Começo por esclarecer que esta é, para já, definitivamente, a última vez que vou, aqui ou em qualquer outro lado, falar do Benfica.
Tenho, com efeito, intenção de, a partir de amanhã, como forma extrema de protesto e rejeição, associar-me formalmente à concorrência, farto como estou de pactuar com a mediocridade e a incompetência mais gritantes e escandalosas nas quais, sinceramente, recuso, a partir de agora e com carácter, como digo, irregressivelmente definitivo (o que basta, basta!) rever-me: mal por mal, deconforto por desconforto e estranheza por estranheza vou associar-me a quem seja pelo menos competente, garanta bons espectáculos e não venda ano a ano novas ilusões nesta Feira da Ladra dos Embustes, indigna e desprezível, em que um núcleo persistente de ineptos e novos ricos da gestão, em má hora alojados no seio do "meu" Clube, depois de algumas coisas de facto bem feitas e até globalmente promissoras, acabaram decididamente por transformá-lo.
Vejamos, emtão, os factos que estão na génese desta minha decisão, dificilmente tomada após mais de cinquenta anos (!) de acendrado e nunca negado, nunca vacilante, 'benfiquismo'.De 'benfiquismo' noutro Benfica, entenda-se: num que decididamente acabou, substituído por esta versão caricata, cafona, ordinária, deploravelmente grotesca, pingona, rasca, triste e indigna.
a) No final da época passada, a S.A.D. do Sport Lisboa e Benfica despede um técnico (José António Camacho) que era manifestamente desajustado dos objectivos reais do Clube; que (e porque!) tinha métodos completamente ultrapassados e obsoletos (aliás perfeitamente conhecidos no seu país de origem, Espanha, onde se encontrava há muito desempregado) circunstância essa que se reflectia claramente nas soluçantes exibições da equipa de futebol por ele treinada e--pior ainda, tratando-se de uma equipa que disputava (e disputa!) competições profissionais ao (apesar de tudo...) mais alto nível--nos (medíocres e invariavelmente frustres) resultados por ela alcançados;
b) O técnico em causa (que era, ao que se disse na altura, "uma aposta pessoal do presidente da S.A.D." já havia, aliás, anteriormente e sem visível vantagem para o Clube desempenhado idênticas funções neste, tendo saído (no término, aliás, de um processo de indecisões e hesitações que lesaram gravemente os interesses do Benfica) logo que o clube espanhol Real Madrid formalizou a decisão pela qual o técnico evidentemente esperara aquele tempo todo em que esteve sempre... "meio-dentro-meio-fora" (e que era, evidentemente também, a única que lhe interessava e pela qual não se importou, de resto, de sacrificar os interesses do Clube que continuava a pagar-lhe pontualmente os vencimentos) de integrá-lo nos seus quadros como técnico principal da equipa de futebol;
c) Para o lugar do técnico em causa terá, então, sido indicado o nome do treinador sueco Sven-Goran Eriksson, ele próprio um anterior técnico de sucesso no Benfica, entretanto migrado para o futebol italiano e, depois, inglês.
Uma delegação do Sport Lisboa e Benfica, composta pelo presidente da S.A.D. e pelo Director Desportivo do Clube, Sr. Rui Costa, antigo jogador entretanto designado para o cargo, deslocou-se a Manchester (cidade do norte de Inglaterra onde o técnico sueco se encontrava, nessa altura, a treinar) e, depois de uma inabilíssima manobra de aproximação, facilmente detectada e tornada pública pela imprensa desportiva nacional, acabou por ver gorado o propósito de re-contratar o treinador sueco.
Ao que se disse na altura, este pretenderia ver os seus honorários a receber do Benfica complementados por umas indemnização por parte do clube inglês Manchester City que, por sua vez, se prepararia para despedi-lo devido à falta persistente de resultados desportivos.
Para tanto, era necessário que o clube em causa ignorasse o acordo firmado entre o técnico e o Benfica uma vez que, despedido Eriksson mas imediatamente a seguir contratado por outra instituição desportiva, deixava objetivamente de fazer qualquer sentido indemnizá-lo fosse do que fosse, recusando-se o clube inglês continuar indirectamente a pagar parte do salário do seu ex-treinador na forma de uma indemnização que, na prática, duplicava os honorários do técnico no seu novo clube.
d) Falhada, assim, a contratação de Sven-Goran Eriksson virou-se o Benfica (viraram-se os Srs. Luís Filipe Vieira, presidente da S.A.D. e Rui Costa, Director Desportivo) para um outro treinador, o português Carlos Queiroz.
