às pessoas cultas (como, de resto, às outras, às que o não são) comerem e, em geral, sobre/viverem.

Mas enquanto não se perceber (e enquanto, depois, a ideal percepção que daí resulta não achar tradução institucional e metodológica adequada) que existem não uma mas diversas formas, (umas menos materiais, menos imediatas ou menos imediatistas) de (auto) representar a "utilidade" e a "necessidade" em matéria de construção de cada projecto educacional (e) pessoal específico--formas essas que acompanham (lá está!) idealmente, ponto por ponto, todo um percurso, a construção de todo um edifício pessoal e cultu(r)al a ir sendo progressivamente erguido ou armado; enquanto, dizia, tal não acontecer os equívocos e as violências cultu(r)ais e até civilizacionais de toda a ordem (ainda que mais ou menos engenhosamente disfarçadas de ágeis e desempoeiradas "políticas para a modernidade") não deixarão de multiplicar-se e de corromper, no fundo tudo, na sociedade ou sociedades onde ocorrem.

E aqui voltamos, mais uma vez, ao texto do Professor Crato que nos tem, de um modo ou de outro, servido de 'leit motiv' e que, também ele, faz referência directa àquele que é um equívoco absolutamente inevitável (fácil de prever, em todo o caso) quando, como atrás dizia, a "invasão" (e a "pilhagem", o "saque"!) das epistemologias e das metodologias, patrocinada por poderes públicos irresponsáveis passaram já há há muito a constituir... política oficial do Estado.

É a tal questão de o objectivo, a... utilicidade, da Educação não poderem, em caso algum, ser uma questão simples e exclusiva ou mesmo prioritariamente económica e economicista.

A Educação não pode ser , por muito humano, desejável e necessário que tal desiderato em si mesmo seja, ter ou querer ter um emprego e o dinheiro que ele legitimamente pode proporcionar; não pode ser ter tal propósito como "projecto geral de cidadania": se o propósito essencial da Educação não é (e obviamente que não é!) divertir e manter os sujeitos da educatividade durante um certo tempo ocupados/entretidos, não pode, por outro lado, ser apenas "preparar-se--passar xis anos a preparar-se--para ganhar dinheiro".

Deve (tem de se!) ser, antes de mais ou acima de tudo o mais, na base de tudo, uma questão de Inteligência e de Cultura, uma exigência básica, autónoma, válida também por si mesma e em si mesma, de enriquecimento objectivo, específico, da Condição Humana como tal.

Aprender a apreciar Beethoven, Mozart, Beckett ou Fritz Lang é uma tarefa que não faz «civilizacional e humanisticamente sentido» se for feita apenas a pensar no dinheiro que se pode vir a ganhar ou a deixar, pelo contrário, de ganhar se (não) se concretizar tal projecto ou tal "programa" particular de acção e de vida.

Melhor: que não pode materialmente ocorrer se eu partir para a Educação com aquele desígnio, já nem digo exclusiva mas mesmo apenas prioritariamente em mira e se, no fundo, todo o edifício educacional de uma sociedade inteira for, na prática--embora que possivelmente (ainda?) não na teoria--concebido com esse mesmo único ou com esse determinante propósito em mente.

É inquietante, é horrível (assusta pelo que realmente significa em termos do futuro da sociedade ou sociedades que estamos lentamente a des/construir!) abrir uma publicação como um tal "Portugal Positivo", uma publicação gratuitamente distribuída com, pelo menos, um dos jornais diários nacionais e observar como, para tantos presidentes de Conselho Executivo que nele expõem, os seus pontos de vista sobre a questão educativa, "educar" gerou já, de forma inquietantemente exclusiv(ist)a e natural, um léxico--toda uma semântica!--e por detrás dela, toda uma ideologia particular, específica, subentendida, onde se multiplicam uma após outra expressões (e, insisto, o que elas contêm em termos de implícito "projecto civilizacional"): expressões como "forte ligação entre a escola e o tecido empresarial"; "aproximação da escola à comunidade empresarial"; onde se repetem quase obsessiva, quase... liturgicamente propósitos e mesmo projectos educativos inteiros expressos em formulações do tipo: a "grande Opção Estratégica" (sublinhado meu] do nosso "Projecto Educativo" assim como do das restantes escolas [o "desenvolvimento a nível local depende em grande parte" disso] deve ser "a promoção de cursos de formação profissional que permitam uma melhor e mais rápida integração dos jovens na vida activa"; ou onde se afirma textualmente que [e cito] "as mais-valias" [da escola] são a "motivação ("here we go again"!...) das empresas [sublinhado meu] e instituições (especificamente quais? Não justificam menção expressa? Porquê?) inseridas na nossa Comunidade Educativa".

Entendamo-nos: tratar-se-á, em todos estes casos, a nosso ver, na perspectiva do "Quisto", de "maus" projectos e de "más" intenções das Escolas ou da Escola pública portuguesa?

