sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

"L' Amour Fou"


Uma fotografia que "Não-sei-quem" tirou a "Tão-pouco-sei-quem" e postou, em seguida [ou alguém por ele] na Net.

É uma belíssima fotografia, em todo o caso e o mistério que [para mim, pelo menos] a rodeia apenas reforça essa impressão geral de lividez, de esquecimento e de Morte que indisfarçavelmente se lhe colou e dela continuamente se evola.

Serão Édipo e Jocasta, os seus protagonistas?

Terão imolado já Laio, irmãos proibidos, secretos, pequenos amantes vivendo um "amor louco", entretanto substituído por dezenas ou centenas de outros, desprovidos todos eles, todavia, do encanto, da poderosa magia, da larga, redonda, calcinada vertigem desse primeiro, rápido, breve, fugaz, irreconstituível, infantil, dorsal ou ventral---uterino?---sentimento?

E nós, que estamos 'do lado de cá dela' mas que, por um súbito acaso, com ela nos cruzámos, um dia, sem querer---como eles, esses nebulosos quase inconsúteis amantes que nos olham "com infinitas e húmidas aves [com "aves húmidas de infinito"?] na boca"---estaremos nós todos condenados a perder fatalmente o passado e a procurá-lo, em seguida, por toda a parte, onde quer que haja outros corpos e outras ilusões perdidas---tão perdidas, longínquas, remotas e irreconstituíveis---desesperadamente calcinadas?---como a nossa própria?...

Terá, numa única palavra, a felicidade fatalmente de ser esse "bleu, immatériel, absolument creux pays où l' on arrive surtout jammais"?...

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