Interessante e muito esclarecedor, sem dúvida, o texto do "Expresso" de 24.07.10, sobre o uso do véu feminino.
De facto, o texto do jornal "é" sobre muito mais do que isso: é, também [e é, mesmo, num certo sentido, sobretudo---de forma implícita, ao menos] sobre o modo como se formam e se fundamentam os universos cultu[r]ais, em mais de um sentido meros receptáculos de anteriores biofilofuncionalidades ulteriormente desactivadas dos usos originais pelos indivíduos e pelas espécies e retidas em "bolsas subconscienciais" situadas mais ou menos "imediatamente abaixo" da «memória funcional» dos indivíduos [admito que, em certas espécies não-conscienciais, o processo ocorra também sob formas genericamente em tudo semelhantes] que se originam na própria capacidade, ela mesma funcional ou funcionante, de os indivíduos reterem informação com ela formando a prazo, sempre tendo em vida a informação sobrevivencial que os anima e, em tese, no fundo, explica, verdadeiras "identidades" estáveis destinadas a servirem de suporte a um modelo significado de "inteligência [ou de "inteligenciação"] da realidade", intrinsecamente associada ao que chamo, em geral, a "propriedade ou atributo continuacional básico da matéria", por sua vez, ligada à própria estrutura e natureza 'expansional original da realidade' material.
A "cultura" [o que chamamos "Cultura"] explica-se, em tese, a meu ver, por aí por essa inaptidão da consciência para perder conteúdo, por um lado e, por outro, pelo atributo consciencial de ela se fixar a si própria segundo percepções próprias inteiramente críticas ou "criticionais" do Tempo ["tempo consciencial" ligado à capacidade para gerar imagens puras ou puramente teóricas do real] acumuladas numa "consciência funcional" estabilizada a que passámos, a dado passo, a atribuir o nome específico de "identidade".
De facto, a identidade não passa, em última instância, de um "acúmulo significado" de informação que se retira [que a "consciência" "retira funcionantemente" retira] do seu 'curso temporal' original a fim de ser utilizada ou contínua e ulteriormente investida na prossecução das «tarefas vivenciais» ou «vitacionais» que, a meu ver, explicam---e fundamentam---a existência [a essência ou "condição essente"] dos indivíduos das distintas espécies.
A Cultura deriva, pois, em última [mas real] análise da própria natureza expansional/dissipacional da realidade: é um resíduo da própria funcionalidade original desta que ela integra instintualmente em si porque vem dotada da 'pulsão funcionante' para se auto-reconhecer na própria informação que gera de modo a ser capaz de reutilizá-la continuamente a partir do momento em qjue é gerada.
A ilusão que temos de possuir uma "identidade" resulta, em meu entender, precisamente daí.
Ora, no caso do véu feminino, é evidente que, na origem, se encontra a função da multiplicação de "filobioparadigmas significados" [a geração das «anisotropias ou individuicidades funcionantes» que compõem as novas formas/funcionalidades da matéria, a partir de dado ponto vda sua "volução"] e a necessidade original sentida pela matéria assim 're/distribuida' de gerir o próprio processo de re/produção das mesmas, sempre alimentada por uma informação funcionante onde, insisto, radicam "en fin de partie", as formas "conscienciais" [isto é pós- ou meta-funcionais] de "moral[idade] sexual".
O cobrir do corpo feminino [que dá origem ao pudor, uma "desconstrução conscienciante significada" da necessidade de controlar o próprio processo de geração de novos indivíduos ou individuicidades] dá origem às formas meta-funcionais [descentral ou descentrantradamente cultu(r)ais] que hoje conhecemos onde se integra o uso simbólico do véu.
Como acontece com o matrimónio, a fidelidade sexual como "valor", etc.
O "problema" da consciência é que ela se revela incapaz de refuncionalizar a informação que retém e, sobretudo, de ressignificá-la e/ou de triá-la de modo a evitar o completo "achatamento epistemeomórfico" e os "curto-circuitos gnoseomórficos" quando a informação ulteriormente desactivada da respectiva funcionalidade original entra na "cultura"---ou, de um modo mais radical, mudando de estado físico e passando "ao estado gasoso da cognicionalidade" se torna, ela mesma, "cultura".
Por enquanto consciência e consciências reflectidas fixamente numa "cultura" não percebermos realmente tudo isto é que surgem problemas como o "problema do véu" que começando por se encontrar mais ou menos "simbologicamente neutralizado" num código "religioso", a dado momento extravasou para o domínio cultu[r]al sentido amplo e o contaminou de forma que ameaça criar situações de ruptura como as que estão a ocorrer em França, por exemplo, com o célebre véu islâmico.
[Imagem extraída com a devida vénia do site do Centro Cultural Beneficente Islâmico do Ceará, Brasil]
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