O "caso" chileno (como o "caso" anterior e, de igual modo, sangrento da República Espanhola) um "exemplo" de Democracia combatida---e assassinada!---à bala em nome de Deus e/ou da Liberdade (pobre nome de Deus e pobre Liberdade que por nefandos assassinos da laia de um Franco ou de um Pinochet se fazem presentes à História!...); o "caso" chileno, dizia, teria, por isso, necessariamente de dizer-me sempre muito.
Mas também porque sou português e em Portugal houve, a dado passo, "ene" candidatos a "Pinochancos" ou "Francochets", desta feita, versões meio requentadas e servidas "com-batatas-e-grelos (alguns deles, aliás, muito bem disfarçados e "embrulhados" em vistosas "embalagens pessoais e partidárias", capazes de, à primeira vista iludirem e "partirem politicamente o coração" a muitos ingénuos...); "Pinochancos" e "Francochetes" esses que, por pouco [a pretexto (im) precisamente da defesa de um muito singular conceito de Liberdade, não repetiram aqui, na "ocidental praia lusitana" acabada de ver-se livre de um "despojo" já integralmente apodrecido---um cadáver político mumificado---de "outros Tempos e de outras Histórias" mas que se obstinava em agarrar-se desesperadamente a "esta"]; "Pinochancos" e "Francochets" esses, dizia, que, por pouco, não repetiam, aqui, entre nós, Guernica ou Santiago do Chile; ora, eu, porque sou, dizia, português e me recordo ainda com perfeita clareza "maiorias tenebrosas", perdão "silenciosas", "cercos a Ralis", carrinhas cheias de armas e/ou caricatas "marchas... socialistas sobre Lisboa"; eu, que recordo Spinolas, MDLPs, ELPs, FLAMAS, cónegos assassinos e quejandos; sinto, com particular intensidade, o assassinato da democracia chilena, crucificada com o aval das mesmíssimas pardas "eminências" globais que chegaram a ter as presas acabadinhas de afiar prontas a morderem, desta vez, em plena Europa... "ocidental", um pobre pequeno País---por acaso, o meu...---cujas portas, alguns de dentro, mantiveram, enquanto "foi preciso", muito conveniente e também muito disssimuladamente, entreabertas, não "de ombro na ombreira", como no título célebre do livro de Carlos de Oliveira, mas com o "pézinho maroto no umbral"... para o que desse-e-viesse"...
Eu que, a dado passo, perdido por essas Bélgicas, Franças e Holandas onde chegavam os ecos da promissora 'experiência chilena', quase me deixei persuadir a para lá viajar... escassas semanas antes do golpe que significou, a um tempo, o fim de Allende e o início de uma longa 'noite social e política' no país que ousara acreditar que a Democracia é, de facto, o direito inargumentável de cada povo decidir livremente como quer viver e com quem quer fazê-lo.
Muitas vezes, com efeito, contemplando com horror os estádios cheios (os "democráticos" vel d'hivs reencenados, desta vez, com o beneplácito da "pátria suprema das liberdades..."), as frias execuções, os cobardes "round ups" nocturnos, não consigo, ainda hoje, deixar de pensar: "Se eu tivesse de facto, ido para lá, onde estaria a esta hora?"
E, sobretudo, como?...
[Ironia das ironias: guardo, ainda hoje, um postal de entusiástico apoio a Allende e à democracia chilena comprado (imagine-se!) numa das sedes que o "pê-ésse" (o mesmo P.S. das carluccianas sociedades e das kissingerianas "amizades"...) chegou a ter em Algés em '74.
Em frente à paragem do "15" e ao "Caravela", no mesmo lugar onde mais tarde funcionariam---"sans blague"!...---umas subterrâneas, esconsas (e muito premonitórias?)... sentinas públicas municipais...
Ele, a vida tem coisas!...]
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