domingo, 6 de setembro de 2009

"Esta gente? Esta gente é um nojo!" [Medina Carreira à SIC Notícias em recente entrevista]


Dou comigo a sentir uma imprevistíssima (mais que imprevista: totalmente improvável!) empatia com o afascistado (e agora, ao que parece, definitivamente extinto) "jornalismo"-Moura Guedes e, de um modo mais amplo e genérico, o sinistro "jornalismo"-TVI.

Falando especificamente do primeiro: aquilo era mau?

Não! Era péssimo, chegava a ser autenticamente vergonhoso!

Era grotesco?

Era (como o resto da programação da TVI, aliás: Gouchas, Cristinas Não-sei-quantos, Júlias Pinheiros e por aí fora) frequentemente um autêntico insulto à inteligência, uma abjecta (e primaríssima) exploração do que há de mais retrógrado e boçal na "portugalicidade profunda".

Pior!

Era (e é!) a 'expressão operativa' do desejo venal de que essa mesma "portugalicidade" permaneça tanto tempo quanto possível ainda "profunda"---porque a ignorância é uma mina inesgotável e a abjecção, nas mãos das pessoas e entidades... "certas", uma indústria com um imenso (e inimaginavelmente lucrativo) futuro à sua frente.

Pois mas...

...Mas quando o duelo é entre isso (por muito desprezível e abjecto que isso em si mesmo seja---e é!) e um projecto de despudorada eternização no poder; de permanência nele a qualquer preço cruzado com a característica e impiedosa voracidade de tentaculares multinacionais ávidas de deitar a mão ao que resta da Inteligência (e da Bolsa!) nacionais, o meu "partido" está tomado: não o tomo por nenhum!

Abomino---e desprezo---a ambos por igual mas não consigo, apesar de tudo,deixar de alimentar, muito brevemente que seja, um último e discreto sentimento de pesar pelo "underdog", pelo... "mexilhão"---que, neste caso, é---obviamente!---Moura Guedes.

Passou fatalmente a sê-lo quando o esteio que a permitia imprevidentemente se desviou um tudo-nada para a direita (o inefável---e não pouco voraz Moniz, marido da excelsa senhora e seu anterior chefe!) mas já estava, de qualquer modo, tudo anunciado a partir do momento em que um tal Cébrian, Cébrian Qualquer Coisa ou Qualquer Coisa Cébrian, o dono daquela chafarica toda (Moura Guedes incluída) afirmou (segundo o... insuspeitíssimo "D.N." na sua edição de 04.09.09, cf. "Filomena Martins, Graça Henriques, Lina Santos e Marina Marques, "Moura Guedes Afastada por Dono da Prisa") "que é impensável um espaço de informação "hostilizar o primero-ministro de um país", até pelos efeitos que isso pode ter nos negócios da empresa em Portugal" [sublinhado meu].

E digo eu: pois...

E não preciso dizer mais nada, pois não?...

A única coisa que me espanta é que Moura Guedes, tão esperta, tão experiente, tão vivaça, tão aguerrida e tão... "viva-da-costa" tenha levado tanto tempo para perceber aquilo que até o 'outro', o do Cere-rebelo em Repouso, já tinha ficado a perceber, em 2004 ...


Oh! Filha, tu, por este andar!...

2 comentários:

Rui Magalhães disse...

Como o Marinho Pinto disse e muito bem, o jornalismo que esta senhora(ex deputada do CDS no Parlamento) faz é uma vergonha e um constrangimento para os outros profissionais da estação.
E como alguém disse, sentiria-me melhor num país onde o público recusasse ver o Jornal Nacional.
Acho também que Sócrates e o PS nada têem a ver com esta suspensão, pois isso seria um suicídio político.
Cumprimentos

Carlos Machado Acabado disse...

Se têm ou não, Amigo Rui, eu não sei...
Agora que lhes dá um jeitão poderem deixar de ter de ouvir "certas coisinhas" bem incómodas e comprometedoras que em nada contribuem para dignificar e prestigiar os cargos de Estado que ocupam, ai, isso!...
Eu não sei que fundamento tem tudo quanto já veio a lume (e algumas dessas coisas que vieram são muuuuito dificilmente ignoráveis, em si mesmas, é preciso reconhecer) agora que é extremamente incómodo (no mínimo) ver o nome de políticos portugueses na boca da polícia e dos trinuais estrangeiros obviamente é e justifica alguma (muito séria!) reflexão.
Enfim...
Saudações cordialíssimas!

P.S. Já vi as fotos de Veneza e volto a dizer: que saudades!
As fotos são magníficas e muito bem escolhidos os locais.