Confesso que nunca gostei muito de... "ólogos".
De certos "ólogos", pelo menos...
De "eurólogos" ou "europólogos", seguramente.
Os "europólogos" são, como é sabido, os teóricos vulgares da "euromania" ou da "eurocracia"--as quais são, por sua vez, um embuste democrático de dimensões verdadeiramente gigantescas que vem sendo, há anos, como também se sabe, «vendido» pela melhor (e mais pura) democracia.
A Dra. Teresa de Sousa que escreve no "Público" é "euróloga".
Como a Lua, o Sol (e de há um tempo para cá também Vital Moreira...) aparece regularmente mas (ao contrário dos dois primeiros) não exactamente para iluminar generosamente o vulgo e inspirar, em particular, poetas, por exemplo: aparece, sim, para nos «vender» (ou tentar «vender») um produto novo (aparentemente com algumas persistentes dificuldades para entrar 'canonicamente' no mercado comum das ideias e dos hábitos dos europeus mas enfim...) chamado (im!) precisamente... "Europa".
Chamado mais (im!) precisamente "União" europeia.
Primeira questão: como é possível pensar em fazer uma "união" envolvendo milhões e milhões de pessoas por decreto é coisa que não parece atrapalhá-la--assim como aos seus sempre "verbalmente suculentos e argumentativamente muito nutritivos" comentários, aliás.
É preciso dizer que aparentemente em... "eurologia canónica" tal "união" deve possuir todas as principais características senão da "fatalidade" pura e simples, seguramente de uma em tudo sólida e sacra inevitabilidade: tontos são os que do facto (sublinho: do facto) ainda não se deram a devida (e, ela mesma, ao que se supõe, inevitável) conta: "as habituais vozes do PCP e do BE", como as designa especificamente a Dra. Teresa.
A redacção, de resto, diz tudo: um princípio nuclear da "eurologia" é, aliás, (in) justamente esse de que aparentemente, em "eurologia", não há singular fora do cânone ou ortodoxia.
Isto é: eu ou os senhores não podemos, por exemplo (a redacção do texto confirma-o, aliás, de forma implícita mas clara...) individualmente não ser, no caso vertente, pela coincidência exacta entre a "União" que ninguém parece querer (dos que foram sobre a sua formação teórica ou técnica expressa e democraticamente consultados, quero eu dizer) e a NATO.
Ou "faz de conta" (TEM de fazer implícita ou automaticamente de conta) que somos a favor porque 'contra', ao que parece, só as tais "habituais vozes", a saber, como disse, as d "o PCP e [d] o BE".
É, desde logo, seguramente, "um dado a reter" como agora se diz...
Diz, com efeito, a Dra. Teresa: "Que me lembre, não ouvi ninguém do PSD tomar posição pública sobre a ci(u)meira da NATO ou sobre este (*) compromisso do governo português..."
Ai a Dra. não ouviu?
Então não deve mesmo haver: está demonstrado: não ouviu, não há!
Então não deve mesmo haver: está demonstrado: não ouviu, não há!
Está visto: não ouvindo a Dra. Teresa o PSD (terá ouvido alguém das tais "habituais vozes"?
Mas também, bem vistas as coisas, para quê, não é? São as "vozes habituais", está tudo dito.
A gente já sabe de antemão o que vão dizer, não é?
Para quê ouvi-las, então?); mas, dizia eu, está visto que, calado o PSD ou não o tendo, pelo menos "ouvido" a Dra. Teresa; tendo "o PS" falado pela boca do governo (onde a parte da cidadania que lhe "cabe" ou que lhe "pertence" estará tranquilamente dissolvida) que resta, pois?
Pessoas?
Não!
Opiniões individuais, autóniomas, independentes?
Ná!
"Vozes habituais"!
Claro!
Claro!
Ah! E já me esquecia: há, também (diz, pelo menos, a Dra. Teresa) a "esquerda conservadora" (?) cujas "tiradas nacionalistas" (??) lhe são, ao que parece--a ela, não a nós, que não conhecemos tal bizarríssima entidade!--(tristemente?) familiares.
Ora, como (lá está!) tirando a Dra. Teresa, poucos saberão que raio será isso de "esquerda conservadora" que se dedica a debitar "tiradas" e ainda por cima "nacionalistas", o melhor é esquecer essa parte da história e concluir, então, que tirando o PSD que se calou (pois...); o PS que "falou" (e fala!) pela boca do "dono" e as "vozes habituais", que mais fica?
Nada, claro!
Logo...
...Logo, temos todos de achar (estamos todos naturalmente condenados a achar...) "maravilha fatal da nossa idade" esse princípio "eurológico" que (defende a Dra. Teresa) assenta na ideia de que "retirar apressadamente do congelador" um bloco militar(ista) sugador de preciosos capitais públicos, entrado em desuso com o fim da Guerra Fria, é afinal uma política de radioso ecumenismo que se opõe saudavelmente aos "silêncios e ambiguidades" em matéria de... "geoporrada bravia"...
Não se sabe em tudo isto que mais... admirar: se a cega obstinação de uma "eurologia" que teima em não perceber que, se não há hoje-por-hoje, para o bem e para o mal, "Europa" é, em larguíssima medida, (im) precisamente porque ninguém (dos que, como a Dra. Teresa literalmente a veneram e acham que não é, em última análise, possível... "haver mundo" sem ela) se deu ao trabalho de explicá-la às multidões de europeus para os quais ela surge, sempre, por isso mesmo, no limite (com ou sem fundamento substantivo, essa é outra questão) como uma imposição e uma violência escandalosamente invasivas e antidemocráticas; se este estranhíssimo exumar de um velho espantalho militarista mais ou menos neo-clausewitzeano, usado (ou, na melhor das hipóteses, susceptível de, uma vez, reexumado vir de forma maciça a sê-lo) precisamente para impor, lá onde de outro modo, é difícil chegar (Afeganistões e por adiante) essa mesma "união" e, no fundo, essa mesma "selectiva e vigorosa" «democracia» que, do lado de cá, especialmente no primeiro caso, é evidente que as pessoas se recusam a aceitar ou a acolher sem reserva, indignação e até luta.
A tal que vê no rearmamento uma "solução" geopolítica ideal--a mesma que só faz referendos quando tem a certeza de que vai mesmo ganhar...
Pois...
E depois admiram-se...
[Imagem extraída com a devida vénia de antropocoiso.weblog,com.pt]
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