quarta-feira, 3 de setembro de 2008

"Uma curiosidade apenas?..."

De repente, apercebi-me de algo em que nunca tinha conscientemente pensado: que todos os "grandes portugueses", as figuras tutelares da portugalidade (tirando o próprio Deus que nasceu, como se sabe, em Borba e não em Fátima, como muitas vezes, porém, se ensina na Catequese); todos os Grandes Portugueses, dizia, desde D. Sebastião, têm nomes começados por "S". Poderíamos mesmo dizer, cunhando uma variante nacionalóide do velho aforismo "Quanto mais prima, mais se lhe arrima" que "Quanto mais providencial, mais "S"...

Ou quando menos se espera, lá "sai S!" debaixo de uma pedra ou de um pântano ou lago qualquer...
Uma vantagem desta aparentemente ininterrupta cascata onomástica mais ou menos mística, mais ou menos iniciática (cá para mim, isto é Deus ou algum amigo Dele a querer dizer-nos qualquer coisa só que não sei se é bom se é, pelo contrário, horroroso o que Ele pretende que saibamos por esta via críptica tão difícil de entender...); a vantagem disto, dizia, é que, por exemplo, alguém que foi miudo na década de vinte ou trinta e como castigo do bom comportamente recebeu um cinto com o "S" da Mocidade, já não precisa de deitá-lo fora nem escondê-lo (como eu fiz com os dois capacetes da Legião que comprei na Feira da Ladra e que fazem com que toda a maltinha que vem cá a casa me pergunte, piscando-me o olho: Com que então, foste da Bufa, ham?... Meu sacana...).

Não! Agora, é só pô-lo e dizer: "Isto é uma coisa que mandei fazer de propósito para homenagear esse grande português e génio político, grande socialista, que foi (e, às vezes, quando o tiram do congelador ainda é!) o Dr. Mário Soares!".

Ou: "Tal-tal-tal-tal, coisa-e-coisa, para homenagear esse grande filantropo e modernizador do socialismo que é o Grande Sócrates, o Iluminado!"

E por aí fora. Cavaco Silva. Outro exemplo de bonito-homem-com-esse (não há manequim da Rua dos Fanqueiros à dos bacalhoeiros que não tente em vão copiar-lhe o porte aristocrático, a expressão inteligente, o sorriso cativante que nos desarma e remete para uma caricatura de Cary Grant feita pelo Stuart, depious de um garrafão de tinto do Cartaxo, essa grande metrópole ribatejana...
Assim conseguimos duas coisas, igualmente valiosas: poupar na "rupinha" e dar, na passada uma oportuna graxa a um Figurão que nunca se sabe quando/se nos poderá vir a ser muito útil. Olhem, por exemplo, quando a gente quiser marcar uma consulta por causa de um AVC que nos deu no mês passado e só no-la marcarem para o ano seguinte. Nesse caso, a gente põe o cinto, vai lá onde o gajo estiver, mostra-lho assim como quem não quer a coisa (esbarriga-se, empinando, ao mesmo tempo, graciosamente, o bandulho para o gajo ver bem) e vai-se dizendo: "Excelência! Que grande devoto o senhr tem em mim! Ah! Já agora: se me pudesse dar uma palvrinha no posto dos Olivais, à menina que marca as cinsultas, para os tipos me observarem até ao Verão..." E ele (reparando no cinto): "Vai em paz, meu filho! Em verdade te digo que antes de Setembro serás visto por discípulo meu!...

Então? Não é bom?

É a "bênção dos esses" (como a das pastas) a que muitos (por pura maldade!...) se obstinam em chamar "a MALDIÇÃO dos esses"... Mas esses, como digo, não contam porque são é invejosos e lêem (diz o Sr. padre Segismundo) jornais com retratos do Carvalho da Silva e do Lenine. Agora, para nos culminar quis a padroeira (ninguém me tira da cabeça que foi Ela!) brindar a sua Pátria (padroeira é dali de ao pé de Setúbal, de Pegões) brindar-nos com um ministro com DOIS esses! Não um: DOIS! É o ministro "SS": Santos Silva, uma joia de pessoa e grande democrata que só pode ter vindo ao mundo para nos salvar. Para salvar o País dos professores, esses grandes satanazes que fazem tudo para vexar e angustiar o Sr. primeoro-ministro, o delegado dos esses na terra. Maus!
Outro Silva/outro "esse"/outro grande democrata a quem a Pátria e a Kultura tanto devem!
ou
Outro Silva/Outro "esse" que a Pátria não merece?...

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