quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

"«Le Métèque» de Georges Moustaki"


Hoje foi,, pelos vistos, dia de canções e de... decisões.

Entre estas últimas está a de usar de uma inifinitamente maior parcimónia e uma muito menor exposição pessoal nos vários uso a dar à Net [abandonar definitivamente o convívio desse inominável "Facebook"---um dos mais inimagináveis e dificilmente descritíveis exercícios de futilidade---o grau zero absoluto de sentido para os nossos actos, receio bem ter de dizê-lo---que re/conheço---mas não só: o resto---quanto mais não seja, por absurdo---entrará (como se diz a propósito das leis) imediatamente a seguir, em vigor.]

Já entre as primeiras [aquilo que verdadeiramente aqui interessa] depois, de "Twilight Time" cujo poema reproduzo imediatamente a seguir, figura esta revisitação de uma das mais belas canções de amor que alguma vez ouvi [e se eu a ouvi---e oiço!]: "Le Métèque" de Georges Moustaki que, igualmente, reproduzo sem qualquer comentário que a beleza pura do poema [feito para ser longamente saboreado e seriamente meditado, de forma autónoma, por cada um de nós, antes de ser adequadamente reinserido na música, também ela, de resto, de Moustaki, e a canção escutada como o todo que, na realidade, é---e que todo ela é!] absolutamente dispensa.


Avec ma gueule de métèque,
De Juif errant,
de pâtre grec
Et mes cheveux aux quatre vents,
Avec mes yeux tout délavés
Qui me donnent l'air de rêver,
Moi qui ne rêve plus souvent,
Avec mes mains de maraudeur,
de musicien et de rôdeur
Qui ont pillé tant de jardins,
Avec ma bouche qui a bu,
Qui a embrassé et mordu
Sans jamais assouvir sa faim...


Avec ma gueule de métèque,
De Juif errant,
de pâtre grec,
De voleur et de vagabond,
Avec ma peau qui s'est frottée
Au soleil de tous les étés
Et tout ce qui portait jupon,
Avec mon coeur qui a su faire
Souffrir autant qu'il a souffert
Sans pour cela faire d'histoires,
Avec mon âme qui n'a plus
La moindre chance de salut
Pour éviter le purgatoire...

Avec ma gueule de métèque,
De Juif errant, de pâtre grec
Et mes cheveux aux quatre vents,
Je viendrai, ma douce captive,
Mon âme soeur, ma source vive,
Je viendrai boire tes vingt ans
Et je serai Prince de sang,
Rêveur ou bien adolescent,
Comme il te plaira de choisir;
Et nous ferons de chaque jour
Toute une éternité d'amour
Que nous vivrons à en mourir.
Et nous ferons de chaque jour
Toute une éternité d'amour
Que nous vivrons à en mourir.

5 comentários:

Ana disse...

Ainda me fazes ter saudades desses tempos :-)
Há quanto tempo não ouvia Georges Moustaki...

Ana disse...

É difícil dissociar as palavras da música, mas, como dizes, a beleza do poema merece ser saboreada.
Um beijo.

Carlos Machado Acabado disse...

É verdade, Ana!
Esta é uma dass raras canções em que o poema pode perfeitamente existir por si.
E sabes uma coisa: EU tenho saudades destes tempos...
Não é vergonha nenhuma, acho eu!

Beijinho!

Carlos

Ezul disse...

Lindíssimo poema, lido assim, a saborear as palavras, ainda que a música esteja sempre presente, recuperada de há uns bons anos atrás. É bom vir até aqui e (re)encontrar ou (re)descobrir palavras, imagens, um património humano e cultural que nos sacode e nos “limpa” os sentidos. É bom passar assim, devagar, por emoções que nos enriquecem e que nos arrancam da tacanha insipidez das “paixões” comuns, todas elas tão vazias de verdadeira paixão e de valores.
:)
Ah, e como li num desses repetidos PowerPoints com que nos entopem o "mail", há que dar mais valor ao que é realmente importante... Mil vezes o poema de Moustaki!

Carlos Machado Acabado disse...

1221% de acordo, "Ezul"!
[E mais 252% se os 1221 não forem suficientes!...
Mas devem chegar...
Para já...]

"Abreijos", como diz o Samuel.