segunda-feira, 1 de março de 2010

"Um Lugar na Terra-I"

Veneza, tudo o que se disser acerca da qual ou é verdade ou é possível...

3 comentários:

Ana disse...

Fui a Veneza há muitos anos. Nunca mais tive coragem de voltar ... só por receio de não gostar tanto como da primeira !

Ai, Carlos! Os teus lugares na Terra são mágicos!

Carlos Machado Acabado disse...

Mas o mérito não é meu, Ana.
É deles!
Infelizmente, também eu próprio não creio que volte.
Em vida, pelo menos...
"Depois", não se sabe...

Ezul disse...

Acerca de Veneza poderia dizer que a sua fama romântica nunca me seduziu, pelo contrário, até rejeitava aquela imagem das pontes, dos suspiros e dos passeios de gôndola… Acreditava que era importante conhecer uma cidade tão marcante na história da civilização ocidental mas o facto não me entusiasmava particularmente (ainda que tivesse lido “A Morte em Veneza”, apesar de ter visto o filme e de ter escutado a canção de Herbert Pagani). Como são curiosas as nossas expectativas acerca de qualquer coisa, ou as representações que fazemos de um local e de um ambiente! Que palavras poderão descrever a forma como senti e vivi Veneza durante o dia (e mais uma noite) em que a visitei? Entrei em Veneza a bordo de um pequeno barco a motor que navegou pelo grande canal, de noite e com um céu rasgado por relâmpagos, com o vento a trazer aquela sensação extraordinária de liberdade e aventura que todas as viagens de barco me fazem sentir (quando não nos fecham lá dentro). Percorremos as ruas estreitas numa atitude de silêncio e de gestos comedidos para não incomodarmos os habitantes (tantas vezes sufocados pelas hordas de turistas) e fomos ter à iluminada praça de S. Marcos, onde a música soava em cada esplanada.
O dia seguinte deu-me a visão de uma Veneza chuvosa. Céus, havia água por todo o lado! E turistas, multidões de turistas! Não vou relatar tudo o que vi mas apenas que, depois do que visitei, observei e ouvi, Veneza, para mim, passou a ser um símbolo da própria história humana: a força e a persistência da acção humana (na forma como construíram aquelas ilhas), o lado tenebroso da humanidade (o suspiro dos condenados quando se dirigiam ao cadafalso), a esperança e a inteligência ( a espantosa fuga de Casanova), a beleza das construções e a efémera condição dos homens e do seu mundo ( o futuro ameaçada pelas águas).
:)