sábado, 16 de fevereiro de 2008

Bruxelas e a STIB

Meu Deus! As horas que eu passei aos comandos de uma "coisa" destas!...
Este exemplar estará a passar na Porte de Schkaerbeek e é uma "sete mil e quinhentos".
Por muito que, na altura, me tenha custado conduzir estes "objectos" (terei, já agora, por curiosidade, conduzido exactamente este?...), não consigo olhar para um deles sem sentir imediatamente uma tremenda nostalgia---não exactamente deles mas do tempo em que os guiei e de algumas das circunstâncias que rodearam o tê-los guiado.
É como quando ouço, ainda hoje, nomes como Montparnasse, Pernety, Porte de Vanves ou Impasse Dombasle em Paris e me vêem, de imediato, à lembrança (aliás, com uma emoção indescritível; literalmente com um arrepio de comovida excitação!) os meus quasi-adolescentes deslumbramentos de portuguesinho saído "de fresco" da indescritivelmente campónia Lisboínha do salazar-marcelismo que, de súbito, se sente, por instantes, dono de si mesmo à sombra da Torre Eiffell e de uma série absolutamente deslumbrante de outras coisas que, de um dia para o outro, passaram da completa neutralidade do papel onde estavam escritas para a emocionante realidade do dia-a-dia!
Isso, em França; já de Bruxelas, guardo uma memória bem mais baça e descolorida, mais solene e com raríssimos instantes de verdadeira excitação.
É a memória dos solenes e invariavelmente rústicos "controleiros" flamengos ou dos astutos francófonos fatalmente situados "in high places", dando ordens.
...Das trafulhices dos Coumonds (que me convenceram de que ia ser tradutor/intérprete no 'Mayfair', onde, afinal, me esperavam como... paquete e auxiliar do porteiro!...)
...Das madrugadas gélidas no celebérrimo edifício da C.E.E. junto ao Cinquentenário, junto das Fatmas e das companheiras marroquinas, esfregando o chão do piso não-sei-quantos com um líquido amarelo qualquer que ainda hoje estou para saber o que era...
...Dos terrores do Moreira, apavorado por umas visitas portuguesas terem feito barulho na rua depois das 10 da noite (!)
...Das noites "lunares" naquele indescritível deserto que era a Porte de Namur a essa hora...
...Dos sinistros 'bistrots' nocturnos de Bruxelas que eram a (tenebrosa!) antítese dos parisienses.
...Das lágrimas incontidas na casa de banho da Liliane quando topei com as vistas do Tejo na parede
Apenas coisas más, então?
Não diria tanto mas ainda hoje tenho presente o espantoso, imenso alívio que senti quando voltei...

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