domingo, 18 de abril de 2010

"Um Humorista Português Esquecido" [Incompleto/por rever]


Estou cada vez mais rendido ao novo humor português!

Delicio-me com o "humour" subtilmente "neo-harakirisard" dos gatos, com o humor-cacetada dos "Homens da luta", com as crónicas "em falso negro" do irrepetível Pulido Valente!

Esse, então, enche-me, por completo, as medidas.

Muita gente não percebe o finíssimo humor desse novo Eça "com vista para Telheiras"

[Um amigo meu, discípulo pós-moderno do falecido Pacheco, um dos tais que infelizmente não consegue distinguir o subtilíssimo "neo-sternismo crítico" por baixo da prosa falsamente negra do grande humorista---a quem acusa de "suburbanidade mental crónica" e "chiadismo verbal sem eira nem beira"---costuma dizer-me, a propósito: "Aquilo com o tal Valente é uma estucha imensa---e um invariável dejà-vu: a gente com as crónicas do Valente, começa sempre bem, com uma ideia boa mas, mal nos descuidamos, já estamos no infalível 'Trás! Pás! Pim! Telheiras"...

"Ou Trás! Pás! Lumiar"---apresso-me a acrescentar eu por instintivo pudor verbal...

Pois, hoje, o Valente [que já aqui "há atrasado" como diz o outro] se tinha posto em "bicos dos pés verbais" para tomar uma espécie de [sarcástica, só pode ser!] defesa de um tal Bento Não-sei-quantos e da empresa que este dirige contra uns quantos neo-luteranos e anti-cristos profissionais que se lembraram de se "faire enculer" por padres em diversas sacristias por esse mundo fora apenas para comprometeem o bom nome da multinacional respeitada e com clientela [por acaso bem selecta!] em todo o mundo que o tal Bento dirige; pois, hoje, dizia, o tal Valente voltou à carga com o seu afiadíssimo humor de "subinglês com batata a murro", agora para chamar jacobinos e iluministas-com-aspas aos desgraçados cujos traseiros gozaram do debatível privilégio de acordar a padralhal cobiça.

Implicitamente a esses[cujos direitos chuta despreocupadamente para canto---para o corner salvador de um limbo argumentativo qualquer: aquilo é mais rabo, menos rabo, como dizem os violadores---os de facto e os em-espírito---daqueles e daquelas que uns e outros, afinal, à vez, vão violando: "Ora! Alguma coisa eles fizeram para acontecer «aquilo»!..."] e de forma expressa aos que contra o indefensável e doentiamente sempre obstinadamente mantido "apartheid de género" que dura na empresa há não sei quantos séculos [e que é, obviamente, a mola real por trás da generalizada rebaixaria e do multicontinental abuso] se vêm insurgindo, denodadamente, um após outro.

Desta feita, porém, vai mais longe---e aduz: a imutabilidade da igreja perante questões algumas delas objectivamente inargumentáveis como a homossexualidade e/ou o celibato e a ordenação de mulheres", não possuindo, embora, qualquer hipótese intelectual ou até "apenas" eticamente considerável e até humanamente respeitável, digna, de serem, hoje-por-hoje, argumentadas [isso, pelos vistos, não "interessa nada agora", como dizia uma inutilidade pública conhecidíssima] são, afinal, um traço da sensatez táctica e até, se calhar [tudo na prosa do humorista o permite concluir] da maioridade estratégica de uma Igreja que, segundo ele, está condenada a sobreviver apenas na condição de permanecer atrasada, medieval, discrimatória e, numa palavra, obscurantista e bronca, como até aqui!

"Qualquer fraqueza", acrescenta o grande humorista com característico sarcasmo, "a trransformará numa instituição vulgar e mais não sei quê não sei que mais".

Claro que reconhecer às mulheres o mesmo direito que aos homens [a alguns porque aos gays... "está de chuva", como diz um sobrinhito meu adolescente] é "mera fraqueza"; claro que reconhecer a duas pessoas que descobrem, a dado passo das suas vidas, que não querem viver mais tempo juntas apenas porque um dia cometeram o erro de casar uma com a outra a liberdade de tomarem em mãos a gestão digna, autónoma e responsável do resto das suas vidas é "fraqueza" e claro que reconhecer que não compete a ninguém, instituição ou pessoa, exercer a mínima [e impensável] tutela na forma de um monstruosamente intrusivo e tirânico "direito" a determinar as formas estritas e estreitas da intimidade de cada um é outra "fraqueza" a que a empresa não pode permitir-se.

E assim sendo [que me desculpem os meus amigos menos dados às coisas do desporto pela imagética escolhida!]: pontapé para a frente e fé---em Deus, claro!

Em Deus que [está bom de ver!] só pode mesmo é rever-se na discriminação, na repressão---na estupidez pura e simples---transformada em estratégia para lidar com o inevitável.

Em expediente para fingir que o inevitável é opção, estratégia e/ou desígnio.


[Imagem extraída, com a devida vénia, de ?]

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