domingo, 2 de maio de 2010

"Ainda Maio..."


Duas das pessoas que mais admiro entre todas as poucas que realmente admiro, Vasco Gonçalves e Álvaro Cunhal, juntaram-se na pena iluminada do segundo, para nos dar este retrato daquele que considero, ainda hoje, o mais sério, mais genuinamente puro mas também, o mais trágico dos Homens de Abril.

Num "reino da estupidez" como parece fadado por alguma potestade malévola para ser o nosso pobre país ["plutôt qu' un pays pauvre, un pauvre pays", por muito que nos custe a reconhecer e a aceitar!...] "onde os truões são reis e os reis truões" duas figuras desta invulgar dimensão---intelectual e humana, sobretudo, uma; cívica e, ainda e sempre, humana, a outra teriam inevitavelmente de gerar ódios e despeitos, ressentimentos e medo---o perigoso medo dos cobardes de profissão e medíocres por natureza e instinto de que se encheu a nossa vida política de '75 e do pós-Revolução para cá.

Aos dois quero lembrar de um modo especialmente sentido e vibrante aqui, neste Maio de 2010, em que se comemoram 36 anos daquele que, protagonizado activa e sempre empenhada, sempre generosamente, por ambos se ergueu, a dado passo, na nossa História comum recente como um momento de singular esperança para, meia dúzia de meses apenas volvidos vir afinal a revelar-se a "aurora de... coisa, ao fim e ao cabo, nenhuma"...

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