sábado, 23 de fevereiro de 2008

"Los jueves, milagro" ou "Dá-lhes Falâncio!"...



"E, aos domingos, dávamos milagres"...


Podia ser esta a "tradução" do título de um velho filme espanhol ("Los jueves, milagro") devidamente "cruzada" com um excerto de um não menos "arqueológico" (em termos puramente temporais, ham? Que aquilo tinha até muita graça!) texto de humor, exemplarmente dito, aliás, pelo Solnado que, nele, "fazia de" bombeiro.


Ora, sucede que numa sociedade (e num tempo) laicos como tudo como aqueles em que temos o (muito debatível!) privilégio de ir vivendo, aos sábados não se dão (já?) milagres: vendem-se revistas presunçosas e "intelektualmente berrantes" para classes médias desocupadas e que só no papel (e só "de papel"...) conseguem atingir as "alturas" com que sonham, a reboque de umas quantas Cinhas, meia-dúzia de Mituxas e outras tantas Pimpinhas e ser, semanalmente (e conformemente!) à boleia de tal fauna, "classes altas", como elas...


Para a pós-modernidade (que é como quem diz: para a charrice e a piroseira da "coisa" ficarem completas e perfeitas) o sábado desta espécie "absolutamente midieval" de gente é à... sexta...


Não estou a brincar: a revista "Sábado" (que tem, pelo menos---honra lhe seja feita!---o mérito raro de ter conseguido escapar às perigosas investidas das sanhudas truculências gráficas do Sr. Tavares Filho e, ao mesmo tempo (dupla, assinalável proeza!) às esconsas "punhetas mediáticas de fim-de-semana" do Sr. Valente, sai mesmo à sexta e, se escapou àqueles perigos e ameaças de que falei, já não não teve idêntica sorte no que respeita à prática de se artilhar com obuses alternativos do tipo Rogeiro-5 ou Avillez-24 (para já não falar no míssil ar-ar-ar-ar Pacheco 27...) com os quais pretende assegurar para si o desígnio de manter definitivamente em respeito a "classe leitora".

Ah e nunca deixa de vir carregadinha de suculentos "bifes mediáticos" (sempre ajustadíssimos à realidade nacional de hoje!) do tipo "Roteiros de charme em Portugal" (Será que algum fica na linha de Sintra?...); "Há donos que têm medo dos seus cães" (ainda se fosse: "Há portugueses que têm medo dos seus socialistas"!... Agora, os cães: fazem lá eles mal a alguém!... ) ou ainda ("last but not least"...) "Há cinco cervejas com aromas especiais que---horror dos horrores!---não estão nas lojas"!!!
(E onde estarão elas, meu Deus??!!
Será que teremos mesmo de comprar "aquilo"---com Pacheco e tudo---para ficar a saber??!!
E como viver sem cerveja---e ainda para mais com aromas especiais??!!
Oh, sorte!).

Bom, mas eu esta semana comprei mesmo a revista. Vendia ("ao preço da chuva": um neuro, duzentos paus) um livro politicamente corectíssimo do Carré (o homem até nem escreve mal, ham? E até se safou muito bem quando se lhe acabou a mina do Bloco de Leste. Só por isso, já tenho alguma consideração por ele e pelas meninges dele...).
Bom, mas seja como for, pelo "neurozito" valia a pena.
Comprei.
Pois não é que logo na página 6 (ainda não tinha tido tempo de me recompor dos quase seiscentos paus que dei por aquilo tudo) sou detido por um artigo sapientíssimo (e imparcialíssimo!) de uma senhora que assina "Direcção" (será alcunha?...) e que logo ali, ainda não havia cinco minutos de 'jogo', se põe a embirrar com um dos fulanos que constam da gravura que reproduzo acima, o manguelas da esquerda.
(Pois, da esquerda. O homem está à esquerda, o que é que queriam que ele fizesse? É de esquerda, está à esquerda! Pronto! Esse ao menos é coerente...)
Bom, mas, pois, a tal senhora e o artigo dela: que o tipo da esquerda é mau como as cobras.
Que só fuma charuto.
Que arrota (na liberdade, se calhar, sei lá!).
Que dá traques à mesa (para aí da "Demokracy" dos outros, dos que lhe bloqueiam os medicamentos, lhe fumam os charutos à sorrelfa e se chamam "mundo civilizado").

E assim.

Ah e depois, há o PCP!...
Que é mau.
Que gosta dos tipos.
Que não devia gostar.
Que é o único que gosta.

Et al.

E não é que o PCP "tem" [ao que tudo indica] "uma lingua só sua" (língua essa que, na opinião da excelsa senhora que assina o artigo, "nada tem a ver com aquela que os outros portugueses usam entre si" e que a boa D. Direcção, claro, não tem dúvidas qual seja nem de que a fala ela própria---a mesma língua de que se serve para sabientemente lucubrar sobre questões tão obviamente vitais do ponto-de-vista do interesse nacional como a dos tais roteiros "de charme", dos cães que mordem na cerveja ou dos tais donos com aromas especiais de que vem a falar esta semana...)

Porque isto, francamente: ter uma língua só sua, não se faz a ninguém: falar, se querem, se têm mesmo que falar, é como "toda a gente", com a linguinha "de toda a gente", assim tipo bandeira do Scolari à janela; agora cá falar com uma a língua "só sua"!
Onde é que já se viu isto??!!

E mais: "os comunistas portugueses não têm uma única palavra para a miséria, para a omissão (?) que leva ao turismo sexual ou para os presos políticos"!

Tal tá a raça de gente ham?!...

É o tal mal de se falar com uma língua "só sua"! Começam a falar com uma língua "só sua" e acabam pensando por uma cabeça só sua!

Não pretendem, dizem "eles", intrometer-se nas "questões da vida interna e do povo cubano": Tartufos! Gimbrinhas! Marotos! Malacuecos!

é que eles se deviam meter, se fossem boa gente!

Mas não! Aquilo da "língua só sua" deu-lhes para começarem para aí a dizer tudo o que lhes vem à cabeça sobre voos da CIA, Guantánamos, Abu Ghraibs e "democratas" e "democracias" que jogam constituições europeias "aos dados" entre eles (como os outros à túnica de Jesus...) e outras coisas horrorosas como essas!
Como disse um humorista lá deles, com muita graça, um dia: "There oghter be a law!"
É! Devia mesmo haver uma lei contra quem fala uma "língua só sua" e pensa com uma cabeça própria!
Mas não desanimemos: o "Socas" não dorme! O "Socas" anda a tratar disso!...
Ainda havemos de ser um país como a Busholândia, um dia!
Com um Iraque, um Afeganistão e vinte a tal/trinta por cento de pobres só para nós e tudo!
Olá se havemos!
Dê-lhes a gente corda e ai não que não havemos!...
Como diz o Falâncio: Tirirititi...

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