De modo algum: o problema não é que se trate de maus propósitos: o problema é que não podem nem devem é, em caso algum, ser eles, como directa ou indirecta, implícita ou subententendidamente se infere de algumas das próprias formulações enunciadas o paradigma educacional nem único nem sequer prioritária e/ou tendencialmente dominante de uma sociedade verdadeiramente moderna e verdadeiramente vertebrada em termos civilizacionais.

Não devem, por outras palavras, ser eles a concentrar em si e a monopolizar toda a arquitectura teórica do edifício educacional, contaminando-lhe tão gradual quanto inevitavelmente a visão específica "de episteme" e condicionando, de passo, intensiva e extensivamente, o respectivo conteúdo didáctico particular e específico.

Não se desejam nem se aconselham "torres de marfim", como é evidente.

Mas não temos dúvidas que de evitar seja categoricamente também que a História e a própria Civilização, depois de terem feito um mais ou menos prolongado "estágio" num neo-rousseauísmo educacional tão vão quanto serôdio, passem a ser, agora, "discretamente aconselhadas" a regressarem, uma e outra, àquela fase da "Pré-história da Modernidade" (correspondente ao apogeu do Materialismo Positivista burguês oitocentista e industrial) em que Educação e Instrução por instantes de todo entre si, num dado nível, se confundiram de forma mais ou menos inextricável.
Devemos, repito, impedir que isso ocorra hoje de novo, desta vez, em nome de uma "modernidade" ou, mais precisamente, de uma "pós-modernidade" que "se separou" ou que "se soltou" já, em inúmeros aspectos, por completo, de uma longa e até há pouco, aparentemente sólida tradição de Humanismo e de Inteligência que nos habituámos a reconhecer, de um modo ou de outro, como nossa--a grande tradição cultural de raiz greco-latina que gerou a máquina a vapor ou, no caso português, por exemplo, o comércio mundial das especiarias mas sem por isso ter deixado de possuir vitalidade intrínseca para, de passo, gerar também Homero, Platão, Aristóteles, Dante, Miguel Ângelo, Da Vinci ou Camões, entre tantos outros...

[Imagem extraída com vénia de didaxisvisual.files.wordpress.com]

4 comentários:

Carolina Consentino disse...

Muito obrigada ^^
Eu estou postando mais desenhos antigos meus,agora que consegui escanear no Windows (que é do meu pai) porque uso Linux e o scaner não funciona com o Linux!
Acabo de ver seu outro blog e gostei dos poemas concretos dele mesmo não sendo muito fã de poemas concretos do brasil (tem alguns brasileiros que são um desastre!!)
Não conheço! é outra boa sugestão para procurar,agradeço muito!
por falar em sugestão veja o blog do meu garoto:

http://le-hashishin.blogspot.com/

Ele escreve bem demais! (não so pelo fato de ser meu garoto,é que ele escreve BEM mesmo!)
E as panquecas estavam boas sim,mesmo feitas pela primeira vez (adoro cozinhar)
meu garoto adorou,comeu tudo hehehe!!
abraços!

Carolina Consentino disse...

ps: Li o seu artigo e me deu vontade de comentar sobre a situação dos colégios públicos aqui do Brasil...Você não tem noção de como a educação pública (que não é de graça porque pagamos impostos,claro...é até cara demais...) com o perdão da palavra esta uma
merda! Eu tive o ensino fundamental todo direitinho até a 4 série...da 5° série até a 8° eu não tive (NÃO TIVE MESMO) aula NENHUMA de matemática porque a professora estava de licença e as substitutas não davam continuidade na matéria (isto quando vinham)...
era "aula vaga" direto...sem contar que as únicas "aulas" que na verdade eu tive foram de português e mais tarde do 1° ano do colegial até o 3° ano de matemática e a professora era mais sádica do que professora,ela tinha um prazer estranho em dar notas baixas!Meus
pais lutaram sozinhos pra tentar arrumar a situação,foram varias vezes na diretoria,em reuniões com a diretora e nada se resolveu,até queixa eles fizeram na secretaria da educação e só anos
depois que nos retornaram pra perguntar o porque da queixa isso depois que eu terminei o colégio...Nenhum pai se mecheu porque para eles bastava o filho ir a aula e os que diziam que iam se juntar aos meus pais para reclamar na hora "h" deram pra trás com medo de perseguições por parte dos professores...
Tudo que eu aprendi foi sozinha e do cursinho onde eu tive junto com o último
ano do colegial de certo modo (porque em certas matérias eu fui bem desleixada (nas de exatas), mais por não ter a base mesmo) aulas bem dadas!
Aqui no Brasil não tem professor e nem motivação para nada é cada um por si e se você não tem como pagar um colégio particular (e olhe lá porque tem uns particulares bem ruins) esta perdido!
por isso estou me matando sozinha pra ver se entro por bolsa integral em alguma particular (para depois me transferir no meio de ano para usp) ou na universidade de São Paulo (usp) (que é a única faculdade pública da capital de São Paulo onde moro,que é super dificil eu passei na primeira fase só que na segunda eu não consegui passar...vou tentar esse ano de novo)
porque não tenho como pagar um cursinho...
investimento em educação aqui é nulo....só pensam em proibir cigarro e afins

