segunda-feira, 6 de abril de 2009

AJUDEM MAS É O CENDREV E DEIXEM-SE DE "COISAS", OUVIRAM?!..."

Leio no "Programa" referente à encenação de "Happy Days" de Beckett o seguinte:

"O Cendrev está a passar por mais um momento de profunda inquietação relativamente ao futuro da sua actividade artística. Esta preocupação resulta da penalização que nos foi imposta pela Direcão Geral das Artes no âmbito do concurso aos apoios da actividade teatral. Não somos os únicos a reclamar a revisão do investimento na área da cultura no Orçamento do Estado - 0,37% em 2006, 0,32% em 2007, valor que se repete em 2008, e 0,27 em 2009 - esta situação é manifestamente insustentável porque nos afasta cada vez mais da realidade europeia e é geradora de profundas injustiças."

Oh CENDREV! Mas vocês são mesmo uns brincalhões danados, não são?...

Mais dinheiro para a Cultura?

Estão a brincar ou quê?

A Cultura são as "magalhadas" do "outro", pá!...

É aquela indescritível Tia-Avó, melodiosa e discretamente tóxica, que alguém se lembrou, um dia, de mascar(r)ar de Ministra da... Educação para preparar isto para a shoa cultural final que lhe fica eternamente grata e nós todos a dever a nossa actual condição de Europa (cada vez mais) dos pobres e/ou de nação "gloriosamente analfabeta" e sucática.

Cultura são estádios completamente inúteis pipocando por tudo quanto é província e bandeirinhas à janela dos parolos, a saudá-los numa língua que todos eles (parolos, bandeirinhas e estádios) falam, aliás, fluentemente e que usam, de resto, regularmente para comunicarem em código, entre si.

Cultura é a TVI, a Alexandra Lencastre, as homilias do Cerebelo em Repouso, os romances do Rodrigues pelos Cantos e as "Anedotas do Bocage" rescritas pelo Sousa Tavares (esse rombófilo "Harold Robbins Com Batatas e Grelos"...) com o nome original de "Equador" ("É co'a dor!...") e/ou de "Não-sei-quantos David Crockett".

São as 'ruínas do Herman José' e os 'despojos do Bobo Antunes' (que Deus me perdoe--do Louco Antunes?...) revistos por esse "trancalhadanças incurável" que é o inefável Não-Olhes-Mais-Para-o-Umbigo Fedes de Carvalho.

Cultura são as "sinfonias de Chopin" do outro e mais os "coisa-e-tal" cantos d' "Os Lusíadas" do outro ainda.

Cultura é o Fernando Mendes no serviço público de televisão e o Teatro, a Ópera e o Cinema com maiúscula, ou rigorosamente fora dessa mesma televisão ou "exibidos" apenas às escondidas, de madrugada.

Cultura são os Três Estarolas (mesmo quando são vinte ou trinta e mais alguns vindos de fora) à volta de um cozinhado invariavelmente repelente a que chamam, cada vez com menos convicção e fundamento, "Democracia".

Cultura são auto-estradas e, então, se forem NOVE e estiverem quase todas a mais, melhor ainda, heim?...


[Na imagem: cartaz do CENDREV para a sua encenação d' "O Inimigo do Povo" de Ibsen]

2 comentários:

Gonçalo disse...

Mas também há a cultura do agrião,do tremoço,da batata...
Eu já sabia que era uma pequena parte do orçamento que para lá ia mas esses valores só dão mesmo para rir(ou chorar).

Carlos Machado Acabado disse...

O problema é distinguir, não é?
Talvez devêssemos criar um neologismo qualquer (agora que o Acordo Ortográfico "ataca de novo") do tipo "chorir" ou "rar"...
Assim, já não precisávamos de fazer opções do tipo: um corrupto qualquer sai do tribunal e vem pavonear-se para o exterior, continuar tranquilamente a enriquecer ilícita mas não ilegalmente e, ainda por cima, nos vem pedir que o ajudemos a chegar lá onde ele pode chegar ao "pote de ouro": será para rir ou para chorar?
Assim, era mais fácil: ou "chorívamos" ou "ráamo-nos" e ficava o assunto resolvido!...