"«À Mes Amours» ou «VIVA O BENFICA, PORRA, QUE UM HOMEM NÃO É DE PAU!»"

Eu até nem queria mas...

Tinha decidido que este ano ia celebrar discretamente, em privado, muito caracteristicamente "à bicho-de-mato de carreira" que sou [sou, pronto, um homem é modesto e isso tudo mas há momentos na vida em que se não for ele mesmo a gabar as suas próprias virtudes e melhores qualidades quem há-de ser, não é? Que isto de ser "bicho-de-mato" tem regras e normas que é preciso cumprir com a devida atenção, ciência e escrúpulo, não é para todos, ham?...] mas, depois, não consegui resistir...

Uma pessoa para mim "especialissima e muito única" [que até nem gosta de futebol, por acaso, e é uma daquelas duas pessoas e meia que, em Portugal, até há pouco não era do Benfica...] teve a desvanecedora lembrança de me enviar a imagem que ilustra esta "entrada" e aí, pronto, nem a compostura e a bicho-do-matice mais experientes e tenazes tiveram pernas para andar e estofo para se aguentarem no balanço ou nas canetas e eu deixei de resistir mais: peguei na imagem e zás! Chapei-a aqui no velho "Quisto" [que com o súbito transporte e a entusiástica impetuosidade, a irreprimível, arrebatada fogosidade do gesto, até abanou todo nos bits...] como um tributo mudo mas deslumbrado à mais irracional mas também empolgada e empolgante das paixões irracionais mas, sobretudo, como um sensibilizadíssimo e comovidíssimo, completamente desvanecido [rendido mesmo!] preito de homenagem ao sentimento com que foi enviada e ao outro, sem dúvida, maior e mais emocionado ainda com que foi recebida...

Que é como quem diz: "Oh! Pá! Deixem-me lá que perca [um bocado, pelo menos...] a cabeça neste belo dia de Maio e de Primavera em que vou comprar tudo o que fale do Benfica e andar de sorriso idiota estampado no rosto o dia inteiro [com a única excepção do momento em que às cinco horas tiver de comparecer no rendez-vous há muito marcado com o dentista que me há-de ficar com um pedaço estimado e precioso da boca e ainda me há-de pedir dinheiro para o guardar lá em casa, vocês vão ver...] e que---uma vez na vida, que diabo!---um tipo em geral discreto, retraído, sorumbático e, às vezes, demasiado rezingão até para o próprio gosto, se passe de vez dos carretos e berre também como os outros malucos todos que encheram a avenida---e as avenidas todas por esse País fora:

VIVA O BENFICA, PÁ!

Viva o Benfica e pingue pipa que que amanhã o juízo [e o Sócrates e a ministra da Educação e os discursos do Cavaco e a vozinha esganiçada e irritante do Papa e todas essas fatalidades ou maldições mais ou menos "curriculares" com que Deus ou o Diabo decidiram que nos hão-de chatear até à morte]; tudo isso e mais o juízo, pois claro, amanhã, se Deus quiser, hão-de voltar!...

Mas até lá, então, que vivam as pessoas "especiais e muito únicas" que se lembram de nós nestas alturas e que são, afinal, o que de melhor e "mais... único" se leva desta vida e que

VIVA O BENFICA!

pois claro que à sua maneira também tem o seu papel especial e único nessa coisa preciosíssima, rara [e cada vez mais cara...] que é a própria Vida!