Também neste caso (por razões que ignoro) o processo de abordagem se alongou desmedidamente tendo acabado por, também ele, terminar sem o resultado pretendido, pelos vistos, pela S.A.D. mas não pelo Sr. Queiroz que terá preferido ir treinar a selecção nacional da modalidade cargo que, ainda hoje (sem grandes motivos para festejos mas enfim...) lá vai ainda, bem ou mal, desempenhando.
e) Falhadas a seguir uma à outra as duas contratações (ambas, aliás, muito discutíveis em particular a do Sr. Queiroz, um técnico sem quaisquer provas positivas dadas a nível do futebol sénior; um técnico cujos únicos resultados positivos a este nível haviam sido conseguidos na condição de treinador adjunto do técnico escocês Alex Ferguson no Manchester United e que era abertamente contestado por uma parte da imprensa portuguesa da especialidade que nele não via o "mago" que outros, ainda assim, se obstinavam em continuar a pretender "ver" nele); falhadas, dizia, ambas as contratações, virou-se, então, a Direcção Desportiva do Sport Lisboa e Benfica para um treinador espanhol relativamente deconhecido (completamente desconhecido entre nós) e praticamente inexperiente, um tal Enrique Sánchez Flores, ex-jogador, bem-falante, comunicativo mas cujo único sucesso curricular efectivo consistia numa passagem "competitivamente engraçadinha" pelo secundaríssimo clube espanhol Getafe e um despedimento por insucesso desportivo no já maiorzinho Valência.
A aposta (diz-se que do Sr. Rui Costa, director Desportivo, em particular, supostamente grande conhecedor das alegadamente inúmeras qualidades, virtudes e méritos pessoais do treinador espanhol) até nem seria, em si mesma, é preciso honestamente reconhecê-lo, de todo má.
Clubes como o Benfica não podem, neste momento pelo menos, permitir-se contratar grandes nomes; nomes consagrados do futebol interncional (os Fergusons, os Mourinhos e por aí fora--aliás, no caso deste último, quando pôde tê-lo sob contrato, um génio gestionário qualquer, então ao serviço do Clube, entendeu deixá-lo pura e simplesmente "fugir" para a concorrência com os resultados que se conhecem e que só o senhor em causa era suficientemente obtuso para ser capaz de não prever...); mas, dizia, a aposta até nem era necessariamente má em si mesma.
Não podendo dotar-se, como disse, de um técnico consagrado e de grande nível mundial, a via teria de ser a da contratação de jovens treinadores com admissível futuro, desde que (e aqui é que "bate o ponto", como costuma dizer-se) houvesse da parte de quem contrata o esclarecimento, a lucidez e a experiência necessários para blindar os contratos a realizar com todo um clausulado muito preciso onde a questão salarial estivesse expressamente equacionada que é como quem diz: claramente enquadrada na dos resultados desportivos.
Ou seja: nenhum gestor minimamente apto para o cargo; nenhum administrador efectivamente dotado e competente, a menos que já tivesse anteriormente falhado tudo quanto havia 'para falhar' e se visse, subitamente, confrontado com a urgência desesperada de apresentar um resultado qualquer até porque a época futebolística estava à porta e pressionava ela mesma no sentido de que um "coelho" qualquer fosse tirado da "cartola" dos negociadores a fim de ser, neste caso, apresentado aos sócios e simpatizantes já inquietos e impacientes; nenhum gestor minimamente idóneo e capacitado para o cargo, dizia, se ia "espetar" com um funcionário completamente desconhecido, de méritos objectivamente duvidosos e portanto evidentemente à partida "estrategicamente questionáveis", pondo-lhe incondicionalmente nas mãos, no fundo, a direcção de todo o futebol profissional do Clube e ainda mais: colocando-se a si próprio e à instituição que diz servir, na situação de, caso o funcionário em causa falhasse (e as hipóteses de isso acontecer eram, pelo menos, tão consistentes e tão prováveis como o contrário) ter de ser aquela a "comprar-lhe de volta o Clube", obrigando-se, para tanto, a esportular três milhões e tal de euros para o ver, como diz o povo, no caso, "pelas costas".
f) Ora, sucede que o tal funcionário desconhecido, sempre bem-falante e verbalmente insinuante veio mesmo a revelar-se um fracasso total!
Das várias provas em que se viu envolvido com o melhor e o mais caro plantel profissional dos últimos anos só não viu falhar uma e apenas porque uma arbitragem de facto deplorável, inqualificável e catastrófica decidiu entregar-lhe de mão beijada a prova em causa, uma tal "Taça Carlsberg" ou coisa que o valha que foi, então, como disse, a única coisa que o Clube sob a liderança do funcionário em causa não perdeu este ano!
De resto, perdeu tudo: fez uma figura simplesmente indecente na prova europeia em que interveio (e interveio nessa porque falhou a outra, a tal "dos milhões"): ficou em último lugar nela enquanto um clube menor como o Braga fazia, na mesma prova, figura de grande equipa, chegando muito perto da respectiva final; chegou a andar à frente no Campeonato, lugar em que o funcionário em causa nunca tinha estado antes aliás (e apenas quando o crónico campeão vacilou) acabando mal equlibrado num mísero terceiro lugar que teve, de resto, de "suar as estopinhas" para conservar.
g) Perante isto, terá o Clube contactado (finalmente!) um BOM treinador, português, com provas dadas que se terá, por seu turno, disponibilizado para vir treinar o Clube na próxima época.
