É toda uma época e um gosto (caracterizado, aliás, de forma nuclear por uma inescondível e persistente, característica, omnipresente vulgaridade) que sob os seus traços fisionómicos e, em geral, físicos se manifesta.
Nela (e é nesse sentido preciso que ela, a meu ver, confere expressão individual ou individuada definitiva à "sua" época e à sociedade do tempo em que viveu) não há grandes subtilezas, quer de discurso, quer de imagem ou apresentação física.
Harlow foi o erotismo mas no modo sempre muito cauteloso e até marcadamente puritano (seguramente puritano!) como, em geral, o corporiza (Harlow não é--está muito longe de ser!...--Mae West...) está todo o latente neurótico puritanismo da sociedade norte-americana e, por trás dela, Harlow, da sua persona cinematográfica, se pode mais ou menos claramente discernir a sombra impendente da auto-repressão que, associada àquela vulgaridade característica a que atrás se faz alusão, dá, de uma forma tópica e, como disse, definitiva, o rosto e o corpo (um dos rostos e dos corpos arquetípicos mas também, de uma forma mais geral, o eco persistente dos fantasmas e dos medos que inescondivelmente a assombram) a uma sociedade profundamente neurótica e sempre, de um modo não menos tópico, sexualmente infeliz e (ou: porque --literalmente!) devastada pela culpa.
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