Numa altura em que "os-mesmos-de-sempre" voltam à carga para tentar, ainda uma vez, persuadir-nos de que aquilo que fazem é não só democrático como a própria Democracia vale seguramente a pena re/ler esta belíssima reflexão poética do sempre cintilante Rimbaud sobre o tema.
Para mais, possuindo nós uma versão do não menos geralmente fulgurante Cesariny...
DEMOCRACIA
A bandeira reflecte a paisagem imunda
e a nossa gíria abafa o som do tambor
Nos centros, alimentaremos a mais cínica prostituição
Massacraremos as revoltas lógicas.
Às terras aromáticas e dóceis--ao serviço
das mais monstruosas explorações industriais ou militares.
Até mais ver, onde quer que seja.
Recrutas do próprio querer, teremos uma filosofia feroz;
inaptos para a ciência, esgotados para o conforto;
e que o mundo rebente.
Este o caminho!
Em frente! Marche!
Jean Arthur Rimbaud, “Democracia” (in “Iluminações”, trad. port. Mário Cesariny)
[Imagem extraída com a devida vénia de the400blows]
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