sábado, 20 de março de 2010

"Malcriado? Eu? Vão-se Queixar ao Prémio Nobel..."


... ou à minha Amiga Nina Pirata que me reenviou o fragmento.

Vale a pena lê-lo, porém, "malcriado" ou não---e meditá-lo: um pouco de sentido crítico e de lucidez nunca fizeram mal a ninguém...

Podem não dar dinheiro e até poôr em risco umas quantas promoções profissionais mas, bem vistas as coisas, do ponto de vista da nossa saúde mental e política não se perde nada em ouvir---quanto mais não seja uma vez por semana...---a voz da integridade [e da verdade a que ela anda persistentemente ligada].

Assim sendo, cá vai então..

Em qualquer dos casos, eu ainda prefiro um bom malcriado [sobretudo se tiver talento] a um mau filho da p., sobretudo se o não tiver...


«Privatize-se tudo, privatize-se o mar e o céu, privatize-se a água e o ar, privatize-se a justiça e a lei, privatize-se a nuvem que passa, privatize-se o sonho, sobretudo se for diurno e de olhos abertos. E finalmente, para florão e remate de tanto privatizar, privatizem-se os Estados, entregue-se por uma vez a exploração deles a empresas privadas, mediante concurso internacional. Aí se encontra a salvação do mundo... e, já agora, privatize-se também a puta que os pariu a todos.»


José Saramago - Cadernos de Lanzarote - Diário III - pag. 148


[Na imagem: Saramago em Montemor-o-Novo em Outubro de '98]

2 comentários:

Ezul disse...

Gostei!!!
Só espero que os malcriados não estejam a desaparecer do mapa!
:)

Carlos Machado Acabado disse...

Nã! Não me parece!
Há, pelo menos, UM que não tenciona desaparecer tão cedo do mapa...
Não sei é se basta...
"Dêxa lá veri", como se diz por aí...
:-)