Pronto!---disse o cientista esfregando as mãos, jubiloso, visivelmente realizado.
Já mandámos para as prisões com condenação à pena capital sob as mais diversas acusações (algumas delas, aliás, verdadeiras) um número considerável de ciganos e negros.
Já assustámos cerca do dobro de modo a que possamos hoje dizer que possuímos razoáveis garantias de que voltarão para as respectivas terras de origem (sejam elas quais forem...) e onde previsivelmente virão, a prazo, a ser dizimados pela fome e pelas doenças que teremos o cuidado de mandar para lá juntamente com eles; um número indeterminado de outros foi ou discretamente abatido pelo Ku-Klux-Klan ou executado por milícias populares bem armadas.
No domínio da economia, fomos capazes de, por outro lado, gerar um sistema que sistematicamente dificulta (senão mesmo idealmente impossibilita e inviabiliza) a subsistência material dos que, apesar dos sinais que todos os dias lhes mandamos, teimarem, num primeiro momento, em querer ficar.
Criámos genericamente, pois, todas as condições para que comunidades como as que citei e outras com características basicamente análogas deixem de existir ou se tornem tão residuais que seja extremamente fácil eliminar num curto espaço de tempo aqueles de entre elas que a fome, as doenças e as guerras a que formos regularmente encorajando que se dediquem não lograrem extinguir e que não sejam obviamente necessários para a extracção das riquezas das terras para onde os mandarmos de volta.
E pronto! Assim sendo é possível finalmente demonstrar a minha tese pessoal de que as raças inferiores se extinguirão naturalmente no espaço máximo de, digamos, quatro gerações!
É o triunfo absoluto da Razão como forma absolutamente segura, rigorosa---perfeita mesmo---de ler o Mundo!...
[Na Imagem: "Jimbo ou La Folie Colonisée", colagem sobre papel de Carlos Machado Acabado republicada de http://umnaoalexandreonirico/ ]
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