Preso, todavia, ao contrato firmado com o tal espanhol bem-falante e inepto que colocava nas mãos deste o poder de eternizar-se a seu bel prazer num cargo para o qual não tem, porém, é óbvio (já não lhe é necessário fazer mais o que quer que seja para demonstrá-lo) a mínima qualificação; sem meios financeiros para se movimentar à vontade na situação a si próprio criada pela incompetência negocial originalmente demonstrada, viu-se o Clube forçado a "engolir o sapo" de manter o espanhol no cargo, para o que "cozinhou", aliás, no "Canal Benfica", uma tosquíssima e indigna "campanha" com "mensagens" de rodapé a (imagine-se!) rogar ao técnico que ficasse (!!), mensagens essas que se faziam, afinal, eco e "pendant" de uma tarja empunhada sabe-deus-por-quem no Estádio, durante o jogo com o Belenenses e que eram, afinal... duas únicas, passadas e repassadas durante o jogo até (literalmente!) à náusea e ao vómito, a fim de criar a falácia e a ilusão de um "movimento", ainda por cima, se calhar... "espontâneo", pedindo--exigindo--a manutenção do tal fulano espanhol!
Quer dizer: não podendo; estando, em resultado de um estúpido acto de (péssima!) gestão, proibido de "despachar" de vez um funcionário incompetente, optou o Clube por fingir que o desejava (que remédio!...) até porque (era obviamente esse o propósito da patética "campanha" a que "tal canal" televisivo dirigido, aliás, por um sportinguista, se prestou) que a "nação benfiquista" o exigia e, por isso, era preciso denunciar o pré-acordo com o verdadeiro treinador (que não o era, diga-se de passagem, só para mim: o insuspeitíssimo Prof. Manuel Sérgio era outra das personalidades que subscreviam expressa e formalmente a sua contratação) mantendo à frente do futebol do Clube, pelo menos mais um ano, o funcionário incompetente.
Ou seja: passou-se da inépcia ao embuste, à burla, à manipulação (im!) puras e simples: um cretino qualquer, sabe Deus quem e porquê, afirma que "apenas quem quer prejudicar o Benfica" (!!) pretende afastar o funcionário incompetente e, de imediato, isso se torna política oficial do Clube que, desse modo, enceta, de pronto, uma fuga para a frente de resultados não muito difíceis, aliás, de prever: se o funcionário incapaz teve artes de estragar uma época inteira com decisões tácticas absolutamente obtusas, estúpidas, contumazmente imbecis e naturalmente falhadas (um defesa-esquerdo a época inteira no banco; um central a... defesa-esquerdo; um médio-centro à direita; um médio interior central à... esquerda; defesas-centrais de estica-e-encolhe-entra-e-sai; um ponta-de-lança de grandes qualidades, saberá-deus-porquê, grande parte da época no banco, enfim, um verdadeiro caos técnico e táctico levado à cena, cega e teimosamente, domingo após domingo) sob a sua prosapiosa e falsamente modesta égide; decisões... "técnicas" e "tácticas" geniais que, provavelmente, nem ele sabe explicar por que razão (ou falta dela) as tomou; contratações estúpidas ainda por cima caríssimas como, por quatro milhões de euros, a de um tal "Qualquer-Coisa" Balboa que é um autêntico "case study" da incompetência, quer própria (o homem é um cepo incrível que nem na terceira divisão do Malawi ou do Zimbabué tinha lugar assegurado) quer de quem o contratou; rios de dinheiro deitados à rua em resultado de decisões como estas, ia dizendo, apenas podem deixar adivinhar uma nova época de... "triunfos" e, como dizia alguém com inegável espírito crítico e piada, "grandes exibições nas conferências de imprensa" após as derrotas por parte de um fulano a quem (só aquele tipo de adolescente na "idade do armário", leitora devotada da "Caras" ou da "Maria" e, como dizia a canção, "com mais buço que p." pode ainda acreditar no contrário...) para além de falar e pavonear-se ufano nas revistas cor-de-rosa e nos "flash interviews" após os falhanços, poucos ou nenhuns méritos efectivos se conhecem...
Pois, por tudo isto, bato com a porta e amanhã mesmo, como disse, farto de cretinadas e aldrabices, "faço as malas clubistas" e ala-que-se-faz-tarde!
Como dizia um título de romance antigo: "longe é para lá do oceano"!
No caso, é para lá de... um rio ou dois...
Enquanto "estes" lá estiverem, ah! Isso, com certeza!...