sexta-feira, 11 de setembro de 2009

"Somos Mas É Todos Maus, Pá!..."


Já aqui por mais de uma vez sublinhei a crónica falta de isenção, quando não a desonestidade intelectual e política "pura" e simples, do "Diário de Notícias".

Como professor---aposentado embora---e alguém que vive com intensidade a verdadeira tragédia que se abateu com particular virulência nestes últimos três/quatro anos sobre a profissão---sinto-me uma espécie de vítima electiva típica-e-tópica de um jornal que há muito se habituou a ser porta-voz das sucessivas "situações" e que com essa "histórica" missão vem há muito convivendo, de forma regular, ao que tudo indica, com particular empenho, eficácia e, acima de tudo, satisfação, com todos nós, sociedade portuguesa destes dois últimos séculos, pelo menos.

Foi assim durante a ditadura, sê-lo-ia mais tarde com a Revolução, em seguida com o restauracionismo "pê-ésse", com o bonapartismo cavaquista e agora com o neo-bonapartismo "com batatas-e-grelos" do "sucatismo" em exercício.

De uma edição recente (de Agosto de 2009 que infelizmente me chegou sem indicação precisa do dia) retiro, especificamente do artigo "Somos todos bons" uma nova prova do modo caracteristicamente "objectivo", "sério" e "isento" como o jornal se relaciona com os factos m geral e com a (sempre maltratadíssima!) classe docente, de um modo muito particular.

Do artigo em causa, da autoria de um senhor ("gestor", diz o jornal) de seu nome Pedro Marques Lopes extraio uma frase que diz afinal tudo sobre a tal "isenção" e a tal "seriedade".

A frase é esta:


"Alguém se lembra de um dirigente sindical exigir bons métodos de avaliação de desempenho para que os melhores trabalhadores fossem recompenssados e os maus penalizados?"


Lê-se e dificilmente se acredita!!

Por onde, com efeito, tem andado este senhor gestor?

Em que país?

Em que planeta?

Pessoalmente, não me restam já grandes dúvidas de que um dos grandes problemas da Educação hoje-por-hoje em Portugal são os génios sem conto, os iluminados "de carreira", que, não conhecendo no fundo senão... "de ouvir dizer", o fenómeno educativo, sabem, ainda assim, "tudo o que há para saber" sobre ele e têm ("obviamente"!...) todas as soluções que aos técnicos, aos que por lá" andam, aos que passaram uma vida inteira a formar-se para serem professores, objectivamente (e, em regra por razões que são incomparavelmente mais políticas do que própriamente pedagógicas e que, por isso, não se encontram directamente sujeitas à sua vontade e à possibilidade material de serem por eles devidamente corrigidas) objectivamente escasseiam.

Até aqui, porém, eu só conhecia, entre aqueles iluminados, teóricos, isto é, gente que sem alterar o essencial dos factos---dos mais básicos e essenciais, pelo menos: daqueles que "toda a gente" conhece ou julga, pelo menos, conhecer---construía sobre eles as, invariavelmente... magistrais, "teorias" que constituem, aliás, no seu todo, uma bem conhecida "pedagogia de fim-de-semana", farfalhuda e bem-pensante, que, se nada traz de realmente novo e consistentemente inovador à reflexão séria sobre a multímoda problemática educativa, configura, ainda assim, algo que tem, em geral, a grande qualidade de (como o arroz integral da conhecida canção) "não fazer nem bem nem mal"---antes pelo contrário, acrescento eu...

Aquilo, porém, que o texto do "D.N." tem de lastimavelmente "pioneiro" é a própria viciação directa e material dos factos.

Dizer, com efeito, que não se conhecem sindicalistas que reclamem "bons métodos de avaliação de desempenho" é fazer tábua rasa de tudo quanto a nível sindical tem sido dito e escrito na matéria.

Por amor de Deus!

Que diacho---que "raça"!---de jornais lê o senhor, afinal??!!

O quê? Como diz? Ah! Bem! Pronto! Já percebi!

O senhor lê "D.N.", onde também escreve, não é?

Bem... então... então... está tudo explicado!

E não é que pode mesmo estar---uma "boa" parte, pelo menos?...

[Imagem extraída com vénia de impactlab.com]

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