terça-feira, 29 de setembro de 2009

"Fariseus de Hoje"


Das recentes eleições guardo sobretudo três imagens.

De uma (da imensa amargura que me causa a aparentemente irreprimivel pulsão suicidária da sociedade portuguesa ainda uma vez demonstrada) deixo, imediatamente a seguir um registo---naturalmente amargo e sem (demasiada) esperança.

Das restantes duas falo agora, aqui---e são:

A "imagem auditiva" de Mira Amaral "discorrendo" publicamente sobre as virtudes políticas da líder do seu partido.

Não vou alargar-me em comentários. Digo apenas o seguinte: "aquilo" tem, no mínimo, uma qualidade: é Portugal (a ideia... "neo-portuguesa" de "Política) no seu mais vil e mais baixo---que é como quem diz: em todo o... "esplendor" da baixeza ética, cívica e política que parece ter-se instalado definitivamente entre nós.

Depois de ouvir um fulano falar assim de um seu correlegionário (ao qual não me ligam, de resto, quaisquer---mesmo remotos, entenda-se!---vestígios de identificação política e/ou empatia pessoal, é preciso sublinhar) fica-se esclarecido (quem ainda não estivesse ou se tivesse já esquecido do que foi o sinistro governo onde a criatura evolucionou em tempos de má memória)sobre o fulano, claro (mas o fulano é definitivamente aquilo que menos interessa) mas fica-se sobretudo elucidado sobre o modo como se faz hoje... "política" entre nós.

Como a fazem certos... fulanos que, porém, reclamam fazê-la por nós e em nosso nome!...


Enfim...


Outra imagem é-me fornecida por essa tenebrosa "sede do Largo do Rato" ("Ah! Se o mesmo dizer pudesse/Dos monstros do Largo do Rato!...) onde meia dúzia de idiotas úteis (?) se juntaram, após a publicação dos resultados eleitorais, para (imaginem bem!) comemorar a vitória do "pê-ésse" (a vitória deles, idiotas, ou sobre eles, ainda mais idiotas?...)


Pois foi o caso de, por birra ou puro desprezo, obtido o voto dos papalvos, o chefe "daquilo" (com pouca propensão para Senhora de Fátima ou de Lourdes...) ter resolvido (ou já o estaria antes, não sei...) não aparecer aos "fiéis" que por ali se atardaram, ainda assim, patéticos, grotescos, erráticos e ridículos, cada vez mais indescritivelmente atarantados, guinchando sempre tonterias e necedades à toa, enquanto da "fortaleza" indiferente e enfadada, se iam uma a uma apagando as luzes, num fim de (inexistente) "festa" penoso, lúgubre, charro, baixo, indigno, desesperadamente degradante.


Que humilhação mas que lição também!...


Que "perfeita" imagem de uma certa "pulhítica" nacional, insensível e rapinante, que das pessoas apenas pretende o uso imediato e que "às consciências disse sempre nada", parafraseando livremente um título, aliás belíssimo, de Mourão Ferreira!...


Na própria noite em que usou os votos daqueles e de outros patetas como eles para garantir que voltaria a sentar-se no poder, Senhor!!


Que belo "retrato"!
Um escouceia, outro cospe.


Um insulta, outro desconsidera---injuria e enxovalha com o seu imperdoável, imoral desprezo.


...E, no meio, uma multidão de tolos patéticos que ninguém ouve nem respeita, guincha sozinha numa praça deserta, escurecida, incapaz de perceber que a sua brevíssima utilidade cessou já e que é tempo de dar por encerrados os curtos "cinco minutos de importância" que os tiranos manipuladores, do alto da sua obscena insensibilidade e da sua sempre indecorosa arrogância, aceitaram conceder-lhes.




Conclusão: até eu que não votei (e em caso algum, votaria!) "pê-ésse" senti como uma súbita bofetada na cara, impossível de esquecer, o infernal arrojo dos tiranetes impudicamente saciados!...
Que vergonha, meu Deus!...




[Imagem ilustrativa extraída com a devida vénia de manoeldc.blogspot.com]

2 comentários:

Ezul disse...

Pois foi, a cena do "rato"... Ah, mas agora, com uma certa dose de sadismo da minha parte, tenho alguma esperança que a tal maioria relativa faça com que o dito sr. tenha uma reacção final à "Rumpelstilzkin".

Carlos Machado Acabado disse...

A ver vamos, como dizia o cego...
Já tudo me parece possível... até o País ter o futuro do lado certo...
Que lhe parece uma Isabel que conta "estórias" aos meninos depois de uma Lurdes que as contava mas de puro terror aos graúdos?...
Uma Isabel de pasta ministerial... "alçada"?...

[E as férias? Boas?]