E agora eu penso...Se eu tive que me virar e ainda tenho que me virar sozinha,imagina os jovens que estão saindo agora do meu colégio?? porque eles estão na mesma situação que eu
eu escuto toda a hora movimentação no patio (aulas vagas,claro...)O que vai ser do futuro desse monte de jovens?? é meio assustador isso....
(E depois vem na tv uma cantora popular aqui do Brasil "incentivar" mais ainda os jovens dizendo que odeia ler....O presidente também não fica atrás ele diz que ler da dor de barriga...)
desesperador...

Carlos Machado Acabado disse...

Vou, com certeza e com muito gosto, "visitar" o seu garoto no le-hashishin.
Quanto ao que me conta sobre a Educação no Brasil, parece que até nisso somos irmãos, ham?
Aí como aqui...
Por exemplo: o que me conta sobre os pais que reclamam mas, de efectivo, pouco fazem, é exactamente o que acontece por cá e o poder político sabe que, no fundo, pode agir como entender (a Educação aqui é, sob inúmeros aspectos um caos tão grande como V. me diz que é no Brasil!) que quem protesta se calará desde que o 'sistema' lhe assegure que lhes "arruma", que lhes... "armazena" os filhos tantas horas por dia, tantos dias por semana.
E esse é, na realidade, o único desejo da grande maioria dos pais.
No fundo, ninguém ignora que, como está o mercado de trabalho, mais curso, menos curso, as hipóteses de achar emprego, acabam sendo invariavelmente... as mesmas.
Por isso, o que toda a gente espera, de facto, da 'Escola' é, como disse, que ela forneça o serviço 'social' de ocupar os filhos e, a outro nível, que assegure uma imagem exterior de eficácia e de dignidade educativa global--o que se consegue, aliás, sem grande dificuldade, manipulando estatísticas e facilitando, até ao limite do tolerável (de facto, já há muito que se cruzou esse limiar mas enfim!...) as avaliações (os exames finais, desde logo).
A "Educação" em Portugal (o que aqui se chama vulgarmente "Educação") são, na realidade... duas: uma (que é aquela que acabo de descrever) para a grande massa dos jovens e outra, de excelência (ou da excelência... possível) para uma elite económica que pode dar-se ao luxo de pagar estudos em colégios e Universidades privados ou mesmo, no limite, ir estudar para o estrangeiro, para as grandes universidades internacionais.
O resultado é, suponho, em tudo semelhante ao que me conta sobre o Brasil: uma multidão de analfabetos disfarçados de diplomados (com gostos ao nível dos "estudos" que fizeram, em matéria de música, televisão, gostos em geral, esclarecimento político, cultura cívica etc. etc.) em volta de um núcleo de privilegiados que já vêm de famílias privilegiadas e se limitam a prolongar os privilégios adquiridos por "herança social e política".
Chamam, por cá, a "isto" democracia (democracia educativa, desde logo...) e definem-na em geral (com uma hipocrisia, aliás verdadeiramente... fabulosa!) como um sistema que assegura os direitos democráticos fundamentais aos cidadãos e, entre eles, claro (a "jóia da coroa" da aldrabice e da charlatanice!) o da "mobilidade económica e social" generalizada!...
Pois...

P.S. Também eu adoro panquecas. Já provou com mel?
E com doce de framboesa?
Hmmmmmmmm!
Ah! e a propósito: há por lá, pelo meu outro blog, outras coisas, ham?...
Não são só os tais "textos visuais" para "ler/ver"...

Carolina Consentino disse...

agradeço por ele a visita ^^
jura?? então pelo visto isso também não deve ser um problema so do Brasil/Portugal...
é um descaso geral...Exatamente! para os pais basta que o filho freqüente a escola mesmo porque
os pais já não educam e não aguentam depois o filho "pentelhando'!!!
com toda a certeza! o resultado e o mesmo uma legião de antas com diploma...sabem porcamente
o que tiveram da faculdade e nada alem disso...Na propria Usp (que é considerada uma
das melhores faculdades de São Paulo) tem desses...
Ah de charlatanice dessa aqui ta cheio também....O prouni (universidade para todos),as cotas que
eu acho que são medidas bem discriminatórias,O programa do jovem aprendiz que da emprego para
quem cusa o ensino médio mas não para quem sai do ensino médio também...etc etc etc
É tudo pela metade,para mascarar as coisas mesmo...Enfim uma beleza...

Nunca provei com mel não nem doce!! E que normalmente só comi ou fiz panquecas salgadas!
mas é uma ótima ideia! farei futuramente ^^
Acabei de notar que tem é que so tinha visto alguns artigos vou ver o resto com mais atenção!
abraços!!