Seja-me permitido (permita-mo, desde logo, o Samuel em cuj' "O Cantigueiro" o inscrevi originalmente) que transcreva aqui, ainda escandalizado pelo "incidente" criado pela tentativa de reprimir a todo o custo o livre exercício do direito de opinião e da liberdade de criação de um autor com Obra feita), um 'post' que, nesse mesmo espírito de indignada revolta, aí inscrevi.
Ei-lo, pois:
Aquilo que o Saramago fez foi, afinal, (voltar a) meter um pauzinho no vespeiro que é (ainda hoje!) o catolicismo (cá, 'tolicismo'? E 'lá'?...) institucional romano.
O modo como um tal Carreira das Neves, por exemplo, veio a público manifestar o seu indecoroso incómodo pelo facto de um cidadão, um escritor, ter ousado exprimir um ponto de vista (que, ao que tudo indica, Carreira das Neves à data desconhecia qual fosse exactamente, mas enfim...) em matéria que apenas à igreja institucional "compete"; que esta veda, à boa maneira inquisitorial (agora, sobretudo, em... "espírito" que "o resto" já se foi, felizmente!) à análise, à crítica, à glosa, numa palavra, à opinião, assusta precisamente pelo registo intolerante e sectário---histericamente sectário---que pressupõe e revela!
Eu ainda não li o livro e, por isso, sobre ele especificamente não me pronuncio.
Pronuncio-me, sim, sobre este recrudescer cíclico de uma espécie de convulsiva atmosfera de desesperada e insidiosa pulsão repressional tópica que confirma, afinal, a necessidade de "abrir janelas" e "deixar entrar ar puro" num espaço mental e ideológico onde reinam aparentemente, há muito (desde Galileu, desde António José da Silva, no caso português, desde o Index, desde 'Fátima', desde Cerejeira ou João Paulo II e os "usos políticos" da manipulação dos medos e, em geral, das consciências individuais e colectivas) apenas o bafio e a patologia.
Falemos mas é de coisas sérias: vou ler o livro e depois podemos, então, passar ao que realmente releva e interessa: o debate em torno dessa que é---essa, sim!---uma obra da liberdade e do espírito!...
Da liberdade do Espírito!
Da liberdade do Espírito!
22 de Outubro de 2009 1:24
[Na imagem: Francisco Goya Lucientes, Inquisição]
Sem comentários:
Enviar um comentário