Uma das imagens que passaram, a dado ponto da minha adolescência, a pertencer, de modo dificilmente dissociável do meu imaginário pessoal e cultu(r)al: Joan Fontaine e "Rebecca".
De notar, na imagem que selecccionei para reevocar aqui um dos filmes mais míticos da História do Cinema e uma das mulheres que mais fortemente contribuíram para que não apenas o filme de Hitchcock como o próprio Hitchcock (aqui sujeito a alguma tirania pessoal e cinematográfica de David O' Selznick) o fossem---o sejam: Joan Fontaine; de notar, dizia, o modo como Hitch (à semelhança do que Wells fez num barroco de génio em "Citizen Kane" ou Renoir em "La Règle du Jeu"); de notar, dizia, o modo como Hitchcock potencia sabiamente a profundidade da imagem---e, com ela, a ameaça impendente sobre a "rapariga sem nome" (outra "inexistência simbólica" no Cinema do Mestre, antes do definitivo "Mr. Kaplan" de "North By Northwest")---através do cuidadíssimo desenho do campo.
De notar, de igual modo, a imagem também ela simbolicamente mutilada de "Rebecca" [o vestido, o célebre vestido---a sugestão fetichista e ominosamente desmaterializadora: a Morte que se obstina em não sê-lo] e, reforçando ulteriormente a sugestão geral de ameaça, as sombras, os reflexos, os ecos das coisas persistindo: saindo do Tempo e projectando-se obliquamente---obsessivamente---sobre a realidade.
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