sábado, 1 de maio de 2010

"1º de Maio"


Justificar-se-á ainda verdadeiramente celebrá-lo, hoje, num mundo em que um modelo de organização económico-política completamente esgotado e sem soluções nem vontade de criá-las e gerido, no caso português, por um governo de incompetentes desemprega 1600 concidadãos por semana?

MIL E SEISCENTOS PORTUGUESES POR SEMANA!

Não soará demasiado a sarcasmo e humor negro essa ideia de celebrar o dia do trabalhador num mundo histórico, económico, social e político onde o trabalho se converteu num autêntico "artigo de luxo" cada vez mais restrito e precário?

Num mundo em que, titulava um diário hoje, 45% dos portugueses jovens, recém-licenciados, tem de recorrer a "pedidos" e "cunhas" para encontrar um?

Onde o Estado emprega apenas três [TRÊS!] em cada 100 portugueses?

Justificar-se-ia, claro e mais do que nunca aqntes na nossa História colectiva se da parte destes víssemos um único encorajador sinal de reacção, de vontade e intenção de organizar-se no sentido de interpelar modos de organização económica, social e política ou até mesmo sindical que já deram o que tinham a dar mas que continuam a ser teimosamente apresentados como a única solução para um problema que é, afinal... tudo isso.

Que são, afinal, esse modelo de organização económica social e política e esse outro paradigma de estruturação laboral incapaz de renovar-se e contribuir efectivamente para renovar a sociedade e a História.

Nesse absurdo projecto de impingir continuamente à História os problemas como solução dos próprios problemas, por um lado e de nada fazer de realmente actuante para mudar esse monstruoso absurdo reside, afinal, numa palavra, o grande impasse histórico social e político do nosso tempo.

Celebrar o Dia do Trabalhador num mundo sem trabalho?

Só por troça, por imperdoável ingenuidade ou como grito de revolta, insubmissão e firme reafirmação do princípio marxista de que é imprescindível transformar a História, por maioria de razão num tempo em qwue ela deixou já manifestamente de ser apenas... reformável.

Nesse sentido e nesse espírito---a penas nesses---
VIVA O 1º DE MAIO!


2 comentários:

Ezul disse...

Sim, que o 1º de Maio se afirme como a vontade de mudar e de exigir a mudança! Porque é impossível não ver que o emprego precário e o desemprego negam às pessoas a dignidade, a participação, o futuro - a vida!

Carlos Machado Acabado disse...

Ezul!
Que bom vê-la por aqui!
Que saudades já tinha dos seus comentários!
É nestes momentos de quase desesperança perante a inquietante indiferença colectiva face a um conjunto de problemas económicos, sociais, políticos, históricos, etc. como poucas vezes terá havido antes na História que a presença reconfortante dos Amigos nos é mais necessária---e ainda mais cara para nos devolver alguma da energia perdida para continuar a resistir!
Um beijinho especial de 1º de maio!