Louise Brooks, a deslumbrante e sirénica Pandora de Pabst: a crueza inquietantemente erótica da figura, afrontando (desafiando!) abertamente alguns dos nossos medos cultu(r)ais mais estáveis e característicos, designadamente de natureza sexual (fechar a... "caixa de Pandora" foi aquilo que, perante as perturbadoras sugestões que o filme contém, nesse e noutros domínios, inconsciente mas também conscientemente se fez, por um lado, censurando e mesmo circunstancialmente banindo, por outro, tentando, pura e simplesmente, ignorar o filme); a crueza inquietantemente erótica do filme de Pabst assente, em larga medida, no fascínio pessoal da bela Louise Brooks, foi, dizia, apesar de tudo isso, algo que resistiu poderosamente ao Tempo mantendo-se, hoje como há mais de um século, tão arrebatador e tão perturbadoramente fascinante como no próprio instante em que surgiu!
[Na imagem: Louise Brooks no papel de Pandora no filme de G. W. Pabst]
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