sexta-feira, 2 de abril de 2010

"Vitória?! Mas Vitória de quê??!!..."


Enumero imediatamente a seguir uma brevíssima série de 'questões' levantadas pela "derrota" televisiva recente de Luís Filipe Vieira, presidente do Sport Lisboa e Benfica contra Pinto da Costa no que se refere às audiências [Sic vs. RTP] sobre as quais valerá seguramente a pena reflectir um pouco:

1. Primeira questão: foi a "derrota" em causa de Luís Filipe Vieira ou foi, de facto, a de um Miguel de Sousa Tavares, entrevistador absolutamente inexistente e, em qualquer caso, improvável, protagonista de um programa que é, aliás, em si mesmo, ele próprio, um lamentável e completo equívoco ?

2. Segunda questão: não terá, vendo agora a coisa de um outro ângulo, a "vitória" de Pinto da Costa sido muito menos a da sua hipotética popularidade e, sim, na realidade, a bem mais questionável e eticamente pouco invejável "vitória" da, por sua vez, muito discutível "popularidade" gerada pelos sucessivos escândalos sexuais, jurídicos, etc. por ele, mais uma vez, nos últimos tempos protagonizados assim como a das mais ou menos mórbidas expectativas associadas à curiosidade por eles criada num certo público ávido de escândalos e consumidor regular deles, na "informação" e fora dela?

3. Terceira questão: não devem, afinal, o Benfica e o seu presidente [um sob diversos aspectos, completamente "renascido" Luís Filipe Vieira, um homem hoje-por-hoje, muito diferente---um homem muito mais contido e agora genuinamente 'presidencial'---do que o que, há meia dúzia de anos, iniciou as actividades como presidente daquela que é a maior instituição de tipo desportivo---não confundir com "clube desportivo" que é uma coisa muito diferente: não mais nem menos legítima, à luz de uma certa realidade cultu[r]al e política mas seguramente muito diferente]; não devem, dizia, afinal, tendo em conta essa bem pouco invejável e discutivelmente fácil 'popularidade' que advém do cheiro forte do escândalo, o Benfica e o seu presidente regozijar-se exactamente por terem... "perdido" uma batalha por trás da qual a "informação tablóide" mal-disfarçada e atrevidamente espreita, associada provavelmente a um conjunto de evidentes erros de gestão que conduziram a equipa do suposto "vencedor" nas audiências à situação de completo derrotado [e aí sem aspas!] no campo onde, com a ajuda das... "ajudas" que são de todos conhecidas, nos últimos tempos se habituara, pelo contrário, a mandar?...

4. Concluindo: "perdeu", de facto, Luís Filipe Vieira?

Eu resumiria dizendo que, se calhar, tendo em conta as prováveis razões que admissivelmente subjazem às "vitórias" associadas [ou associáveis] à brumosa personagem pessoal e institucional do "vencedor", ainda bem que assim foi e que, enquanto "vencedor" e "vencido" permanecerem à frente das instituições que hoje lideram, tudo indica que assim continuará a ser, ou seja, uns ganhando no decoro, na contenção e no aprumo, outros fazendo as cada vez mais lamentáveis e patéticas figuras tristes que são afinal o principal---senão mesmo, no limite, o único sólido---garante dos shares junto de audiências, em larguíssima medida, analfabetas, reais ou funcionais, persistentemente atrasadas e culturalmente terceiro-mundistas como são indisfarçavelmente aquelas que "frequentam"---e fazem, afinal, o bem debatível sucesso global---das SICS e TVIS cá do burgo...
Como diz "o outro": perder assim não deslustra; o que deslustra---e de que maneira!---neste tipo de "jogo", tendo em vista os fundamentos [i] morais que claramente subjazem às "vitórias" em causa, é mesmo... "ganhar"...

1 comentário:

Gonçalo disse...

Pois é eu não vi nenhuma entrevista porque eu só gosto de futebol jogado no relvado.De facto a imprensa tablóide aproveita-se dessas situações porque isso vende e não há volta a dar.Mas isso só me dá razão quando falo da falta de cultura desportiva,da falta de paixão pelo jogo que há em Portugal, porque quem vê essas entervistas serão adeptos dos clubes (de futebol já tenho mais dúvidas).
Tenho também a convicção de que Luís Filipe Vieira não deveria falar de nada que envolvesse o F.C.Porto como e bem não tenta falar, aliás nem deveria ter dado nenhuma entrevista.Eu nestas coisas preferia que tivesse deixado o Pinto da Costa a falar sozinho, mas as tentações às vezes são terríveis...
O presidente do Benfica não precisava de marcar a posição perante o F.C.Porto.O Benfica ainda é um clube universal com muito mais adeptos, tem de funcionar como referência tal como o Sporting, este mais no caso de um ecletismo que descurou completamente, e virar-se para um novo futebol jogado no relvado,ten de ser o Benfica a avançar não podem ser clubes mais pequenos e regionais.O que o presidente do Benfica devia falar era dos contratos telivisivos, de novos formatos das competições mais rentáveis, de assumir o futebol como indústria em que vale a pena investir, de falar numa Liga europeia com outros grandes clubes europeus e não estar a olhar para baixo a ver o que o outro senhor diz que não interessa para nada. Mas isso parece que continua e afecta os adeptos que alinham muitos deles num ódio mais próprio de um clube regional com inveja do universal.É que alinhar num ódio ao Porto e ao Norte é um tiro no pé pois despreza completamente os imensos adeptos benfiquistas dessa região.