terça-feira, 2 de março de 2010

"Tablóide? Não, Obrigado!"


Deixem-me que faça aqui um parêntesis para expressar a minha profunda incredulidade e a mnha veemente indignação perante aquela "coisa" que a SIC transmitiu [ou retransmitiu, para o caso tato faz!] hoje à hora do almoço em que intervinha o ex-inspector da Polícia Judiciária, Gonçalo Amaral.

"Aquilo", meus senhores e minhas senhoras, não é rigorosamente nada!

Pretende ser um programa de entrevistas---acho eu, nem sei!...---e acaba sendo realmente um lastimável exercício de vaidade pessoal descomandada, completamente descontrolada, desprovido de qualquer, mesmo remotamente, demonstrável alcance ou interesse informativo---para já não falar em consistência argumentativa e num mínimo de decoro intelectual...

Há um imenso equívoco com a pessoa que o protagoniza que já vem, aliás, da figura, a meu ver estruturalmente inútil e completamente absurda do "comentador" por ele desempenhada numa outra estação de televisão.

Vamos lá ver: o único interesse que o "comentário" público de notícias, factos, etc. pode ter advém-lhe [i] da possível---e reconhecível---autoridade especificamente técnica---ou, não existindo esta: intelectual, cultural, etc.---de quem comenta.

Advém-lhe cumulativamente [ii] da, igualmente reconhecível, demonstrável, isenção intelectual do comentador.

Advém-lhe, em terceiro lugar [iii] da capacidade deste para criar empatia, de forma alargada, ampla, com o conjunto dos espectadores ou ouvintes mas este não é senão um pressuposto marginal, digamos assim, nos casos em que existe e não são claramente todos...

Advém-lhe, em todos esses casos, seja como for, de forma necessária, da capacidade pessoal do 'comentador' para, à partida---e aí sim, como pressuposto absolutamente incontornável---não confundir mera convicção com opinião e simples "fé" [quando não preconceito im/puro e simples...] com juízo crítico, objectivo e idonéo.

Não pode é ser, tratando-se de abordar assuntos sérios---verdadadeiramente sérios e não de meras "tertúlias cor de rosa" para entreter donas-de-casa débeis mentais---um mero pretexto para o exercício indecorosamente atrevido de vaidades pessoais, de egos---com ou sem verdadeira justificação...---desmesurados ou de puro "tráfico de convicções", como foi gritante---como foi escandalosamente!---o "caso" da "entrevista" a Gonçalo do Amaral.

"Aquilo", repito, voltando ao princípio, não é rigorosamente NADA!

Foi lastimável---foi imperdoável!---o tom usado; foi lastimável por parte do titular do programa, o abuso do estatuto de "entrevistador" numa grotesca, numa inqualificavelmente saloia e mal-educada, paródia de "Perry Mason das hortas", por si utilizado; foi deplorável---foi penoso!---o persistente equívoco entre convicção e idoneidade intelectual e crítica, entre presunção [e em mais de uma das possíveis acepções do termo] e genuína, legítima capacidade para formular juízos e inteligentemente argumentá-los e substanciá-los de que o titular deu mostras; foi deplorável... TUDO!

Quando será que a SIC percebe [a TVI é um caso perdido, claro!...] que as televisões têm responsabilidades [até, quangto mais não seja, para com a inteligência das pessoas!] e que o objectivo, comercial ou industrialmente legítimo, de captar públicos e fixar audiências não pode justificar qualquer coisa---até o recurso a meros "atletas mediáticos" sem verdadeira competência técnica ou substância intelectual definida para quem o conteúdo---e, especificamente, a qualidade---da informação [que manifestamente não estão em condições de assegurar] não passam de insignificâncias e meras ninharias quando "comparados" [!!] com a barulheira e o alarido---os "cheap tricks" da praxe de quem, no fundo, está ali para isso mesmo---o estendal de gritaria e algazarra propinado a um público que a última coisa de que precisa é de mais "peixeirada" e de mais confusão ainda do que aquela que já tem na cabecinha; numa palavra,o espectáculo embaraçoso, constrangedor, dado por quem nada mais tem, na realidade, para dar senão exactamente mais confusão e mais "peixeirada" ainda?...

'Fácil' e "popularuncho"?

Pois, se "tem mesmo de ser"... mas tanto?!

2 comentários:

Ezul disse...

Não vi, contaram-me. De qualquer forma, não tenciono voltar a dar-me ao trabalho de ouvir a criatura.

Carlos Machado Acabado disse...

Não vale a pena, de facto!
Foi absolutamente abjecto, indigno!
Um massacre "mal-enjorcado", como diria a minha avó!
Perry Mason com batatas e grelos...
Grotesco!