Se com a morte de Arthur Penn, recentemente ocorrida, o Cinema perdeu um dos seus mais interessantes e até, sob muitos aspectos, referenciais realizadores ["Bonnie & Clyde" de Penn permanecerá sempre como um dos mais empolgantes e extraordinários objectos cinematográficos de sempre] com Tony Curtis é todo um outro universo social e cultu[r]al que chora a perda de um dos seus mais definitivamente marcantes e emblemáticos rostos: o mundo das hoje... "arqueológicas" "fotonovelas" e das matinés de cinema de bairro onde regularmente afluia, completamente rendida aos olhos azuis e à poupa tão... "de época" do Sr. Tony Curtis né Bernard Schwartz, um francamente pouco flexível actor de origem judaica húngara, em geral razoavelmente canastrão, "tudo o que era" costureirinha ou aprendiza de cabeleireira nesses remotos anos 50 de provinciana e salazarista memória nacional.
Para o pequeníssimo proletariado, sobretudo, urbano, e, dentro deste, sobretudo, feminino da época, Curtis, de algum modo, foi o que James Dean foi para a pequena e média burguesias da época: um ícone estético, um rosto ideal para os sonhos, inclusive [ou sobretudo?...] os de índole [mais ou menos disfarçadamente, como era "de rigor", nestas matérias, ao tempo...] erótica...
Como actor andou, como disse, em geral, longe do brilhantismo [consta que Sidney Poitier se mostrou de início renitente em tê-lo como 'co-star' no elenco de "The Defiant Ones", de Stanley Kramer, num papel que acabaria, aliás, porém, por valer-lhe uma nomeação para o Óscar de melhor actor] e mau grado cineastas de excepcional craveira como Kubrick [em "Spartacus"], Billy Wilder [que com ele, Marilyn Monroe e Jack Lemmon fez o clássico "Some Like It Hot"/"Quanto Mais Quente Melhor"] ou Alexander Mackendrick em "Sweet Smell of Success"/"Mentira Maldita" [num papel pelo qual teve, também, aliás, de lutar e até antes do outro que atrás cito...] terem, em especial no caso do primeiro [em "Sweet Smell of Success", por exemplo, Curtis tem mesmo de representar] sabido tirar do "boneco" que ele sempre, de um modo ou de outro, fez/foi no cinema, efeitos que outros, menos talentosos, estiveram, de facto, longe de conseguir.
No tal plano pop onde Curtis possuiu, como disse, um estatuto icónico, o seu maior sucesso nacional terá, todavia, sido um "polpudo" "Trapeze"/"Trapézio" de Sir Carol Reed [o primeiro filme americano do realizador oficial de "The Third Man"---oficial porque deste se diz que Orson Wells não está "completamente inocente" no que respeita à autoria do filme...]; "Trapeze" onde Reed juntou Curtis a Burt Lencaster e a Gina Lollobrigida num colorido e agitado triângulo edipiano que fez, como disse, furor em Portugal.
Foi casado nada menos do que seis vezes, da primeira delas com Janet Leigh com ela constituindo durante os onze anos em que durou o casamento um casal de referência no mundo do cinema.
Outra das suas mulheres foi Christine Kauffmann, uma actriz alemã que com ele contracenou em "Tarass Bulba", uma flácida, inexpressiva e muito melancólica adaptação da obra de Tolstoi, realizada pelo vulgaríssimo J. Lee Thompson.
No declínio relativamente a esses anos dourados, Curtis [que teve graves problemas relacionados com o consumo de álcool e de drogas--- tão trágica quanto curiosamente, o seu filho Nicholas morreria de overdose...] trabalhou na televisão [fez, por exemplo, com Roger Moore uma série que chegou a alcançar grande sucesso entre nós, "The Persuaders"] pintou [como diversos outros actores e realizadores de Jack Palance a Tim Burton foi igualmente pintor, influenciado sobretudo por Matisse] e escreveu: uma autobiografia: "American Prince: A Memoir", um romance: "Kid Cody and Julie Sparrow" e um segundo livro de memórias ["a memoir"] com o improvável [e astucioso...] título de "The Making of Some Like It Hot: My Memories of Marilyn Monroe and the Classic American Movie".
