terça-feira, 27 de outubro de 2009

"Do «nacional-tanatopismo» português..."[incompleto, em construção]

Regresso, hoje, aqui àquele 'motivo' témico pessoal envolvendo uma persistente (e, em meu entender, cada vez mais estável) "fisionomia" ou "silhueta" tanatópica nacional como forma particular, própria, portuguesa, de "conscienciar", abstracta e, também, subliminar, inconscientemente, a relação tópica da nação (enquanto representação abstracta e meta-histórica de si mesma) com a própria História (desde logo, com a sua própria) assim como, num âmbito mais amplo (chamemos-lhe, com os devidos reserva e escrúpulo:) "filosófico", com a realidade em geral.
Como já por mais de uma vez defendi, creio, com efeito, que reside aí, na gradual formação (e subsequente assimilação substantiva pelo inconsciente colectivo nacional) desse modo particular de (não) pensar a História e, de um modo geral, como referi, a realidade a que chamei a "tanatopia nacional", uma espécie de "específico consciencial" e "(auto) representacional" trans-histórico ("trans-historizado") português, originado, em última instância, numa inabilidade historicamente adquirida nossa para, como sociedade, nos irmos relacionando, individual e colectivamente, com a in/acção histórica (e, num certo sentido, sobretudo com a in/acção política!) que veio a desembocar, tal como eu a vejo, então, nessa espécie de pulsão persistentemente desmaterializadora, desfactualizadora e possivelmente mesmo, de algum modo e a seu modo, transcendentalizadora que nos leva, como nação, sempre tipicamente a procurar a "verdade última" (o "sentido" último não tanto já para a História mas---e a distinção é muito significativa e relevante!---da História fora dela (para além dela: "jenseits der Geschichte", como diria um Nietzsche...) e também num conjunto de representações substantiva e inessencialmente apóricas dela que, invariavelmente, a precedem, condicionam---e, sobretudo, em última instância, determinam---quando se trata de (lá está: não) fazê-la.

Não vou regressar aqui à enunciação dos aspectos que, a meu ver, permitem na sua essência identificar e descrever os contornos gerais desse nosso persistente "ver distópico" nacional.

Sobre alguns deles já tive, de resto, ocasião de me pronunciar noutras "entradas" deste "Diário".

Aqui, vou, sim---porque permite seguramente perceber algo do mecanismo que, passando verticialmente pela integração do elemento capital Morte nos modos de (auto) representar a realidade, liga umbilicalmente o elemento laico, de natureza especificamente cultural ao âmbito declaradamente religioso que estão, em meu entender, assim acoplados, na génese daquele pensar; aqui vou sim, dizia, citar um pequeno fragmento de uma reflexão do "padre e poeta" (diz o "Público" de 24.10.09, no suplemento P2, de onde o extraio com a devida vénia)

Que, em última instância, tal como eu o vejo, é, aliás, apenas um.



[Nota: para ilustrar um tema que gira, de algum modo, em torno do "mito" de Inês (não da História, do 'mito'---Armando Nascimento Rosa fala, num contexto sob alguns aspectos análogo, não exactamente de um 'mito' mas de um "complexo" inesiano) escolhi uma imagem do bailado "Pedro e Inês" de Olga Roriz pela Companha Portuguesa de Bailado, desde logo pela fabulosa plasticidade e pela soberba "eloquência visual e estética" da mesma, num registo onde estão perfeitamente marcados erotismo fortemente subversor, quase onírico, fantástico num sentido e numa acepção hoffmannianos]

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