terça-feira, 19 de maio de 2009

"A Convicção Pelo Menos Ainda É O Que Era..."

No "Público" de hoje deparo com novo texto saído da (pelos vistos, ultimamente muito fértil) pena do ex-comunista Vital Moreira, hoje, como é sabido, convertido às maravilhas e aos atractivos da "piara" socrática e, nesse... espírito, operoso candidato "pê-ésse" ao lucrativo cargo de deputado europeu.
Tornou-se, com efeito, uma espécie de hábito (senão mesmo de aberta fatalidade...) esta constante "presença" de Vital Moreira no "Público".

Volta-não-volta aí o temos, de facto, perorando sobre Educação, Saúde, Economia--"el fetén", como dizem os nossos parceiros "aqui do lado" em 'argot'...

De falta de tempo de antena, efectivamente, não se pode o novel socialista e, agora também fecundíssimo comentarista "neo-socrático" queixar!...

"Se é assunto, deixem para mim que eu hei-de ter opinião sobre ele", parece ser o lema do prolífico professor de Coimbra!...

Não é, todavia, sobre a fecundidade argumentativa e textual do "sintacticamente abundante" Dr. Moreira que pretendo hoje aqui pronunciar-me mas sobre um aspecto muito particular da sua recente campanha eleitoral.

"Energicamente acostado" (como diria um "spin doctor" do funesto presidente cessante norte-americano G. W. Bush, o tal que cunhou ou fez cunhar toda uma semântica própria assim tipo "interrogatório enfático" e "processamento vivaz dos presos" para se referir à tortura e ao encarceramento brutal--e ilegal!--puros e simples dos detidos políticos que o regime norte-americano, como se sabe, não tem); "energicamente acossado", então, dizia, por um grupo de sindicalistas no seio dos quais foi, no dia 1 de Maio (inocentemente e em toda a boa fé, claro!...) fazer campanha ou, como ele diz, "cumprimentar os trabalhadores", o expedito professor de Direito (sublinho: de Direito: constitucionalista e professor de Direito!) depois de declarar que o Partido Comunista não tinha nada a ver com aquilo, descobriu, horas apenas mais tarde, que, afinal, tinha e muito--e que até lhe devia um formal pedido de desculpas, por isso mesmo!...

Primeira conclusão: Vital Moreira, depois de um longo estágio na geração-U.E.C. aderiu, por fim, muito pós-modernamente à bem mais descontraída e mais ligeirinha... "geração mudásti"!

Segunda conclusão, esta mais abrangente, mais lata, mais genérica: é mais fácil ser... "mudásti" numas coisas do que "mudásti" noutras...

É, por exemplo, mais fácil tirar conclusões dos factos na ausência material deles do que perante eles: no próprio instante em que lhe estaria a ser propinada a tal meia-dúzia de encontrões a que alguns chamariam , minutos mais tarde, na televisão, "bárbaras agressões" achou que não "eram o Partido Comunista"; à noite, ao serão, descobriu que, afinal... eram!

De onde se conclui que, para um professor universitário de Coimbra, não haverá nada como a ausência material dos factos para os tornar não só definitivos como também e sobretudo, evidentes!...

Pois...

Mas há terceira conclusão a tirar.

Na verdade, a única prova que Vital Moreira avança do que à tarde não era mas que à noite passou a ser é expressa pela frase: "Mas... não é evidente que foi o Partido Comunista??!!"

Ora, eu que não sou nem da geração-U.E.C. nem agora da mais recente e desembaraçada "mudásti" julgava, na minha ingenuidade, que os homens do Direito, em especial os de hoje, os democratas, os que "viram, por fim, a luz" e "transfugaram" (mesmo tardiamente!...) do Comunismo em busca "da Democracia e da Liberdade em estado puro" e que, por isso mesmo, se insurgem, sempre que lhes chegam perto um microfone qualquer, estrepitosamente contra "todas as ditaduras, sejam elas de esquerda ou de direita" sendo que, nestas últimas, como é sabido, os chamados "tribunais plenários" do salazarismo tiveram honras de "alfaia electiva" da abjecção--os antigos (e funestísimos!) "tribunais plenários" onde os "juízes", mesmo sem provas, condenavam por mera... "convicção" (e isto é rigorosamente verdade, ham?!...); mas, dizia eu, na minha ingenuidade imaginava que um constitucionalista, professor de Direito e "par dessus le marché" um dos tais democratas "em estado puro" que nada querem (nem o cheiro!...) com totalitarismos "venham eles de onde vierem" seria a última pessoa no mundo a recorrer à "convicção" ("revelada" e, ainda por cima... "ao retardador"!) para condenar seja quem for ou o que quer que seja!

Estava enganado, pelos vistos: afinal, a boa e velha convicção dos juízes fascistas (essa , pelo menos) ainda é o que era...

Ou seja: se os homens mudam (e alguns mudam mesmo muito!...) salvem-se, pois, deste modo, ao menos, as convicções--último reduto material, nesse caso, da coerência e da integridade, num mundo onde tanta gente manifestamente já se esqueceu (se alguma vez se lembrou) do que tal possa, muito por acaso, ser...
Como dizia "o outro": "Coerência? Para mim é algo de essencial. E para provar a importância que lhe atribuo, em lugar de uma tenho... muitas!"...
Pois...

[Imagem extraída com a devida vénia de oestroina.blogspot.com]

2 comentários:

Carolina Consentino disse...

Sou meio leiga sobre politica mas uma coisa é certa,na hora que brilha a estrelinha do poder todo mundo se "converte" uheuehueeuhehu!!!
abraços!

Carolina Consentino disse...

ps: Muito obrigada pelo comentario em meu blog! ^^ (esqueci de agradecer hehehe)
respondi o comentario la mesmo uhehueu eu me perco em onde devo responder as vezes ><