Em resultado dos excessos a que se dedicou era portador de cirrose hepática mas a causa da morte terão sido problemas relacionados com a doença oclusiva pulmonar respiratória de que igualmente sofria.
Para o pequeníssimo proletariado, sobretudo, urbano, e, dentro deste, sobretudo, feminino da época, Curtis, de algum modo, foi o que James Dean foi para a pequena e média burguesias da época: um ícone estético, um rosto ideal para os sonhos, inclusive [ou sobretudo?...] os de índole [mais ou menos disfarçadamente, como era "de rigor", nestas matérias, ao tempo...] erótica...
Como actor andou, como disse, em geral, longe do brilhantismo [consta que Sidney Poitier se mostrou de início renitente em tê-lo como 'co-star' no elenco de "The Defiant Ones", de Stanley Kramer, num papel que acabaria, aliás, porém, por valer-lhe uma nomeação para o Óscar de melhor actor] e mau grado cineastas de excepcional craveira como Kubrick [em "Spartacus"], Billy Wilder [que com ele, Marilyn Monroe e Jack Lemmon fez o clássico "Some Like It Hot"/"Quanto Mais Quente Melhor"] ou Alexander Mackendrick em "Sweet Smell of Success"/"Mentira Maldita" [num papel pelo qual teve, também, aliás, de lutar e até antes do outro que atrás cito...] terem, em especial no caso do primeiro [em "Sweet Smell of Success", por exemplo, Curtis tem mesmo de representar] sabido tirar do "boneco" que ele sempre, de um modo ou de outro, fez/foi no cinema, efeitos que outros, menos talentosos, estiveram, de facto, longe de conseguir.
No tal plano pop onde Curtis possuiu, como disse, um estatuto icónico, o seu maior sucesso nacional terá, todavia, sido um "polpudo" "Trapeze"/"Trapézio" de Sir Carol Reed [o primeiro filme americano do realizador oficial de "The Third Man"---oficial porque deste se diz que Orson Wells não está "completamente inocente" no que respeita à autoria do filme...]; "Trapeze" onde Reed juntou Curtis a Burt Lencaster e a Gina Lollobrigida num colorido e agitado triângulo edipiano que fez, como disse, furor em Portugal.
Foi casado nada menos do que seis vezes, da primeira delas com Janet Leigh com ela constituindo durante os onze anos em que durou o casamento um casal de referência no mundo do cinema.
Outra das suas mulheres foi Christine Kauffmann, uma actriz alemã que com ele contracenou em "Tarass Bulba", uma flácida, inexpressiva e muito melancólica adaptação da obra de Tolstoi, realizada pelo vulgaríssimo J. Lee Thompson.
No declínio relativamente a esses anos dourados, Curtis [que teve graves problemas relacionados com o consumo de álcool e de drogas--- tão trágica quanto curiosamente, o seu filho Nicholas morreria de overdose...] trabalhou na televisão [fez, por exemplo, com Roger Moore uma série que chegou a alcançar grande sucesso entre nós, "The Persuaders"] pintou [como diversos outros actores e realizadores de Jack Palance a Tim Burton foi igualmente pintor, influenciado sobretudo por Matisse] e escreveu: uma autobiografia: "American Prince: A Memoir", um romance: "Kid Cody and Julie Sparrow" e um segundo livro de memórias ["a memoir"] com o improvável [e astucioso...] título de "The Making of Some Like It Hot: My Memories of Marilyn Monroe and the Classic American Movie".
Em resultado dos excessos a que se dedicou era portador de cirrose hepática mas a causa da morte terão sido problemas relacionados com a doença oclusiva pulmonar respiratória de que igualmente sofria.
2 comentários:
Paz á sua alma.
Bom fim de semana.
PS-Seria possível eliminar as letras de verificação? Ficarei muito grata por tal.
São: um óptimo fim de semana para si, também.
Confesso a minha total incapacidade para satisfazer o seu pedido por... completa ingorância: não faço a mais pequena ideia do que refere por "letras de verificação"...
Enviar um comentário