domingo, 23 de novembro de 2008

"O Deserto Vermelho"


Conheci pessoalmente Michealangelo Antonioni aqui em Montemor, numa sessão na Biblioteca. Eu tinha levado da minha biblioteca uma cópia do guião de "Deserto Rosso" que me tinha sido oferecida pelo Sr. Mimoso Mendes. Quis que o realizador a autografasse mas a paralisia impediu-o.
Na altura, fiquei furioso, abandonei a sala e já não assisti ao fim da sessão.
Nunca esqueci o incidente e nunca mais vi os filmes dele com os mesmos olhos.
Ou com a mesma instintiva empatia. "Blow-up", porém (que os americanos felizmente não entenderam!) é um filme fabuloso, apocalíptico, pós-nuclear, muito kubrickeano.
A metáfora final do ténis é um achado.
A fotografia de Evelyn Kahn de onde parte o presente "collage" capta muito bem a subtil impressão de "void" e de ameaça/fascinação que o filme, por outro lado, me sugere. Há também, no "collage", um grupo do artista espanhol Muñoz (que homenageio também numa série de outros "collages").
Esta quis que fosse uma espécie de críptica ironia sobre o esmagamento das coisas e das pessoas pelas respectivas "qualidades" assim como sobre a perda (a dissociação, o "shedding") de atributos por parte dos corpos em geral---e dos humanos em particular.
O facto de na imagem nada haver de vermelho alude obviamente ao jogo sem bola de "Blow-Up".

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