Tempos de aprendizagem e experiências mil!...
quarta-feira, 30 de setembro de 2009
"Amanhã Vou Falar de..."
Tempos de aprendizagem e experiências mil!...
"[Porque não Gosto de Electro/Choques (Sobretudo) Tecnológicos]: E na Arte..."
"Some People Are All Intellect!..."
"«Esparsa»" de D. João Manuel"
"A Democracia Segundo Rimbaud/Cesariny"
Jean Arthur Rimbaud, “Democracia” (in “Iluminações”, trad. port. Mário Cesariny)
[Imagem extraída com a devida vénia de the400blows]
"Pessoas Como O Pessoa Não Podiam Faltar Aqui..."
[REFLEXÃO IDENTITÁRIA/A QUESTÃO HETERONÍMICA]
“O BOM PORTUGUÊS É VÁRIAS PESSOAS”
Não sei quem sou, que alma tenho.
Quando falo com sinceridade não sei com que sinceridade falo. Enlevam-me ânsias que repudio. A minha perpétua atenção sobre mim perpetuamente me aponta traições de alma a um carácter que talvez eu não tenha, nem ela julga que eu tenho.
Sinto-me múltiplo. Sou como um quarto com inúmeros espelhos fantásticos que torcem para reflexões falsas uma única anterior realidade que não está em nenhuma e está em todas.
Como o panteísta se sente árvore e até flor, eu sinto-me vários seres. Sinto-me viver vidas alheias, em mim, incompletamente, como se o meu ser participasse de todos os homens, incompletamente de cada, por uma suma de não-eus sintetizados num eu postiço [...]
[Eu] plural como o universo.
Fernando Pessoa
[Imagem extraída com a devida vénia de rosamuraro.zip.net]
"«Le Cancre/O Cábula», de Jacques Prévert"
Um maravilhoso instante de pura e poética rebeldia (a fazer lembrar Jean Vigo e o seu genial "Zero de Conduite" mas um Jean Vigo para cuja amargura algo da poesia do Cinema de um Renoir, de um Tati ou mesmo de um Albert Lamorisse tivesse já substantivamente perpassado) transformando o que era, na origem, inquietação e amargura num empolgante momento de libertação sensorial (e, por isso, de algum modo, mais extrema e mais subversiva---ou simplesmente mais pura, mais instintiva e total. Mais pura porque instintiva e, assim, 'total').
LE CANCRE
[Na imagem: Fotogramas de "Zéro de Conduite" de Jean Vigo e "Le Balon Rouge" de Albert Lamorisse]
"Problemas Problemas e Cª."
... O que, "all things considered", não chega (longe disso e, se calhar, até pelo contrário!...) aliás, a ser propriamente grave: menos conhecidos são Luísa Neto Jorge, Al Berto e, hoje-por-hoje, a própria Fiama (ou ainda, falando de "prévertianos" e "quasi-prévertianos", Luiz Pacheco ou Mário Henriques Leiria) e nem por isso são, qualquer deles, menos relevantes como intelectuais (sim! Intelectuais!) e como homens de Letras (Sim! Homens de Letras!).
Mendes de Carvalho, "Satírica"
terça-feira, 29 de setembro de 2009
"Fariseus de Hoje"
Enfim...
"A Place Called... Hope"
Regresso---ainda perplexo pelos resultados das recentes eleições...
domingo, 20 de setembro de 2009
"Mudança de símbolos..."
"Onde, Pelas Várias Estações" de Fima Hasse Pais Brandão
[o horizonte
Luz de rigor.
Geometria dúctil.
Veias de mármore, cal no sangue, branca se estende
[na sombra das pálpebras.
Jogo de asfixia luminoso, praças, ruas e árvores para
[aprender a respirar e a morrer.
Uma cidade liberta na tarde, aconchegada no uso, predra
[gasta ornamental, sitiada de azulejos.
O que se ama é sempre fresco como a rosa---rumor
[calmo no sangue, veia abrindo tranquila.
Na cidade se exalta o que, em luz e dureza, adia a morte.
"«Epigrama» de Meléagro"
Ah! Pudesse eu,
como o Sono (mas sem asas) descer sobre tuas pálpebras
para que ele---a cujo sortilégio nem o próprio Zeus resiste!
Meléagro
sexta-feira, 18 de setembro de 2009
"«Por Quem Os Sinos Dobram», «Meditação XVII» de John Donne (1572-1631) [excerto, versão/quasi-glosa]"
"Um Erro... Errado"
"Fogo Cruzado---E Eu No Meio!..."
Até aqui, havia, com efeito, essa prática de redenção da pura mediocridade e do mais gritante e repulsivo oportunismo através do baptismo miraculoso de um supercargo qualquer à porta do qual todo o mal anterior ficava mais ou menos providencial e milagrosamente retido.
