Um jornal norte-americano chamou-lhe qualquer coisa como a "paladina" ou a "advogada", a "campeã da vida" ["pro-life advocate"] no que pode ser visto, para além obviamente de uma referência directa ao papel desempenhado pela actriz na defesa de causas concretas nesta área, como uma espécie de alusão mais ou menos indirecta às várias vezes em que teve de se defrontar com a morte ou a ameaça muito próxima dela.
A sua, na forma de que quase-morte prematura aos 37 anos e a da filha mais velha, fruto do casamento com o escritor Roald Dahl, falecida aos sete, depois de um outro filho de ambos ter sido atropelado num acidente que o deixou com sequelas para toda a vida.
Em '65, sofreu ela própria uma sequência de AVCs que a deixaram temporariamente paralisada e sem fala.
Durante as filmagens de "The Fountainhead", protagonizaria com Gary Cooper uma relação amorosa que deu brado na puritana Hollywood e que a levaria a confrontar-se [para além da possibilidade de um fim prematuro da sua própria carreira] ainda uma vez com a tragédia pessoal e a morte na pessoa de um filho que teria tido com Cooper, caso tivesse chegado a nascer.
Na autobiografia, "As I Am", Neal declara-se profundamente arrependida da decisão à época tomada de abortar [algo que, disse, a perseguiria toda a vida] e escreveu que, se tivesse podido voltar a viver o romance com 'Coop' não teria cedido às pressões do actor para que abortasse.
Em termos estritamente cinematográficos, teve um Óscar pelo seu papel em "Hud" [exibido em Portugal com o título de "O Mais Selvagem Entre Mil"] de Martin Ritt com Paul Newman e receberia ainda uma nomeação para outro, em '68, pelo papel que desempenhou em "The Subject Was Roses" do pouco conhecido Ulu Grosbard.
Esteve, entre diversos outros hoje mais ou menos esquecidos, no elenco de filmes que são, de um modo ou de outro, verdadeiros clássicos, obras de referência ou até mesmo uma 'de culto' como "The Day The Earth Stood Still" de 1951, dirigido por Robert Wise; "A Face in the Crowd" de Kazan [baseado no romance de Budd Schulberg] em '57, "Breakfast At Tiffany's" de Blake Edwards, a partir da obra homónima de Truman Capote ou o já citado "Hud" de Ritt, um dos renovadores de Hollywood, filme que lhe valeu o Óscar.
Era uma actriz discreta com uma técnica poderosamente contida, nunca óbvia nem impositiva que valia, sobretudo, pelo que o seu belo rosto e o seu olhar particularmente impressivo eram capazes de sugerir.
Faleceu com 84 anos, na sua redidência em Edgartown, Massachussetts, de cancro no pulmão.
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