quarta-feira, 10 de junho de 2009

"A sociedade inversional" em [animado] diálogo com quem a... «inversionou»"


Depois das recentes eleições (supostamente: muito supostamente, aliás!...) destinadas a eleger um tal 'Parlamento Europeu' sobre o qual a maioria de nós, cidadãos, tem, na melhor (que é também a mais improvável mas enfim...) das hipóteses, uma vaguíssima noção--e especificamente depois dos resultados que, a partir delas, se geraram, de imediato se iniciou uma espécie de pré-campanha de oblíquo condicionamento do voto cidadão com base na extraordinária ideia de que, se a votação agora obtida viesse a repetir-se (ainda que seja exctamente essa a vontade democraticamente expressa do eleitorado) nas próximas legislativas, o País, coitado, fica... "ingovernável".

Quanto a mim... oiço e rio!

Rio porque o pressuposto (chamemos-lhe) "teórico" ou "teorético" subjacnte a esta espécie de... (democratíssima, como se vê!...) chantagem é, de facto, notável!

O pressuposto é este: o que conta, na essência, numa sociedade... democrática são os partidos: a sua (i?) lógica, os seus interesses, os seus... "partenariados" recíprocos, os seus 'negócios', as suas estratégias e "arranjos"...

Eles têm; cada um deles tem, pois, uma ideologia ou um decálogo (ou um "endecálogo" ou, nos casos mais... luxuosos, um "pentacálogo" ou o que quiserem--"take your pick"...) de "princípios" de que (claro!) democraticamente não podem, pura e simplesmente, abdicar lá porque um eleitorado e uma cidadania qualquer se lembram de decidir que, para a sociedade que todos globalmente conformam, querem isto ou aquilo...

São, além disso, os partidos compostos (o "pê-ésse", então, não fosse a gente ter-se já esquecido "como é", escassos meses após o "intermezzo" burlesco-Santana Lopes--o "comedy relief" de Manuela F. Leite, como é sabido tal como, por exemplo, Valter Lemos o é de José Sócrates...--tem-no, aliás, demonstrado à saciedade com a maior e mais completa «colecção» de autênticas nulidades políticas (e mesmo intelectuais...) de que há memória, entre "gloriosas inexistências" devidamnte atestadas e im/puros agitadores sociais do melhor e mais... moderno que há...); mas, dizia, os partidos são, além disso, compostos (ou dirigidos no «vértice» respectivo) por "génios" omniscientes providencialmente 'iluminados' a quem Nosso Senhor terá, ao que tudo indica, voltado a confiar, num Monte Sinai (pós) moderno qualquer situado entre um primeiro andar no Largo do Rato e uma cave na Rua de Buenos Aires à Lapa, novas versões, completamente "updated" e integralmente "upgraded" das famosas "Tábuas" originais, agora aplicadas à condução de micro-sociedades "euro-vegetativas", convenientemente anestesiadas errantes na História e (graças a Deus!) órfãs de pastor...

Estão, devido a esse estatuto de "conclave de gente histórica e politicamente predestinada", de "raça eleita" da pseudo-cidadania, pois, impedidos de mudar ao sabor dos ditames puramente incidentais, circunstanciais e invariavelmente 'menores' de uma vontade cidadã qualquer que se lembre de lhes «aparecer pela frente», de posições "teóricas" e, consequentemente, de se ajustarem à vontade popular (lá está, como eu atrás dizia) 'democraticamente expressa nos votos'.

"Isso são pinotes!", como dizia 'o outro' (traduzindo como o ministro do ambiente ministra e na falecida Universidade Independente os professores de "Inglês Técnico... "professavam" esse mesmo "Inglês" a que alguns com mais viva imaginação chamavam, então, "Técnico"...) "peanuts" por "pinotes"...
Rapidamente vieram (ou, como se diz numa belíssima canção do Zé Mário Branco: "mandaram que alguém por eles viesse") pois, mal conhecidos os resultados das tais "europeias", a público advertir: "Vocês vejam lá "como é que é", ham?!..."

"Desta vez, passa porque são "europeias" e a "Europa" vem já, como sabem, com o «manual de instruções» impresso e completo e portanto não há nada para mudar, aquilo é só para dar um ar geral de "coisa-e-tal" a quem por acaso for por ali a passar, ham?..."

"Mas, agora, vejam lá quando for mesmo 'a sério', 'tá bem?!..."

(Um pouco mais de) metade dos votos no "pê-ésse-dê" e o resto (o resto dos que "contam": estamos a falar dos votos "que contam" e a que a gente chama em família daqueles que são oferecidos aos "partidos de poder", embora a CDU seja poder numa série de sítios e o Bloco, para já, num--isso para o caso, não conta, ham?...); bom mas a questão é: metade/metade quando "for a sério", "não dá", ham?!

E "não dá" porquê?

Mas, então, vocês não percebem mesmo nada, é??!!...

Porque o País fica "ingovernável", criaturas de Deus!!

Então, vocês pensavam que eram os partidos, que era a Dra. Lactose; que era o evanescente, providencial, epustuflante e abracadabrante "licenciado em engenharia Sócrates" que tinham de se adaptar às vossas insignificantes vontadezinhas e aspiraçõezecas meniais, era??!!

Oh! Pá, pela amor de Deus, como diz a minha Tia Ausenda! Mas vocês estão todos parvos ou quê??!!...

Não senhor!
Ficam já a saber que se se põem com essas "mariquices" de vontade popular, liberdade de voto, governos representativos e essas "panasquices" todas, é a ingovernabilidade total, gente de Deus!!

Mas isto é o País das Papas de Milho ou a Terra da Açorda d'Alho??!!

Olha! Olha!

Votar como queriam!!

'Tá bem, 'tá!!
A gente; nós, os partidos, termos de nos adequar à vossa vontade e de construir estratégias objectivas para representá-la escrupulosamente e conferir-lhe fiel expressão operativa, precisa e específica, na prática??!!!
Se calhar, também queriam que o licenciado respondesse perante vós pelas barracadas todas em que faz absoluta questão de passar a vida a meter-se, pela calamidade que é a ministra da "chamada" Educação ou por aquelas coisas inomináveis e indescritivelmente néscias todas que o ministro da Economia diz e faz, não!!!
Olha-me estes, olha!!

Dá-lhes a gente a mão, querem logo o pé!!!

Não senhor, pá!

Os partidos não andam aqui para ouvir a vontade das sociedades mas para fazer aquilo que ELES SABEM que elas querem, mesmo quando elas não sabem que querem!

ESSA! Essa é que é a verdadeira missão histórica, social e especificamente política dos partidos, pá!

Vocês estão a ver o filme todo ao contrário, rapaziada!

A sociedade é assim: os partidos sabem, as sociedades--vocês todos, maltosa brava--ou se adequam a essa imensa e providencial ("god-given", como diria o Barroso, fazendo boquinhas para fingir que está a perceber ponto po ponto o que lhe escreveram para ele dizer) sabedoria e ajustam as votações de modo a "caberem" nela ou então... estamos mal, ham: a gente "chateia-se" e ninguém vota, pronto!!...

É o que vocês ganham com isso!

Nós não temos é de estar agora aqui a encontrar soluções políticas para aquilo que as vossas imaginaçõezinhas politicamente adolescentes e febris entendem que é o vosso projecto ou os vossos projectos grupais ou colectivos de sociedade.

Isso é "lá fora", pá!...

Aqui, não!

Aqui, os votos (quando os há! Olhem, no caso do tal "tratado" a que chamamos "de Lisboa" porque foi aqui que o crime ocorreu nem votos houve que era para não haver chatices de "nãos" e coisas de última hora assim e vocês deram pela falta deles? Não! Então...); pois, os votos servem, sim, para conferir a posteriori "legitimidade" àquilo que as sumidades já tinham, muito antes, decidido que era o melhor para todos, a começar pelos licenciados.

Mas os votos não podem "atrapalhar a História" e "enredar os pés ao Futuro", meus meninos!

Os votos não são para isso!

Têm de adequar-se à forma que o futuro (por nossa mediação: ele fala primeiro connosco que somos as suas "putonisas" ou "pitonisas" ou lá o que é, os seus "oráculos" e os seus xamans, em todo o caso) e "desimpedir a loja" da História, quando ela (conduzida, então, como disse, por nós) entender que quer passar pelo sítio exacto onde vós todos, cambada de estorvos políticos e geopolíticos, estais.

Assim!

Assim é que é!

Portanto, não me venham para cá com aquela do: "Ai! "A gente somos" a sociedade, a gente é que decide e vocês só representam a gente!...
A gente só QUÊ, pá??!!

Olha-me estes, olha! Tão tenrinhos!!

Se calhar vocês são tais que acham que "as estrelas são do povo" e que "Grândola era morena e usava tranças" e coisa assim, não??!!
"Ai! Eu sou o povo! Fiz uma revolução, corri com um, cairam-me logo uma data deles em cima et al!"
Isso é que era bom, pá!
Olhem e... o cuzinho lavado com água de malvas, não?...

'Tá bem, 'tá!

Façam mas é a vossa obrigação: mudem lá os votinhos de modo a caber nos projectos iluminados do "licenciado" que ele é que sabe o que é que é bom para vocês! Andem lá, andem e não se ponham com essas "bétices" de votos livres que eu ainda me chateio e faço como o Mugabe das Ilhas: fecho o País de vez e levo-o todo para casa, pronto!...
[Imagem extraída com vénia de allthingsmike.com]

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