terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

"O «Exilado de Bougie»: Manuel Teixeira Gomes"

Um Autor invulgarmente ousado e moderno, utilizador de uma técnica narrativa singularmente inovadora, sempre muito plástica e dúctil, intensamente maleável e textualmente muito consistente, convicta, por vezes cintilante e sempre aparentemente muito segura de si, marcada, aqui-e-ali, por uma espécie de delicado distanciamento [ou mesmo estoicismo] subtilmente decadentistas e/ou até circunstancialmente por um delicado cinismo "de época" [de fim-de-época---cf. v.g. o conto "Deus ex machina" das "Novelas Eróticas", um dos melhores da colectânea] e também "de classe" que opera, nas suas linhas gerais, como um subtilíssimo "retrato", finamente interiorizado, do Portugal---e da Europa---do seu tempo; um grande Autor que vale, seguramente, a pena re/descobrir: Manuel Teixeira Gomes.
Curiosamente, a Rede tende a identificá-lo, sobretudo, pelo lado oficial e institucional de antigo Presidente da República.

...Que também foi, aliás---sendo que é como escritor, como esteta e impressionista ou quasi-simbolista da palavra em prosa que, a mim, pessoalmente, me interessa---e inequivocamente impressiona.

Recordo-o aqui, profundamente rendido à beleza sensual; à voluptuosidade contagiosa da sua escrita aristocraticamente crepuscular e agudamente sensível à presença marcante do Tempo---em última análise, a principal personagem de muita da sua invariavelmente empolgante e sempre, de um modo ou de outro, surpreendente escrita.

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