Num texto inserto no "Expresso" de 09.05.09 (que volto, aliás, a citar noutro lado a propósito do 'grande pavor da burguesia neo-socrática actualmente em ânsias') António "Piores" de Lima refere-se aos "derrotados da História" (claro! Os comunistas-- incluindo os que... o não são) e que, segundo ele, estariam a "tentar desforrar-se" da derrota sofrida em Novembro de 1975 (ele não o diz expressamente mas é obviamente disso que ainda se trata) aproveitando, desta feita, a generosa "boleia" do recente trambolhão eleitoral infligido pelo eleitorado ao licenciado em engenharia Sócrates e aos seus "socratinhos" e "socratettes" institucionais, nas [chamadas] "Europeias".
Mas, perguntar-se-á, não é tudo isso, afinal, a conversa de chacha do costume "para aqueles lados": comunistas, assassinos de crianças e sociedades inteiras, violadores da História, blá-blá-blá?..."
Mas, perguntar-se-á, não é tudo isso, afinal, a conversa de chacha do costume "para aqueles lados": comunistas, assassinos de crianças e sociedades inteiras, violadores da História, blá-blá-blá?..."
Isso é "conversa de chacha", claro--que se explica, aliás, na totalidade, pelo tal "grande pânico" gerado pela recentemente anunciada implosão próxima do 'circo socrático'.
Bom mas se fosse apenas disso que se tratasse, estava-me eu bem ralando!...
O que me interessa mais são os medos ou as ânsias mais ou menos 'socráticas' do Dr. Lima ou do editorialista do "Expresso" ou de outro qualquer do mesmo tipo!...
Não!
O que é curioso é, decididamente o modo (implicitamente assaloiado e trapalhão) como a "questão" é aqui posta: por um lado, "verte-se a tijela do caldo a ferver", como é costume, em cima d' "os comunistas" aqui via Francisco Louçã e o 'seu' Bloco de Esquerda ('um tal Ricardo Costa'--que não tem, como é sabido, o que quer que seja que ver com o irmão de, por sua vez, 'um tal Alberto Costa', "pê-ésse" do "topo" da "escadaria partidária Rata", ex-ministro do Interior de Sócrates e actual presidente da Câmara Municipal de Lisboa faz outro tanto logo acima quando mistura "alhos com bogalhos--leia-se: professores com o P.C.P. num contexto em que os professores são ali metidos obviamente "a martelo", para fazer um jeitinho ao mano e ao governo...)
Bom, mas, como dizia, isso não passa, afinal, mais palavra, menos argumento, do trivial--do "cânone": "São eles! São os comunistas a tentar minar os alicerces da sociedade, o edifício sólido da ordem", a "parte sã da História e da Sociedade", etc. etc.
"São eles quem está por trás de tudo, maquinando na sombra, caninos ferozmente "desembainhados", farejando a carniça, espumejando de ódio e (claro!)... "inveja""...
Et al.
Por outro, porém--e isto mostra bem como "pensa" realmente a "bourgeouille" quando lhe entra (digamos assim para sermos 'verbalmente despachados' e vernáculos...) o "medo no rabinho"--que é como quem diz: quando 'Alguém' dá mostras de deixar, de uma vez por todas, de ser capaz de proteger-lhe devidamente a "quinta"...; por outro lado, porém, dizia, o interessante e o curioso "disto" tudo é o modo como, a dado passo, lucubra o articulista expressamente: o pior, exclama ele visivelmnte atormentado e receoso: o pior é que isto obtém (imagine-se!) "eco popular".
Mais, acrescento agora eu: obtém-no, pelos vistos, em tal grau ou escala que baralha visivelmente as ideias ao articulista, impelindo-o, como se constata, ao (evidente) contra-senso.
De tal modo que não se percebe, com efeito, muito bem se aquilo que, apontando com a determinação com que o faz numa primeira instância, o dedo à Esquerda (à "extrema" esquerda, "s'il vous plaît": quando é essencial assustar, há que ser muito cuidadoso com o léxico, ham?!) o bom senhor acaba, afinal, dizendo que 'os comunistas são o povo' (que--pasme-se!--os escuta e segue, admite ele, aliás, de forma clara) ou se, pondo agora a questão formalmente ao contrário, é o povo que, afinal, é mesmo comunista, confirmando, nesse caso, as (piores) suspeitas do licenciado, que nunca deixa, de resto, de "tirá-las do armário a fim de arejá-las" sempre que se vê entalado...
Que o "povo" é, no mínimo, "prequista" e, "par dessus le marché", "bloquista"...
Como diz a minha prima Aurélia: "O que faz os nervos à gente!..."
[Na imagem, capa do "Hara-Kiri", o grande jornal "bête et méchant", aqui com o sempre vitriólico Coluche na capa]
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