sexta-feira, 17 de julho de 2009

"Vejam lá o meu drama!..."

Do "Público" de 07.07.09 retiro a verdadeiramente extraordinária informação (cf. "Público" de 7 de Julho de 2009, artigo "Proibidos de entrar: Como é ser polícia em zona de tiroteios frequentes") de que, perante o problema da insegurança em determinados bairros ou zonas de Lisboa---insegurança extensiva às próprias forças de segurança como reconhece implicitamente a tutela, o comandante da Divisão Amadora teria dado ordens à polícia para não (repito: para não) entrar, pura e simplesmente, em um desses bairros, a saber, o de Santa Filomena .
Lê-se e dificilmente se acredita!

Mesmo para um governo 'de' Marias de Lurdes e Mários Linos (ou Manuéis Pinhos) é francamente demais!...

Já sabíamos, por exemplo, que apenas cerca de 30 por cento da população portuguesa podia esperar vacinar-se contra a gripe A (e, mesmo assim, ao que tudo indica, apenas depois, não antes, de ter possivelmente contraído a patologia, considerando que só são esperadas, as poucas vacinas que o governo português é capaz de disponibilizar aos que nele não têm mais remédio senão confiar-lhe a defesa da sua saúde, no final do ano quando se prevê que a patologia atinja o auge em termos de pessoas contaminadas), tudo isto no cumprimento de uma linha de política sanitária que faz (Deus me perdoe, como diz o outro!...) inquietantemente lembrar a primeira (e única!) viagem do "Titanic": duzentos salva-vidas por cada mil passageiros e, se calhar, um rosátrio e um frasquinho de água benta a cada um dos restantes a quem o fado ou a Improvidência não reservaram um lugar entre os "duzentos"...

Eu (que dei, no início da minha carreira profissional) aulas numa certa Escola da capital, outrora um colégio de élite mas, nesses remotos idos de setenta já em profunda e irreversível decadência) penso, ao ler a notícia atrás citada, no "Titanic", seguramente, mas, da minha experiência pessoal, também e até antes dele, na referida Escola onde um director com um projecto de gestão, afinal, na (in) essência em tudo irmão gémeo do do governo vigente, perante a ruína física da Escola daqual, a cada dia, parecia ruir mais um pedaço de tecto, reagia ao descalabro com a brilhante medida de... mandar pura e simplesmente encerrar, a cada derrocada, um nova sala, renviando, de passo, o cada vez mais reduzido contingente escolar para uma das restantes que ainda fosse conseguindo... ter por cima, um tecto que não tivesse ainda desabado!

Reparações?
Não--- que saía caro!

Afinal, a escola tinha salas que "nunca mais acabavam" e o processo pôde prosseguir durante vários meses.

Quando eu saí por terem, pura e simplesmente, deixado de pagar aos professores (porque saía caro!...) ainda estavam, o director e o único 'contínuo' que restava, laboriosamente a entaipar salas e a, no caso do primeiro... a gerir empenhada (semesquecer: economicamente!...) a escola.

Faço, agora, quase instintivamente esta analogia mas, uma vez feita, um profundo incómodo me assalta bruscamente: é que a escola em causa acabou por (inevitavelmente) fechar.
Terá despedido o tal último 'contínuo', mandado dispersar o, nessa altura imagino que já minúsculo, contingente discente, despedido o último professor e, pronto, encerrado.

Pois... porque uma escola pode encerrar.

Afinal, escolas há muitas e os professores não hão-de ficar eternamente desempregados (há cafés para servir, caixas de supermercado para atender, toda o tipo de biscates para fazer...) nem os alunos sem aulas noutras instituições.

A minha dúvida---a minha inquietação é: se a analogia entre a velha escola "Académica" e o País continuar por aí adiante, para além das salas fechadas (que, na actualidade e no caso do "País sucático", correspondem aos bairros cujo acesso se veda aos polícias portugueses... para protegê-los) e alguém tem por fim a luminosa ideia de aplicar a receita ao país inteiro, "fechando-o" de vez (para nos proteger a todos, claro, que isto de ser português com certa gente envolve sérios riscos... para onde é que eu vou viver, casado, com dois cães e um monte de livros de que não quero desfazer-me??!!...

Já pensaram??

Sem comentários: