O primeiro: incide sobre um título do "Público" de hoje, dia 08.04.09: "Médicos participaram em interrogatórios da CIA em que os detidos foram torturados".
Leio a notícia (literalmente!) horrorizado.
Com ela e com a monstruosa, repugnante, cortina de fumo que o chamado "Ocidente" com o habitual "lobby eurovegetativo" à cabeça lançou sobre a imensa tragédia cultural, civilizacional, humana e política que foi o "bushismo".
É preciso ter a coragem de assumir que essa horrorosa infecção que foi o "bushismo" (como outrora o nazismo) constituiram uma espécie de "crime cultural colectivo" cometido, uns por acção, outros por cúmplice omissão, em nome de um sistema económico-político que, de resto, nada mudou no in/essencial, desde que escolheu fazer-se representar, típica e politicamente, pelos autoritarismos característicos dos anos 20 e 30 do século passado que, não me canso de dizer, são, afinal, adele a forma natural de expressão histórica e política.
Ou seja: outrora, foram as «democracias» que fecharam os olhos ao ascenso gradual e polimórfico da besta, em nome da luta anti-comunista, sujando, com o seu criminoso silêncio, as mãos na alfurja da História real do período.
Hoje, são outras as formas assumidas no imediato pelos "interesses", infelizmente, porém, os mesmos a cumplicidade e o silêncio.
Da vergonhosa, tácita, homologação dos tenebrosos voos da C.I.A. (uma peça importante do puzzle da abjecção) não escapam, com efeito, "socialistas de carreira" e "humanistas e liberais profissionais", de diferentes denominações partidárias.
A cada dia são reveladas novas indignidades e novas misérias.
Novas?
Bem, novas para nós, comuns mortais: os "chefes" (alguns deles com destacados--e bem suculentos!--cargos na tal estrutura eurovegetativa de que atrás falo, resultantes precisamente de convenientes concordâncias de momento...) esses estavam fartinhos (estavam, como diz "o povo", "marrecos"!) de saber da miséria humana, política, moral, etc. que se escondia por detrás da infame "cruzada" do tal Bush e dos seus não menos repelentes "bushmen".
Desta feita ficámos todos a saber que versões ligeiramente... "descafeinadas" do tenebroso Dr. Mangele desempenharam um papel vergonhosamente relevante na "cruzada" ou, se quisermos ser a um tempo (tragicamente) "poéticos" e, ao mesmo tempo, dolorosamente exactos, que "Treblinka não está só", "Sobibor teve filhos" e que "Auschwitz... ainda hoje... faz eco perfeitamente audível"
Ou, para falarmos "português", que "o Silva Pais... deitou rebentos".
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II
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II
O segundo: num extenso artigo intitulado "O que é que ele tem que os outros não têm" a "mundióloga" (confessadamente "eurólatra") Teresa de Sousa ocupa-se de Obama (que aparentemente venera) e, mais uma vez, da "Europa", à qual o presidente norte-americano se deslocou recentemente.
Para confirmar o que já se sabia: aquilo sobre que ninguém tinha já hoje dúvidas: que a "Europa", a "Europa" dos Sarkosis, dos Barrosos e das Merkel podia perfeitamente concorrer (com grandes hipóteses, aliás, de vencê-lo!) ao Nobel.
Ao Nobel da Paz, quero eu dizer?
Não!
Ao da Literatura! Como ficção, revela-se, de facto, mais uma vez se confirma, algo dificilmente superável...
III
O terceiro: a guerra--desta vez, a dos genéricos.
No meio do tiroteio, alguém (o bastonário da Ordem dos Médicos, Pedro Nunes) exclama: "É uma guerra económica que envolve o monopólio das farmácias" e outro alguém (desta vez, o Professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, António Vaz Carneiro) vem, por sua vez, clamar que "as empresas de genéricos competem alucinadamente (sic) umas com as outras" sendo que "isto devia ser controlado através do Ministério da Saúde e do Infarmed".
Trata-se, recordo, de saber se as farmácias podem legalmente transformar as prescrições clínicas envolvendo medicamentos de marca, de forma autónoma, noutras com genéricos.
No meio disto tudo, asseguram-nos a total equivalência dos medicamentos "de marca" e do respectivo ou respectivos genéricos e António Arnaut (vulgo: o "pai do S.N.S.") manifesta-se favoravelmente a esta possibilidade.
Mas... favoravelmente com que acreditável fundamento?
Se (i) o trabalho dos médicos é tratar doentes, prescrevendo medicamentos e o de um farmacêutico é vender estes últimos; se, por outro lado (ii), os genéricos e os medicamentos ditos "de marca" possuem acção em tudo idêntica; se, por último (iii), se trata, como diz o bastonário da Ordem dos Médicos, de uma guerra comercial que está na base do problema, que diacho tem o poder político, legislando, de intervir nela tomando o partido de um dos... beligerantes?...
Não serão já médicos a mais?
E não será isto proteccionismo disfarçado de medida "caritativa" ou "social"?
Afinal, a quem devemos ir queixar-nos em caso de erro... médico?...
[Imagem: extraída com vénia de truthdig.com ]
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