quinta-feira, 17 de setembro de 2009

"Dois Autores"

Álvaro do Carvalhal
António Patrício

Termino a "escrita", por hoje, tributando uma homenagem pessoalíssima a dois Autores supostamente "menores" que particularmente admiro: Álvaro do Carvalhal (um dos poucos cultores do fantástico, entre nós, autor de, entre outras, uma novelette absolutamente notável de originalidade e fôlego narrativo "in the bud" mas já perfeitamentre reconhecível intitulada "Os Canibais", poderosa sátira de costumes que Manoel de Oliveira adaptou, como se sabe, ao cinema, a "cinópera") e António Patrício (dramaturgo e poeta da decadência a quem Listopad chamou, um dia, qualquer coisa parecida com 'uma espécie de Beckett avant-la-lettre').

Para quem os não conhece ou conhece menos bem, fica aqui uma sugestão de leitura que vai, seguramente, constituir para alguns uma (dupla) e fascinante revelação.

4 comentários:

Gonçalo disse...

Amigo Carlos Acabado acabei de deixar um extenso comentário no post onde fala do Carlos Gomes.
A poesia ou narrativa do fantástico é sem dúvida o meu género preferido, estive a ler o poema do Zeca Afonso e agradou-me bastante. De facto é pena que esta faceta da sua obra seja tão ignorada ou talvez tenha sido demasiado aproveitada politicamente. Encontro semelhanças com outro poeta que aprecio bastante, Camilo Pessanha.

Carlos Machado Acabado disse...

Gonçalo: aproveito a "deixa" para lhe dizer: se puder, leia mesmo a Poesia-poesia do Zeca.
É uma revelação!
Pessoalmente, acho-a daquele 'género' de, primeiro, estranhar-se e, depois, entranhar-se...
Quanto ao Camilo Pessanha, era um notabilíssimo "músico do verbo", sim senhora!
O Debussy da poesia.
Um abraço!
Vou já ler o seu comentário!

Gonçalo disse...

Camilo Pessanha é um inovador da poesia portuguesa. É na minha opinião o criador do surrealismo, da poesia do vago, do impreciso, com vários sentidos que exprime nessa tal musicalidade poética.

Carlos Machado Acabado disse...

Sim, concordo: há nele uma espécie de pulsão constante (e instante!) para o vazio, para aquilo que, em pintura, chamamos vulgarmente "abstracção", seguramente para os territórios insondáveis do sonho (ou mesmo, no caso particular, do Pessanha, para o delírio) que é já nitidamente pré-surrealista.
Mas há, por outro lado, uma preocupação muito... "simbolista" com os ritmos, as sonoridades extremamente medidas, precisas, os "jogos" muito "geométricos" de "cores sonoras" que, de alguma forma o ligam ainda a um "passado métrico" e, em geral, poético, chamemos-lhe: 'clássico' cuja transição ele faz de modo, aliás, notabilíssimo.
Eu também gosto muito do Pessanha que era, de facto, um "músico" notável do verbo---e do verso.
É engraçado que o Gonçalo o recordo porque ele geralmente passa, de uma maneira geral, quase despercebido perante 'gigantes da popularidade' com o Pessoa, por exemplo, à frente.
E a verdade-verdadinha é que o Pessoa não existiu sozinho...