No momento em que escrevo, já a Finlândia rejeitou um plano do respectivo governo, concebido para pagar a dívida do país---uma dívida criada [ou, pelo menos, drasticamente agravada] por uma série de políticas governamentais erradas.
Um pouco por todo o lado, da Grécia aos países do Norte, parece clara a rejeição do papel atribuído a cada uma das classes sociais pelo poder poder político tendo em vista a ciorrecção imediata de políticas demonstravelmente disfuncionais que foram precisamente aquilo que conduziu, de forma causal directa, à presente "crise".
Ora, a meu ver, é exactamente isso que é preciso fazer e registar, no caso dos observadores, como eu próprio sou nestes precisos momento e contexto.
É vital assumir posições e, no ponto a que as coisas chegaram com cortes drásticos no rendimento dos cidadãos, a "rua", em sentido real, como no caso grego ou figurado, no finlandês, é um lugar tão bom como qualquer outro---de facto, muito melhor do que uma séria de outros---para induzir aquilo que me parece imperativo---e urgente!---que seja induzido: um conjunto de formas de organização popular que acabem por dar origem a uma série de instituições de base, capazes de funcionarem, a curto ou médio prazo, como interlocutores orgânicos e vigias estáveis mas, de igual modo, activos do poder partidário e, desse modo contribuirem, de forma decisiva, para a urgente revitalização daquilo que, hoje-por-hoje, já pouco mais é, na prática, do que uma democracia meramente formal e/ou in/essencialmente técnica, um sistema demoformal substancialmente inerte e, em larguíssima medida, vazio.
É preciso, diria eu, confrontar a partir dessa experiência vital da "rua", os partidos ditos "do poder" mas não só: é, de igual modo, essencial e urgente pressionar pela positiva a esquerda institucional no sentido da acção política concreta, efectiva, "des-social-democratizada" e, num certo sentido muito claro, substancial [se não mesmo: substantivamente] reequacionada de modo a acompanhar o próprio movimento mais ou menos natural e espontâneo do Tempo e da História.
Enquanto isso, como observava ontem V. Pulido Valente no "Público", desta feita com propriedade e razão, 70,4 % [setenta!] pensam que o primeiro-ministro mentiu "sem qualquer justificação" [há nisto, algures, um 'nó semântico' que valeria a pena desfazer um pouco centrado naquele singular vocábulo "justificação": a mim parce-me que, no ponto a que as coisas chegaram manter a qualquer custo um poder que começa a adssumir foros de escândalo moral é "justificação" bastante para a série de supostas mentiras a que o nome da personagem se encontra objectivamente associada, até pelo próprio modo como a pergunta a que se reporta a resposta citada pelo jornal é formulada...]; mas, dizia eu, enquanto "lá por fora" formas diversas mas admissíveis de consciência cidadã que pode, a prazo, tornar-se idealmente política, por cá, os tais 70,4 % acham que Sócrates mentiu, 54 % consideram que... "há condições para o governo continuar", mau grado o pequeno pormenor de o princvipal tresponsável por ele ser, supostamente, mentiroso!
Noutro ponto deste "Diário" cito a frase de José Anastácio da Cunha sobre uma nação [para meu e de todos nós, a nossa própria!] "que parece singularmente condenada a perpétua ignorância".
Dito de outro modo: o problema é um problema [óbvio e, pelos vistos, atávico] de falta de esclarecimento político, que é como quem diz: de analfaberismo cívico e/ou iliteracia democrática.
O pior é que, considerada a informação que acabo de citar extraída do "Público", o que já era uma questão gravíssima e particularmente difícil de resolver, acaba de revelar-se ainda mais complicada do que se suporia a partir do momento em que, para além do que já se sabia, é agora, também, obviamente, um intrincadíssimo problema ético e moral.
Só nos faltava mesmo "esta"!...
[Imagem extraída com a devida vénia de casacoamarelo-dot-blogspot-dot-com]
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