"Breve Introdução a «Chanson Dans Le Sang» de Jacques Prévert"
[Na imagem: Jacques Prévert par Robert Doisneau]
"Chanson Dans Le Sang" de Jacques Prévert
Chanson dans le sang
Il y a de grandes flaques de sang sur le monde
où s'en va-t-il tout ce sang répandu
Est-ce la terre qui le boit et qui se saoule
drôle de saoulographie alors
si sage... si monotone...
Non la terre ne se saoule pas
la terre ne tourne pas de travers
elle pousse régulièrement sa petite voiture ses quatre saisons
la pluie... la neige...
le grêle... le beau temps...
jamais elle n'est ivre
c'est à peine si elle se permet de temps en temps
un malheureux petit volcan
Elle tourne la terre
elle tourne avec ses arbres... ses jardins... ses maisons...
elle tourne avec ses grandes flaques de sang
et toutes les choses vivantes tournent avec elle et saignent...
Elle elle s'en fout
la terre
elle tourne et toutes les choses vivantes se mettent à hurler
elle s'en fout
elle tourne
elle n'arrête pas de tourner
et le sang n'arrête pas de couler...
Où s'en va-t-il tout ce sang répandu
le sang des meurtres... le sang des guerres...
le sang de la misère...
et le sang des hommes torturés dans les prisons...
le sang des enfants torturés tranquillement par leur papa et leur maman...
et le sang des hommes qui saignent de la tête
dans les cabanons...
et le sang du couvreur
quand le couvreur glisse et tombe du toit
Et le sang qui arrive et qui coule à grands flots
avec le nouveau-né... avec l'enfant nouveau...
la mère qui crie... l'enfant pleure...
le sang coule... la terre tourne
la terre n'arrête pas de tourner
le sang n'arrête pas de couler
Où s'en va-t-il tout ce sang répandu
le sang des matraqués... des humiliés...
des suicidés... des fusillés... des condamnés...
et le sang de ceux qui meurent comme ça... par accident.
Dans la rue passe un vivant
avec tout son sang dedans
soudain le voilà mort
et tout son sang est dehors
et les autres vivants font disparaître le sang
ils emportent le corps
mais il est têtu le sang
et là où était le mort
beaucoup plus tard tout noir
un peu de sang s'étale encore...
sang coagulé
rouille de la vie rouille des corps
sang caillé comme le lait
comme le lait quand il tourne
quand il tourne comme la terre
comme la terre qui tourne
avec son lait... avec ses vaches...
avec ses vivants... avec ses morts...
la terre qui tourne avec ses arbres... ses vivants... ses maisons...
la terre qui tourne avec les mariages...
les enterrements...
les coquillages...
les régiments...
la terre qui tourne et qui tourne et qui tourne
avec ses grands ruisseaux de sang.
[Na imagem: Jacques Prévert par lui-même]
quinta-feira, 17 de setembro de 2009
"Dois Autores"
António Patrício
"A Mão Entre o Crepitar"
Poeta profundamente culto soube sempre fazer da aparente 'inocência' ou mesmo aberta 'adolescência textual' uma forma agudíssima de esclarecimento e percepção e da própria limpidez geral com que concebe topicamente o texto uma verdadeira 'ciência' e até (quase invariavelmente, aliás) acima de tudo, uma ética.
A mão entre o crepitar
De prata em forma de cunha
Fez o formato da cara
Mas não são bolas de pão
São pedacinhos de queijo
Que as ratas buscam e cheiram
Na minha imaginação
Não lhes peçam mais casulos
Com esse olhar de cereja
Sejamos bichos avaros
Deitemos fora o cotão
Dos pedacinhos de queijo
Nascem bolas de sabão.
"«Nostalgia no Jardim do Harém» de Tran Thanh Tong [Vietname]"
Uma fina poeira recobre as portas desertas, a frágil bruma aquieta e amortalha os caminhos em redor;
Em pleno dia tudo está mergulhado num íntimo silêncio que os passos não perturbam;
Mil cores de fogo vivo resplandecem em vão:
Ah! Para quem florirá realmente a Primavera?...
[Na Imagem: pintura chinesa sobre seda, retirado com a devida vénia de monicadegodoi.com.br]
"Todavia" de Zoltan Zelk
"Erratum"
quarta-feira, 16 de setembro de 2009
"En El Desierto" [Ver a propósito, 'entrada' anterior]
Tu agua,
Ligea,
no tiene propietarios
ni señores!
Si dueño tiene
tu agua,
es, solo el que se ahoga de sed
en el desierto.
[Do livro "Mi Buena Amiga Muerte y Otros Poemas"]
"Esta É Para O Meu Amigo João Luís N."
Um abraço ao João Luís com os votos de óptimo trabalho extensivo a todo o 9º grupo---e muito em particular aos... heróicos resistentes do "meu tempo".