domingo, 29 de agosto de 2010

"Silêncio a Frágil Estação"


Aqui regresso envolto em sombra ver a tarde repousando a dois incessantemente recomeçando sobre as searas
dormindo destra e descuidada sob a completa primavera
o silêncio ofuscante das dunas a ferver de cansaço
a esfera indefinida da distância com as mãos de sombra rodeando os joelhos
a coluna erecta do silêncio
as mãos de luz fulgindo no som metálico das aves a caminho do voo
a cinza intranquila dos cravos
infectando de
brilho e fogo a pesada luz de agosto.

a fadiga deslumbrante do verde enrolado em cada caule
a doença maci[ç]a da beleza cintilando de uma lenta alegria
que corrói a memória
os frágeis músculos da luz deixando vestígios de estrelas e areia ardida
no repouso vertical do arbusto dos teus braços
a ferida primaveril do horizonte

a tristeza adiada para outro dia
o dia
a etapa de ar e de silêncio
e o silêncio
ah o silêncio
a frágil estação!

[Imagem ilustrativa: "Landscape" de Levi van Veluw]

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